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Montadoras: melhora, se vier, só em 2017

O início do governo provisório de Michel Temer foi recebido com otimismo – e cautela – pelo setor automotivo. Com vendas 28% menores nos primeiros quatro meses deste ano em relação ao mesmo período de 2015, o setor espera que o novo posicionamento econômico ajude a tirar as montadoras do fundo do poço. Com uma […]

MONTADORA:  / Germano Lüders

MONTADORA: / Germano Lüders

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Da Redação

Publicado em 26 de maio de 2016 às 16h48.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 17h56.

O início do governo provisório de Michel Temer foi recebido com otimismo – e cautela – pelo setor automotivo. Com vendas 28% menores nos primeiros quatro meses deste ano em relação ao mesmo período de 2015, o setor espera que o novo posicionamento econômico ajude a tirar as montadoras do fundo do poço. Com uma capacidade ociosa de 50%, a indústria voltou a patamares de 2005.

Segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale, ainda é cedo para prever como as mudanças no governo impactarão na venda de veículos. Mas o otimismo é evidente. A associação já dava 2016 como um ano perdido e agora acredita que os últimos meses podem começar a sinalizar uma retomada nas vendas.

Para a Anfavea um dos pontos principais apresentados pela nova gestão é a questão do avanço na área de comércio exterior. “As exportações têm sido fundamentais para reduzir a capacidade ociosa no país. A nova equipe já afirmou que quer fechar mais contratos bilaterais e buscar novas parcerias”, diz Megale. “Não estamos contando com nenhum incentivo, como redução de IPI, pois sabemos que o momento é de cortes severos.”

Na avaliação de Valdner Papa, consultor do setor automotivo e professor das faculdades Dom Cabral e ESPM, a mudança do governo pode resultar em uma previsibilidade fundamental para o setor. Afinal de contas, as montadoras trabalham sempre no longo prazo. Por exemplo, em 2012 a Anfavea previa um mercado nacional de 5 milhões de unidades para 2017 – o que é impossível, já que este ano o mercado vai ficar abaixo dos três milhões neste ano.

Para atender as previsões mágicas, as montadoras investiram e ampliaram a capacidade, que agora está ociosa. “As previsões não se concretizaram. Vivemos em um cenário instável nos últimos anos e isso comprometeu a indústria”, diz Papa.Essa queda é esperada num momento de falta de confiança dos consumidores. O desemprego aumentou, o poder de compra caiu, a inflação subiu. Enquanto essa equação não mudar, não terá mágica.

O ajuste fiscal é uma medida que pode estimular os consumidores a voltar às concessionárias, já que o setor é extremamente dependente de crédito. E, no cenário atual, os bancos estão segurando o crédito e fazendo uma seleção rigorosa de seus clientes. “Com os ajustes deve haver uma recuperação gradativa do emprego e uma consequente baixa na inadimplência, o que deixaria as instituições financeiras mais maleáveis e o crédito voltaria a girar”, afirma Papa. Outra tendência do novo governo apontada como positiva para o setor automotivo é a reforma trabalhista, que pode facilitar adequar a capacidade da fábrica às demandas do mercado.

No melhor cenário, quando vem a mudança? O segmento de caminhões deve ser o primeiro a sentir uma melhora, já que vai ser diretamente impacto por uma volta da atividade econômica de fábricas, lojas, alimentos. O de carros depende dessa melhora no emprego e nas condições de crédito. No frigir do ovos, a alta pode chegar a 5% ano que vem, segundo analistas ouvidos por EXAME Hoje. Para isso, claro, o novo governo precisa sair da teoria para a prática. “Até agora temos nomeações e discursos. Precisamos esperar para ver se essa equipe terá poder de fogo”, diz Letícia Costa, sócia da Prada Consultoria.

(Michele Loureiro)

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