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Murilo Ferreira deixa o comando da Vale

Ele fica no cargo até 26 de maio, quando expira seu contrato com a empresa

Murilo Ferreira: seis anos no comando da maior mineradora do país (Germano Lüders/Site Exame)

Murilo Ferreira: seis anos no comando da maior mineradora do país (Germano Lüders/Site Exame)

Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 24 de fevereiro de 2017 às 10h18.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 11h20.

São Paulo – Na manhã de hoje a Vale comunicou ao mercado a saída de Murilo Ferreira, presidente da companhia desde maio de 2011. Ele fica no cargo até 26 de maio, quando expira seu contrato com a empresa.

No comunicado, a Vale ressalta que o executivo esteve à frente da mineradora “durante um período de muita turbulência na indústria da mineração mundial e enfrentou alguns dos momentos mais difíceis da história da empresa”.

“Em sua gestão, a Vale se tornou uma empresa mais enxuta e mais ágil, aumentando significativamente sua competitividade operacional e mantendo um nível de endividamento saudável”, disse a mineradora no comunicado.

Os papéis preferenciais da companhia registravam queda de 3,32% e os ordinários de 2,95% nesta manhã. 

Em 2015, o contrato de Murilo foi renovado para mais dois anos, bem como o de Luciano Siani Pires, diretor financeiro da empresa. Na época, o presidente da Vale ocupava também a presidência do conselho da Petrobras, cargo que deixou em novembro daquele ano. 

A especulação sobre a sua saída da mineradora ganhou força em outubro deste ano. A decisão já teria sido tomada pelo governo, que está no bloco de controle por meio da BNDESPar e Previ. O Bradesco, outro sócio relevante, já teria sido avisado desde então.

Em junho, o presidente Michel Temer, ainda como interino, teria voltado atrás com a ideia de fazer uma mudança no comando da Vale, por medo de passar a impressão de que estava aparelhando uma empresa privada.

Em março de 2011, o governo Dilma forçou a saída de Roger Agnelli do comando da companhia, iniciativa muito criticada pelos investidores, para que Murilo assumisse em seu lugar.

Agnelli, um dos executivos mais respeitados do país, que morreu em um acidente de helicóptero em março de 2015.

Ao mesmo tempo

Murilo esteve na presidência da Vale por seis anos e, ao mesmo tempo, no conselho da presidência da Petrobras por sete meses – período tão histórico quanto complicado para as duas maiores empresas do país.

Na Petrobras ele entrou no lugar de Guido Mantega, quando as investigações da operação Lava Jato começaram a complicar ainda mais a situação da companhia.

Além da pressão operacional, com a queda do preço mundial de petróleo e a valorização do dólar, a companhia sofria com o descrédito do mercado e adiava a divulgação de um balanço de contas não auditado.

A queda mundial de preço de commoditie com reflexos ainda mais severos em países emergentes como Brasil e China, também complicavam a situação da Vale.

A mineradora teve de fazer uma série de ajustes na operação, um severo plano de redução de custos e desinvestimentos, que resultaram na venda de diversos ativos.

Na teleconferência de ontem da Vale, Murilo havia dito que “uma nota etapa começaria na companhia a partir de agora”.

De acordo com ele, muito dinheiro foi gasto pelas empresas no passado com projetos que não apresentaram resultado e hoje o foco da empresa, com muito mais disciplina de custo e foco, é ser uma das maiores pagadoras de dividendos do país.

“Não queremos desviar dessa disciplina daqui para frente”, afirmou ele aos analistas.

Murilo deixa a Vale com o registro de um lucro de 1,6 bilhão de reais nos últimos três meses de 2016 – no quarto trimestre de 2015, o prejuízo acumulado era de 33,2 bilhões de reais, pior resultado desde a privatização da empresa, em 1997.

Ele também deixa no ar espaço para novas especulações. Agora, sobre quem assumirá o comando da mineradora em seu lugar.

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