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Motoristas do Uber e Lyft discriminam negros nos EUA, diz estudo

Pesquisadores analisaram 1.500 corridas nas cidades de Seattle e Boston, para medir tempo de espera, taxa de rejeição e cancelamento das corridas

Uber: pesquisadores mediram espera e taxa de rejeição entre passageiros brancos e negros (Robert Galbraith/ Reuters)

Karin Salomão

Publicado em 3 de novembro de 2016 às 15h44.

Última atualização em 3 de novembro de 2016 às 17h30.

São Paulo – Pessoas negras esperam muito mais para serem atendidas em serviços como Uber e Lyft e têm mais chances de terem sua viagem cancelada.

Historicamente, passageiros negros já enfrentavam discriminação nos meios de transportes tradicionais. As novas tecnologias, ao invés de ajudarem a consertar essas questões, reproduzem o preconceito que ainda existe, descobriu uma pesquisa .

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Ao invés de ser ignorada ao fazer sinal para um táxi na rua, uma pessoa negra agora é recusada com apenas um toque na tela de um smartphone, afirma o estudo, feito por pesquisadores do MIT (Massachusetts Institute of Technology) e das Universidades de Stanford e Washington.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores pediram a voluntários que fizessem cerca de 1.500 corridas nas cidades de Seattle e Boston, para medir tempo de espera, taxa de rejeição, cancelamento das corridas e o tempo e trajeto da viagem.

A única diferença era o nome dos passageiros: enquanto alguns tinham nomes considerados como sendo de etnias brancas, outros soavam como nomes de etnias de afrodescendentes.

Em Seattle, os passageiros negros esperaram 35% a mais até que os seus pedidos para uma viagem por esses aplicativos fossem aceitos. Em Boston, os afro-americanos tiveram suas viagens canceladas três vezes mais que os participantes brancos ao usar o Uber.

No caso do Lyft, não houve diferença em relação ao cancelamento dos pedidos. Como as informações dos passageiros estão disponíveis antes que o motorista aceite a viagem, a pesquisa acredita que qualquer discriminação acontece nesse ponto. No entanto, pessoas com nomes relacionados a afro-americanos esperam muito mais antes de conseguir um motorista.

A pesquisa enfatizou que as decisões discriminatórias eram feitas pelos motoristas, e não pela companhia ou aplicativo em si.

O fator que leva a esse tipo de preconceito são o nome e a foto dos passageiros, que são exibidos para os motoristas antes de aceitarem uma viagem. Os pesquisadores, então, sugerem que esse tipo de informação seja ocultado até que a viagem seja aceita.

Outro lado

O estudo citou algumas pesquisas feitas pelo Uber, indicando que o UberX oferecia tempos de espera menor e taxas mais baixas do que táxis comuns em regiões mais pobres de Los Angeles.

Outro estudo afirmou que os tempos de espera para um UberX eram mais baixos que táxis em regiões de Seattle com média salariam mais baixa e maior concentração de minorias raciais.

Em nota enviada à Exame.com, Rachel Holt, presidente das operações na América do Norte, afirmou que “aplicativos de compartilhamento de carona estão mudando o status quo, que tem sido desigual por gerações, fazendo com que seja mais acessível para pessoas viajarem, não importa quem eles sejam e onde moram”.

“Discriminação não tem espaço na sociedade e não tem espaço no Uber. Nós acreditamos que o Uber está ajudando a diminuir as desigualdades de transporte, mas estudos como esse nos ajudam a pensar como podemos fazer ainda mais”, ela disse.

A empresa ainda informou que o nome do usuário e seu destino final só são visíveis depois que o motorista aceita a corrida e que, caso a discriminação for comprovada, ele é excluído permanentemente do serviço por violação dos termos de uso.

Ao site Mashable, Adrian Durbin, porta-voz do Lyft, afirmou que “estamos extremamente orgulhosos do impacto positivo da nossa empresa nas comunidades de pessoas de cor. Por causa do Lyft, pessoas em áreas historicamente negligenciadas por taxistas hoje têm acesso a transporte acessível e conveniente”.

“Nós oferecemos esse serviço ao manter uma comunidade inclusiva e acolhedora e não toleramos qualquer forma de discriminação”, disse ele.

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