Logo da Jean Paul Gaultier em Paris: a Hermès vendeu os 45% da participação que possuía na marca (Loic Venance/AFP)
Da Redação
Publicado em 7 de junho de 2011 às 11h24.
Paris - Bulgari, Gaultier, Jimmy Choo, Clergerie e Moncler: após a época das "vacas magras" imposta pela crise mundial, as vendas no setor de luxo se multiplicam em um ambiente de "boa saúde".
A operação mais marcante ocorreu em março, quando a gigante mundial LVMH (detentora das marcas Vuitton, Givenchy, Kenzo e Céline, entre outras) se uniu a célebre joalheria italiana Bulgari para ampliar sua presença neste ramo de atividade.
Desde então, os designers ingleses da Jimmy Choo e o francês Robert Clergerie caíram nas mãos dos fundos de investimento.
No campo da moda e manufatura do couro, a Hermès, que tenta evitar que a LVHM tome o controle do ramo, vendeu os 45% da participação que possuía da marca Jean Paul Gaultier ao grupo catalão de perfurmes Puig.
Também na "troca de mãos", um grupo de Dubai adquiriu a marca italiana de luxo Gianfranco Ferrè e a francesa Louis Féraud.
Na última segunda-feira, a empresa de investimentos Eurazeo anunciou a aquisição de 45% do grupo têxtil de luxo Moncler, considerando o negócio "bastante rentável".
Patrick Sayer, presidente da Eurazeo, afirmou que "há tempos" buscava investir no setor de luxo, onde as perspectivas de crescimento são "excelentes", apesar da catástrofe no Japão, um dos países que havia se desenvolvido bastante nesta fatia do mercado.
A companhia Bain&Company revisou recentemente suas previsões de crescimento do setor para 2011, elevando para 8% ao contrário dos 3 a 5% antes esperado.
Além disso, os resultados apresentados pelas empresas ligadas ao setor são ótimos, espelho da espetacular recuperação econômica iniciada em 2010, graças em grande parte aos países da Ásia.
As empresas de luxo, extremamente cautelosas durante a crise, têm agora dinheiro suficiente para investir "dentro ou fora das companhias", analisa François Arpels, diretor do banco de negócios Bryan Garnier.
"Mas nem tudo se vende a qualquer preço", alerta ele, para quem "mais vale ser uma marca que se dedica ao mundo dos acessórios (joias, couro e calçados) do que à moda 'prêt-à-porter', mais difícil de exportar devido as diferenças existentes na cultura, morfologia e clima mundiais".
Também é importante a notoriedade da marca, denominador comum das etiquetas que mudaram de mãos. Este fator explica, por exemplo, porque a italiana Prada escolheu ser cotada na Bolsa de Hong Kong.
"É uma ótima oportunidade de divulgação, ao mesmo tempo em que é uma operação financeira para atrair novos investimentos", afirma Garnier.
Para Serge Carreira, um especialista em mercado de luxo, as mudanças no setor devem, no entanto, ser limitadas, ainda que se observe "muitos movimentos (financeiros) em direção às marcas secundárias", que possuem um grande potencial para se desenvolverem no mercado internacional. Como exemplo, ele cita a Moncler, que pretende ampliar sua presença na Ásia e Estados Unidos.