Negócios

Nestlé pode ter comprado de fazendas com trabalho escravo

A empresa pode ter comprado de fazendas que foram acusadas de manter funcionários em condições degradantes, mas ela afirma que busca rastrear seus fornecedores


	Café: Nestlé afirma que esta fazendo um esfoçro para rastrear seus fornecedores
 (Divulgação)

Café: Nestlé afirma que esta fazendo um esfoçro para rastrear seus fornecedores (Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 7 de março de 2016 às 17h20.

São Paulo - Por não saber a origem de todas suas sacas de café, a Nestlé pode ter comprado grãos de plantações que foram acusadas de trabalho em condições semelhantes à escravidão.

É o que afirma uma reportagem da DanWatch, centro de mídia e pesquisa dinamarquês, que apurou denúncias de condições de trabalho degradantes em fazendas de café no Brasil.

Segundo a pesquisa dinamarquesa, em algumas produtoras de café os trabalhadores enfrentam situações como falta de contrato trabalhista, exposição a pesticidas, trabalho infantil, falta de equipamento de proteção e acomodações sem portas, colchões ou até água potável.

A Nestlé confirmou ao DanWatch que comprou café de duas plantações das quais trabalhadores em condições análogas à escravidão foram resgatados por autoridades brasileiras no ano passado.

Café dessas fazendas vendido a subfornecedores pode acabar entrando na nossa cadeia de fornecimento”, disse a Nestlé em nota. Ela suspendeu o fornecimento “até que as investigações terminem”, disse.

Outra gigante do setor de café, a Jacobs Souwe Egberts, também pode ser esse problema por não conseguir rastrear a origem de suas matérias primas e por comprar de intermediários.

As condições vão contra tanto a legislação trabalhista brasileira quanto os códigos de ética da Nestlé e Jacobs Douwe Egberts. As duas empresas, com marcas como Nescafé, Nespesso, Dolce Gusto, Coffee-mate e Senseo, respondem a 39% do mercado global de café.

No entanto, como essas companhias não sabem o nome de todos seus fornecedores, não há como ter certeza de que as empresas não adquiriram matéria-prima de plantações na lista negra de trabalho escravo.

Outras empresas, como Starbucks e Illy, afirmaram que conseguem rastrear toda sua cadeia de fornecedores e que não teriam esse problema.

Resposta

Em nota, a Nestlé afirmou que está “muito preocupada com as graves alegações sobre potenciais situações de trabalho forçado e más condições de trabalho em algumas plantações de café no Brasil”.

A companhia está desenvolvendo um trabalho emergencial com seus principais fornecedores e trabalha para aumentar a quantidade de café comprada em conformidade com suas Diretrizes de Originação Responsável (RSG).

Acompanhe tudo sobre:CaféCommoditiesEmpresasEmpresas suíçasgestao-de-negociosNestléTrabalho escravo

Mais de Negócios

Playcenter: Cacau Show terá 100 parques da marca nos próximos anos; veja onde fica o próximo

AngloGold Ashanti, empresa de 190 anos, anuncia investimento de R$ 1,1 bilhão no Brasil

Alexandra Loras, Felipe Massa, Sig Bergamin e Álvaro Garnero são os embaixadores da Revo

Delivery e margens apertadas: franquias de alimentação faturam R$ 61,9 bi, mas custos preocupam

Mais na Exame