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Mineira Stoque, de automação de processos, compra startup "Lego tech" para chegar a R$ 125 milhões

A Stoque tem como meta faturar R$ 250 milhões em 2027 e pretende usar a estratégia de aquisição para crescer e ganhar mercado

Thiago Assis, da Stoque: vamos investir R$ 20 milhões para fortalecer o crescimento orgânico (Stoque/Divulgação)

Thiago Assis, da Stoque: vamos investir R$ 20 milhões para fortalecer o crescimento orgânico (Stoque/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 19 de dezembro de 2023 às 09h21.

Última atualização em 19 de dezembro de 2023 às 10h58.

A Stoque, empresa de automação para processos e digitalização de documentos de Minas Gerais, está avançando na construção da tese iniciada em 2019, quando foi comprada pela Kinase Investments. O novo capítulo é introduzir mais camadas de tecnologia para acelerar a gestão digital de documentos em novas frentes.      

Após um namoro de três anos, a mineira adquiriu a Zeev, uma plataforma de low-code de São Paulo. Essa tecnologia funciona como uma espécie de lego e permite que os clientes façam os encaixes tecnológicos. 

Os modelos podem ser usados na construção de softwares, aplicativos e outras ferramentas de gestão, a partir de poucos cliques e movimentos de mouse. Aos clientes, o sistema dá agilidade e diminui a necessidade de profissionais de desenvolvimento, um perfil escasso no mercado global. 

“Esse foi um processo que se deu muito como parte dessa estratégia de aumentar a nossa presença no mercado de automação inteligente e de avançar com a nossa unidade de produtos digitais”, afirma Thiago Assis, fundador da Kinase Investments e CEO da Stoque desde a compra em 2019 por R$ 74 milhões.

A Kinase é fundo de busca (search fund), uma modalidade ainda incipiente no Brasil. É uma estrutura em que um time ou profissional capta recursos com investidores para a compra de um negócio com potencial de crescimento.

Feita a aquisição, o "searcher" assume a liderança da empresa e implementa a nova tese, procurando potencializar os resultados. Obtidos os ganhos esperados, o próximo passo, geralmente, é a venda do ativo.

Qual é o tamanho da nova empresa

A integração dos dois negócios cria uma empresa com 450 funcionários e aproximadamente 500 clientes, como Banco Bmg, TIM, JHSF, Unimed e Sympla. Para 2024, a expectativa é de que a nova estrutura alcance uma receita de R$ 125 milhões.

A projeção combina os benefícios estimados com a integração entre as tecnologias e ampliação dos mercados atendidos. A Stoque cresceu vendendo os serviços para grandes bancos e fintechs, empresas de educação e da indústria gráfica; ao passo que a paulistana Zeev tem como fortaleza clientes de serviços, indústria e varejo.  

Os valores da negociação não foram revelados. Além de dinheiro, a transação envolveu a troca de ações e quatro dos seis sócios da Zeev permanecerão na operação. A quantidade numerosa de sócios se deve ao fato de a Zeev ser resultante de uma fusão entre a SML Brasil e a Cryo em 2016.

Qual é o futuro do negócio

Os sócios remanescentes da Zeev vão liderar uma divisão de produtos digitais, conectando um produto que a Stoque já tinha em casa às soluções da Zeev. 

Para o ano que vem, a expectativa é de que a unidade movimente R$ 40 milhões e represente cerca de 35% de todo o negócio. Hoje, gira apenas 10% de toda a receita.

O modelo é uma plataforma SaaS que permite aos clientes a captura das imagens dos documentos, armazenagem em nuvem e assinatura de documentos digitais.

A Stoque tem outras duas verticais:

  • A primeira, dedicada ao mercado financeiro, usa inteligência artificial para cadastrar novos usuários em apps de bancos e fintechs, validar informações e analisar  financiamentos e aprovação de crédito
  • A segunda funciona para arrumar “os armários” das empresas, digitalizando os dados legados. Isto é, informações que estavam guardadas em fichas ou servidores e que agora são transportadas para armazenagem em nuvem 

“Com a aquisição da Zeev, nós damos mais um passo no desenvolvimento da nossa estratégia e esperamos que, para o ano que vem, cerca de 65% da receita já venha do negócio de automação digital”, afirma Assis. 

Em 2019, quando a Stoque foi comprada, o processamento inteligente representava 20% e a operação de dados legados 80%. 

O que esperar como próximos passos 

Essa primeira aquisição deve ser seguida por novos anúncios ao longo do tempo, como um caminho para mover os pontos do negócio em ritmo mais acelerado. 

Em paralelo, a empresa prevê investimentos de R$ 20 milhões para fortalecer o crescimento orgânico, com o desenvolvimento de produtos e aquisição de equipamentos para a divisão de dados legados. Os valores não incluem potenciais investimentos da Zeev. 

A ambição é que a conjunção entre o orgânico e inorgânico faça a companhia dobrar de tamanho em 2027, faturando R$250 milhões. 

A Stoque também começou a olhar para uma potencial internacionalização. Em fase de testes, a empresa está oferecendo os seus serviços a partir de um distribuidor no México. A depender dos resultados, a ideia é avançar por outros territórios da América hispânica.

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