Mercado Livre investe pesado em logística para entregar mais rápido
Empresa implementa malha logística de 200 mil m² e se posiciona entre os maiores do segmento
Karin Salomão
Publicado em 14 de novembro de 2018 às 14h18.
Última atualização em 14 de novembro de 2018 às 14h37.
São Paulo – O Mercado Livre anunciou que irá ampliar sua capacidade de logística e distribuição em até quatro vezes até o primeiro trimestre do ano que vem. Melhorar a logística e o prazo de entrega são alguns dos maiores desafios para o comércio eletrônico , além da dependência dos Correios.
A empresa irá construir um novo centro de distribuição e quatro centros de cross docking, que preparam a mercadoria para envio. A expansão faz parte do investimento divulgado de 2 bilhões de reais no Brasil.
"A logística é o próximo grande passo do comércio eletrônico", afirma Leandro Bassoi, diretor de Mercado Envios. Segundo ele, muitas pessoas ainda vão a uma loja a comprar porque não podem esperar pela entrega. "Mas isso deve mudar em breve", diz.
A empresa, presente em 18 países na América Latina, movimentou quase 12 bilhões de dólares em vendas no ano passado. São mais de 12 milhões de vendedores e 247 milhões de compradores. No Brasil, a receita da operação foi de831,4 milhões de dólares em 2017, ou mais de 2,6 bilhões de reais.
Com 111 mil m², o novo Centro de Distribuição será localizado em Cajamar e destinado à operação de Fulfillment, em que o Mercado Livre gerencia todas as etapas da logística para o vendedor, como coleta, armazenamento, embalagem e entrega.
A empresa ainda tem um centro de distribuição em Louveira, cuja estrutura já passou de 17 mil m² para 51 mil m² e que agora passará por nova expansão, triplicando o espaço ocupado até o final deste ano. Todos os novos espaços devem empregar mais de 3,5 mil pessoas até o final de 2019. Os novos centros são localizados em São Paulo, já que o estado concentra a maior parte dos compradores e vendedores no Brasil.
Grande parte das entregas ainda é feita pelos Correios. A estatal aumentou o preço dos fretes para o comércio eletrônico no início do ano, o que causou atrito com as empresas de comércio eletrônico. Para Bassoi, o aumento no frete direcionado ao market place prejudicou principalmente os pequenos vendedores, já que o Mercado Livre precisou repassar o preço a eles.
Esse também é um motivo para o grande investimento em centros de distribuição. "O setor de comércio eletrônico esperou uma melhora no serviço de transporte, o que não aconteceu. As empresas abriram os olhos e é o momento de investir", afirma o diretor.
Outras empresas de comércio eletrônico também oferecem o fulfillment, como a B2W, da Lojas Americanas. Já o Magazine Luiza e a Via Varejo usam as lojas físicas como pequenos centros de distribuição, para acelerar as entregas. Retirar uma mercadoria comprada na internet em uma loja física é outra modalidade que cresce cada vez mais, pela rapidez e redução no custo de frete.
Para Bassoi, o desafio é grande. O fulfillment é uma modalidade complexa do ponto de vista tecnológico, porque é necessário gerenciar o estoque de quase mil vendedores em um mesmo centro de distribuição. Há vendedores que vendem caixas todos os dias e aqueles mais ocasionais e o mesmo produto, como um shampoo ou fone de ouvido, pode ser vendido por mais de um parceiro.
Por isso, grande parte dos 7 mil funcionários que a empresa tem na América Latina estão dedicados a desenvolver novas tecnologias, inclusive voltadas a logística e entrega.
Uma dessas novas tecnologias é a entrega em até um dia . A empresa disponibilizará ainda este ano o aplicativo Mercado Envios Flex, que verifica se vendedor e comprador estão próximos. Assim, surge a opção para o vendedor recrutar entregadores de diversas modalidades - seja a pé, pedalando, pilotando uma moto ou dirigindo um veículo -, para realizar entregas no mesmo dia e no dia seguinte.