Morre presidente da Aurora Alimentos, gigante de R$ 11 bilhões
Um dos mais discretos presidentes do grupo de 100 maiores empresas do Brasil, Mário Lanznaster presidia a Aurora Alimentos, que faturou R$ 11 bi em 2019
Karin Salomão
Publicado em 18 de outubro de 2020 às 09h57.
Última atualização em 20 de outubro de 2020 às 13h33.
Mário Lanznaster, presidente da cooperativa Aurora Alimentos , morreu em Chapecó, SC. Ele vivia um delicado quadro de saúde desde 2018 em razão de um tumor no fígado. Apesar da doença, Lanznaster trabalhou normalmente até o último dia 11, quando foi internado para nova assistência médico-hospitalar.
Um dos mais discretos e menos conhecidos presidentes do grupo de 100 maiores empresas do Brasil, Mário Lanznaster presidia a Aurora Alimentos desde 2007 e estava em seu quarto mandato. Antes, presidiu a Cooperativa Agroindustrial Alfa de 1997 a 2009. Por dois anos, de 2007 a 2009, exerceu simultaneamente as presidências da Aurora e da Alfa.
Lanznaster era catarinense, nasceu em 30 de junho de 1940 no município de Presidente Getúlio. Casou-se com Edirce com quem teve quatro filhos: Márcia, Fabiano, Fernando e Juliana.As honras fúnebres serão prestadas no Ginásio de Esportes da unidade Frigorífico Aurora Chapecó II (FACH II), à Rua Antônio Morandini, no Bairro SAIC, em Chapecó, a partir das 12 horas deste domingo (18/19).
Lanznaster é o segundo filho mais velho de uma família de 15 irmãos de Presidente Getúlio, em Santa Catarina, que vivia da plantação de fumo.Lanznaster decidiu que esse não era o futuro que ele queria. Passou alguns anos como seminarista, foi convocado para servir no Exército, mas acabou se tornando o primeiro membro da família de origem ítalo-austríaca a cursar o ensino superior, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. As habilidades de datilografia, herança dos tempos do seminário, ajudaram-no a pagar as contas durante a faculdade.
Em 1968, ele foi contratado para prestar assistência rural em uma cooperativa de suinocultura de Chapecó, no oeste catarinense. Ali nascia a base do que viria a ser o terceiro maior conglomerado industrial do setor de carnes do Brasil: a Aurora Alimentos.
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Aurora, empresa de 65 mil famílias
Terceira maior produtora de aves e suínos do Brasil, atrás apenas da BRF e da JBS, dona da Seara,a Aurora faturou valor recorde no ano passado, inéditos 10,9 bilhões de reais. Fundada em 1969, reúne 11 cooperativas, emprega mais de 29 000 pessoas diretamente e tem 65 000 famílias rurais cooperadas. Lanznaster, há 12 anos no cargo, é apenas o terceiro presidente da história da companhia. No total, a companhia fabrica mais de 800 produtos, entre eles cortes de carne, lasanhas e iogurtes.
Assim como suas concorrentes JBS e BRF, a Aurora tem na exportação uma das principais fontes de receita. Atualmente, exporta para mais de 60 países e a unidade de Chapecó é a única do Brasil habilitada a embarcar carne in natura para o exigente mercado dos Estados Unidos.
O frigorífico Aurora é um dos mais reluzentes exemplos de uma organização societária em alta no Brasil e no mundo: o cooperativismo. A lógica é semelhante em qualquer lugar: uma união de pessoas para ganho de escala e competitividade, na compra de insumos de forma conjunta, acesso a diferentes tecnologias e venda em volumes maiores. Todos são sócios do negócio e definem juntos os gestores. Esse sistema econômico sustenta uma parcela importante da economia brasileira.
Desde 2010, o número de pessoas que aderiram ao modelo no país cresceu 62%, segundo dados da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Ao final do ano passado, o setor contabilizou uma receita de 260 bilhões de reais e 14,6 milhões de cooperados. O cooperativismo foi responsável por 100% das exportações de 36 municípios brasileiros.