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Mercado de seguros projeta um 2016 mais desafiador

O resultado financeiro crescerá menos, obrigando as companhias do setor a serem mais competitivas em preço, mesmo sacrificando um pouco as margens


	Seguros: O resultado financeiro crescerá menos, obrigando as companhias a terem preços mais competitivos
 (Divulgação/EXAME.com)

Seguros: O resultado financeiro crescerá menos, obrigando as companhias a terem preços mais competitivos (Divulgação/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 3 de janeiro de 2016 às 08h43.

São Paulo - O mercado de seguros projeta um 2016 mais desafiador do lado operacional, com aumento da sinistralidade como reflexo da crise no país, mas ainda assim espera sustentar expansão de prêmios de dois dígitos no próximo ano.

Haverá, de qualquer forma, uma desaceleração desses prêmios e o resultado financeiro crescerá de modo mais contido, obrigando as companhias do setor a serem mais competitivas em preço, mesmo que essa postura signifique sacrificar um pouco as margens do segmento.

Depois de sentir a crise de modo mais forte no terceiro trimestre, o mercado de seguros revisou suas expectativas para 2015 e também prevê menor avanço neste 2016.

Espera alta de 11% nos prêmios emitidos em 2015, contra cerca de 12% estimados no final de 2014 pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). No próximo exercício, o crescimento deve ficar em 10,3%, segundo a entidade.

"Teremos um crescimento um pouco mais modesto, mas o Brasil ainda tem espaço para crescer em seguros", avalia o superintendente da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Roberto Westenberger, em entrevista ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.

Um dos responsáveis pela desaceleração mais rápida do setor, conforme demonstram as projeções da CNseg, é o ramo de saúde complementar.

O setor deve crescer 11,4% em 2016, contra projeção de avanço de 13,2% para este ano. Marcio Coriolano, presidente da Bradesco Saúde e da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), explica que a crise econômica e também a Lava Jato, que resultou em várias demissões nas empresas envolvidas, afetam diretamente o setor, que ainda assim mostra "resiliência" pelo fato de o plano de saúde ser um dos últimos itens a entrar na lista de ajuste das famílias.

O segmento também será afetado, conforme Coriolano, em termos de sinistralidade, uma vez que as pessoas que engordam a lista do desemprego tendem a utilizar mais o plano.

Gabriel Portella, presidente da SulAmérica, observa, porém, que o mercado está mais bem preparado sob o ponto de vista de gestão de sinistros.

"Em 2009, não estávamos preparados e o mercado também não. Agora, as empresas estão mais conscientes, o desenho dos planos mudou, os funcionários participam mais com co-participação", admite o executivo.

Já na área de seguro de automóvel, o mercado prevê leve aceleração. A CNseg espera expansão de 3,9% no próximo ano, contra expectativa de alta de 3,5% em 2015.

Como estímulo para o segmento, a despeito da queda nas vendas de automóveis, o presidente do conselho de administração da Porto Seguro e também interino da CNseg, Jayme Garfinkel, cita o seguro popular, que permite a utilização de peças usadas no conserto de carros segurados, atualmente em consulta pública.

"51,9 milhões de veículos com mais de cinco anos de uso não têm seguro. É um mercado que pode passar a ser explorado a partir do seguro popular, que deve ser realidade no ano que vem", avalia ele.

Garfinkel admite, entretanto, que a sinistralidade tende a piorar no segmento, assim como as fraudes, por conta do ambiente atual, mas não projeta um "aumento dramático".

Uma alternativa, segundo ele, são produtos securitários mais simples. Ao longo de 2015, a demanda por soluções mais econômicas já aumentou. A Ituran, que vende rastreadores acompanhados de coberturas securitárias mais simples, espera crescimento de cerca de 30% neste ano, enquanto o mercado tradicional de seguro de automóvel cresce menos de 5%.

Aquisições

O próximo ano também deve ser movimentado para o mercado de seguros sob o ponto de vista de aquisições e vendas de carteiras. Há muitas conversas em andamento que podem, já no primeiro trimestre, render negócios. Um deles é a busca da Bradesco Seguros por um parceiro internacional para formar uma joint venture na área de grandes riscos.

A alemã HDI, que vai perder o balcão do HSBC para a seguradora por conta da venda do banco inglês ao Bradesco, e a suíça Swiss Re, conforme fontes, estão entre as apostas do mercado.

Também ficou para 2016 a venda da carteira de seguro de vida em grupo do Itaú Unibanco e o que sobrou da Garantec, empresa com foco em garantia estendida.

Na área de resseguros, a gestora Vinci Partners colocou à venda o Grupo Austral, que contempla uma seguradora e uma resseguradora.

Dentre os players que negociam o ativo, conforme fontes, está a XL Group. A lista de interessados, segundo as mesmas fontes, pode incluir ainda a Swiss Re, a Ace e a Axa.

Entre as corretoras, novos negócios também podem ocorrer. Recentemente, a americana Lockton, maior corretora de capital fechado do mundo, adquiriu a brasileira VIS.

Além de aquisições, são esperados desfechos quanto ao futuro do IRB Brasil Re e da Caixa Seguridade. Ambos planejaram abrir capital na bolsa brasileira, mas tiveram seus planos interrompidos diante da deterioração da economia e consequente perda de grau de investimento por parte das agências de rating.

No caso da Caixa Seguridade, ainda é preciso negociar com os controladores franceses, a CNP Assurances. Já o IRB tem até 2018 para listar ações no âmbito do processo de desestatização que o transformou em uma empresa privada, mas antecipou os planos em meio à necessidade do governo de ajustar suas contas.

Resultado financeiro

O reforço que as seguradoras tiveram ao longo de 2015 do ponto de vista financeiro, de acordo com executivos, será mais brando no próximo ano.

Isso porque, embora as expectativas indiquem novos aumentos de juros, a intensidade menor deve limitar os ganhos. De janeiro a outubro, o resultado financeiro das seguradoras cresceu 39,5%, para cerca de R$ 56 bilhões, segundo dados da Susep.

As seguradoras são consideradas grandes investidoras por aplicarem boa parte das chamadas reservas técnicas, recursos acumulados para fazer frente às indenizações futuras, em títulos públicos.

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