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Montadoras cortam 4.100 vagas na pandemia e projetam mais demissões

Responsável por mais de 20% do PIB industrial, o setor não tem conseguido mitigar a forte queda da demanda

Linha de produção de automóveis: excesso de mão de obra no setor (Germano Lüders/Exame)

Linha de produção de automóveis: excesso de mão de obra no setor (Germano Lüders/Exame)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 4 de setembro de 2020 às 12h25.

Os efeitos nocivos do novo coronavírus vêm afetando profundamente o emprego no setor automotivo, responsável por mais de 20% do PIB industrial. Desde o início da pandemia, as montadoras já cortaram cerca de 4.100 vagas, chegando ao final de agosto com 121.900 funcionários diretos, e as demissões não devem parar por aí.

"Projetamos uma queda substancial do mercado neste ano e a retomada indica que vai ser lenta. Embora as empresas estejam tomando todas as medidas necessárias para evitar demissões, entendemos que será inevitável enxugar o excesso de mão de obra no setor", afirmou Luiz Carlos de Moraes, presidente da Anfavea, associação que reúne as montadoras.

O dirigente reforça que, desde meados de abril, as empresas vêm adotando medidas como banco de horas, férias coletivas, redução da jornada (no âmbito da Medida Provisória 936), suspensão temporária do contrato de trabalho e lay-off para mitigar os efeitos da crise, mas ainda assim o problema persiste. "É muito provável que o setor enfrente uma redução do quadro de funcionários no futuro próximo."

Os cortes acontecem diante da lenta retomada da indústria. Em agosto, a produção de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus atingiu 210.900 unidades, alta de 23,6% sobre julho. Na comparação anual, entretanto, houve queda de 21,8%. No acumulado do ano, a retração é de 44,8%, para 1,11 milhão de veículos.

Os licenciamentos de veículos recuaram 35% até agosto, conforme balanço da entidade, para 1,16 milhão de unidades.

Segundo a Anfavea, no início do ano a indústria estava preparada para produzir cerca de 3 milhões de unidades. Com a pandemia, a retomada não tem sido suficiente para equalizar a situação do emprego. "Mesmo que o setor registre crescimento em 2021, não deve ser suficiente para preencher essa capacidade", diz Moraes.

Exportações

De janeiro a agosto, as exportações recuaram 41,3%, para 176.700 unidades. Além da pandemia, a crise econômica no maior mercado consumidor dos veículos brasileiros, a Argentina, continua impactando o segmento. Segundo a Anfavea, os embarques para o país vizinho recuaram 44% no acumulado do ano.

"Todos os mercados da América Latina estão demorando para apresentar recuperação, registramos quedas de maneira geral", afirma Moraes.

Ele garante que as empresas estão adequando os estoques de peças e veículos, ainda que o horizonte não esteja muito claro. "Já estamos conseguindo ao menos superar o fundo do poço."

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