Motos elétricas: empresa constrói fábrica em Manaus e prevê faturamento de R$ 69 milhões
A Boram, criada por empreendedores manauaras, faturou R$ 13 milhões com importação direta do mercado chinês. Em busca de expansão, investiu em fábrica na Zona Franca e montagem nacional das motocicletas
Repórter de Negócios
Publicado em 20 de abril de 2023 às 08h01.
No momento em que você lê essa matéria as peças das motos elétricas da Boram Eletric Motors cruzam os mares em direção à Zona França de Manaus, no Amazonas. Elas serão usadas para a primeira leva de 300 motocicletas que serão montadas na fábrica da empresa, prevista para ser inaugurada em julho deste ano.
A unidade já consumiu mais de 10 milhões em investimentos, valor dividido entre a estrutura fabril e a compra dos materiais para produção dos primeiros meses. O negócio nasceu em 2019 na capital amazônica pelas mãos dos empreendedores e irmãos Thiago e Hélio Freire como importação.
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Entre as vindas e vindas da China, país de onde trazia os produtos variados como eletroeletrônicos, computadores, painéis solares e equipamentos de construção para o mercado brasileiro a partir da sua trade, a Freire Import, Thiago enxergou nas motos elétricas um potencial de negócio em meio à cruzada global por veículos sustentáveis.
Com um fabricante local asiático, fechou uma primeira compra de 10 unidades – e vendeu.O irmão, profissional de TI e também conhecedor do ecossistema da Zona Franca, entrou no negócio e juntos investiram 7 milhões de reais.Ao longo dos últimos anos, os dois comercializaram mais de 1200 veículos em três estados da região norte: Amazonas, Rondônia e de Roraima, locais onde contam com 9 lojas, entre conceito e convencionais.
Quanto a Boram tem faturado
No último ano, a empresa faturou R$ 13 milhões oferecendo os cinco modelos do portfólio. Entre eles, scooter, moto cross e patinetes, com preços que ficam entre R$14.750,00, da scooter, e R$ 19.900,00, da new choper. A receita corresponde a uma taxa de crescimento de 225% em relação ao resultado obtido no ano anterior: 4 milhões.
A abertura da fábrica marca o novo momento do negócio em busca de uma expansão nacional. Com a montagem local e o uso de parte de componentes adquiridos de fornecedores nacionais, a operação terá uma redução “significativa de alguns impostos”, afirma Freire. Atualmente, caso queira vender para outros estados como São Paulo, a Boram tem que pagar o equivalente a 30%, 40% em tributos, por exemplo, o que afeta a competitividade.
“Eu não consigo repassar esse percentual para o cliente final. Fabricando aqui, eu terei a mesma condição de preços em todos os estados. Além disso, pelo ganho de escala em volume, devemos conseguir baixar em torno de 10% a 15% do valor final”, afirma Thiago. A fábrica terá a capacidade operacional de produzir até 2 mil unidades por mês.
Quais as estratégias para crescer no mercado nacional
O caminho escolhido pela Boram se espelha em outras montadoras que estão instaladas na Zona Franca de Manaus. A área industrial, criada para fomentar o crescimento dos negócios na região norte, é a casa de fabricantes como Yamaha, Honda, BMW e das concorrentes no mercado de motos elétricas Watts, adquirida pela Multilaser, e Voltz, investida da Creditas e do Grupo Ultra.
Com a fábrica em produção e o aumento de volume, o passo seguinte é o lançamento do e-commerce para oferecer os produtos nacionalmente. A empresa já fechou um depósito em Valinhos, em São Paulo, que funcionará como um centro de distribuição. Em paralelo, Thiago conta que já negocia com varejistas nacionais a comercialização das motocicletas.
As conversas, segundo o executivo, são animadoras e projetam um ritmo de crescimento acelerado.A Boram estima um faturamento no ano de 69 milhões de reais, resultado 431% maior do que o registrado em 2022.“Nós ouvimos as intenções de compra de varejistas dizendo que irão comprar e que querem volume e entendemos que haverá uma grande demanda no segundo semestre”, afirma.
Outro pé da estratégia da empresa é a criação de lojas conceitos. Hoje são três, mas a expectativa é de que o número chegue a 25 até o ano de 2027. Os espaços têm a proposta de posicionar o branding da marca e suprir os revendedores autorizados com informações e produtos.
Desde que iniciou neste mercado, a Boram percebeu uma mudança no perfil de público que compra as motocicletas: de um grupo mais A e B, que usa como uma opção alternativa, para pessoas que têm no produto o principal modal para a locomoção ao trabalho e aos estudos. Até por isso, tem procurado oferecer modelos com maiores autonomia de bateria e velocidades. Agora, é o momento de explorar esse conhecimento com um novo público.