Não há previsão de abastecer álcool gel e máscaras, informa Raia Drogasil
Em entrevista, presidente da Raia Drogasil informou que a rede farmacêutica não vai repassar em abril o reajuste dos preços dos medicamentos
Estadão Conteúdo
Publicado em 26 de março de 2020 às 12h26.
Última atualização em 26 de março de 2020 às 23h57.
Uma das maiores redes de varejo farmacêutico do País, a Raia Drogasil (RD) montou um "plano de guerra" para atender aos consumidores e dar conta da demanda por conta do coronavírus. Marcilio Posada, presidente da RD, disse ao jornal O Estado de S. Paulo que máscaras e álcool gel sumiram das prateleiras e não há previsão de abastecimento. A rede também decidiu não repassar em abril o reajuste dos preços dos medicamentos. A seguir, os principais trechos da entrevista.
Como a rede se preparou para enfrentar o coronavírus?
Estava de férias em janeiro e passei pela Itália no final da minha viagem. Lá, vi muitos chineses de máscara tossindo. Ao chegar aqui no Brasil no fim de janeiro, a gente começou a trabalhar com um cenário de que iria ser muito difícil. Não tinha ideia do impacto, mas sabia que tínhamos de nos preparar.
O que o grupo fez?
Preparamos um plano de guerra: aumentamos nossos estoques de medicamentos isentos de prescrição (OTC, na sigla em inglês) entre o fim de janeiro e fevereiro. Geralmente, isso é feito em março. Também elevamos estoques de itens básicos, como máscaras e álcool gel. Trabalhamos com a (consultoria) McKinsey aqui e falamos com o time deles na Itália, assim como com o diretor-geral da Bayer de lá para tentarmos entender cenários nos outros países e como as farmácias daqui poderiam melhorar o atendimento.
Mas máscaras e álcool gel sumiram das farmácias…
Não temos para vender há um bom tempo. A gente preparou um estoque de segurança para ter as nossas lojas funcionando. Nossos funcionários estão usando, mas estamos correndo atrás para abastecer nossos clientes. A máscara é um item bem polêmico. Ninguém chegou à conclusão sobre o uso. Entendemos que nosso pessoal de linha de frente tem de usar. No caso do álcool gel, o uso começou a explodir em fevereiro. O fornecimento ao cliente deve se normalizar nos próximos 30 a 60 dias. O de máscara é mais difícil.
Quais são os medicamentos mais procurados?
A grande busca para passar por essa pandemia foram por medicamentos clássicos de uma gripe forte, problemas asmáticos e vitaminas C.
As indústrias estão preparadas para fornecer esses produtos?
A indústria está respondendo muito bem. Se acaba um dia, temos entrega no outro. A dificuldade é álcool gel e máscara.
Como ficaram as vendas do medicamentos de hidroxicloroquina (para lúpus)?
Quando começou o boato de que esses medicamentos poderiam ajudar (no tratamento do coronavírus) e, realmente podem, muitas pessoas começaram a correr atrás. Ligamos para a secretaria de Saúde do Estado de São Paulo e doamos nosso estoque para eles. Nas redes, vendas só com receita controlada.
A demanda por todos tipos de medicamentos cresceu muito?
Não abrimos esses dados. Houve uma corrida por certos medicamentos e uma explosão de demanda no online. Estamos trabalhando para melhorar esse canal.
O governo quer que as farmácias se tornem postos oficiais de vacinação. A RD está preparada?
A RD já começa na semana que vem. O governo falou que será a partir do dia 13 de abril, mas estamos tentando antecipar. Outras redes também vão fazer o mesmo.
E as vacinas privadas?
A RD fazia a aplicação da vacina privada, mas os estoques acabaram. Agora, a prioridade é a pública. Teremos 150 lojas preparadas em São Paulo.
E as contratações na rede Raia Drogasil aumentaram?
Contratamos 2 mil pessoas desde a crise para atender os clientes na crise. Temos um plano agressivo de expansão de abertura de 20 lojas por mês. Neste mês, teremos redução. Para o ano, a previsão são 240 lojas novas, a mesma abertura da do ano passado.
O que o sr. prevê daqui para frente?
Nós nos preparamos para crise desde janeiro e estamos trabalhando como loucos. No fim deste mês, tem o reajuste de preços de medicamentos. Decidimos que não vamos reajustar os preços no mês de abril.
Como o sr. vê a questão sobre confinamento?
A gente não se posiciona. Acho que é uma crise séria e está atingindo boa parte população, sobretudo idosa. E isso está estrangulando o sistema de saúde. Estamos fazendo de tudo para ajudar o governo. Acho que o governo do Estado de São Paulo se posicionou bem. Temos de ajudar.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.