Nokia: ações da Nokia valiam quase 40% mais do que as da Alcatel-Lucent antes de terça-feira (Mario Anzuoni/Reuters)
Da Redação
Publicado em 14 de abril de 2015 às 19h25.
Estocolmo - No momento em que ressurge como concorrente no setor de telecomunicações, a Nokia Oyj nunca esteve tão bem posicionada para adquirir a Alcatel-Lucent SA.
A Nokia deixou de ser uma atrapalhada fabricante de celulares e se transformou em uma empresa menor com foco nas redes wireless.
Suas ações se triplicaram em dois anos em meio ao ressurgimento.
Agora, a empresa está negociando a aquisição da Alcatel-Lucent.
As ações da Nokia valiam quase 40 por cento mais do que as da Alcatel-Lucent antes de terça-feira, quando as empresas disseram que estavam em negociações avançadas para uma fusão.
Isso faz com que uma oferta com dinheiro e ações seja viável e agregue valor aos lucros, segundo dados compilados pela Bloomberg.
E seus cofres estão inchando: a empresa finlandesa vendeu sua unidade de aparelhos à Microsoft Corp. no ano passado por cerca de US$ 7,5 bilhões, e fontes do setor dizem que a Nokia está pensando em vender a divisão de mapas, de US$ 2 bilhões.
No entanto, a Nokia terá que fazer uma oferta convincente por sua rival francesa de US$ 13 bilhões. As duas empresas já negociaram no passado, mas não chegaram a nada.
“A Nokia acha que vale X, e a Alcatel acha que vale Y”, disse Mike Walkley, analista da Canaccord Genuity Group Inc., em entrevista por telefone. “A Nokia tem um balanço forte, mas se manterá irredutível. Tudo se resumirá a se eles vão fechar a brecha da avaliação”.
Clientes
Os ativos wireless da Alcatel-Lucent dariam à Nokia redes com cerca de 1,3 bilhão de assinantes na China e contratos com as duas maiores operadoras dos EUA: a Verizon Communications Inc. e a AT&T Inc.
Mas o segmento básico de equipamentos de redes da Alcatel, que inclui sua divisão de roteamento de IP, expandiria a carteira da Nokia em um momento em que é fundamental transferir com eficiência a enorme quantidade de dados de serviços como o Netflix.
Juntas, a Verizon e a AT&T respondem por 25 por cento da receita da Alcatel-Lucent, ao passo que os principais clientes da Nokia estão na Ásia e na Europa: a China Mobile Ltd., a SoftBank Corp. e a Telefónica SA, segundo dados compilados pela Bloomberg.
A entidade fusionada se tornaria a maior fabricante de equipamentos para redes de telefonia celular do mundo, superando a Ericsson AB, da Suécia, e a Huawei Technologies Co., da China, segundo a empresa de pesquisa IDC.
Prêmio
As ações da Nokia fecharam na segunda-feira na Europa com um prêmio de 36 por cento em relação à avaliação da Alcatel-Lucent, com base nos lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização. Isso dá à Nokia muito poder de fogo para realizar uma oferta com dinheiro e ações.
Se a Nokia pagasse um prêmio hipotético de 30 por cento, metade em dinheiro e metade em ações, a transação aumentaria os lucros do ano que vem, segundo dados compilados pela Bloomberg.
Nesta terça-feira, a Alcatel deu um salto de até 18 por cento em Paris, ao passo que a Nokia recuou até 8,3 por cento na bolsa de Helsinque.