São Paulo - Por conta do aumento das reservas para se proteger de possíveis calotes , o Bradesco viu seu lucro líquido ajustado encolher no primeiro trimestre. O resultado foi de 4,11 bilhões de reais, queda de 3,8% na comparação anual e de 9,8% ante os três meses anteriores.
As despesas com provisão para devedores duvidosos saltaram de 4,19 bilhões de reais no último trimestre de 2015 para 5,44 bilhões de reais de janeiro a março a deste ano – uma diferença de 1,25 bilhão de reais, ou 30% de aumento.
Boa parte desse montante, segundo o banco, foi separado para cobrir a inadimplência de clientes corporativos – 836 milhões de reais vinculados ao agravamento do risco de uma empresa em específico.
Especula-se que essa companhia seja a Sete Brasil , que decidiu na semana passada que vai pedir recuperação judicial.
Questionado sobre isso durante teleconferência para divulgação do balanço, Luiz Carlos Angelotti, diretor gerente e de relações com investidores do Bradesco, disse apenas que não pode citar nomes, mas que "o caso é razoavelmente conhecido pelo mercado".
De acordo com ele, uma fatia de cerca de 70% dos empréstimos concedidos à tal empresa está provisionada e o banco ainda vai avaliar se deve provisionar o restante.
Inadimplência
Outro ponto que impactou os resultados do trimestre foi o crescimento da inadimplência.
O índice de calotes para dívidas vencidas acima de 90 dias atingiu 4,22% no período, puxado principalmente pelos pequenos e médios negócios, mais sensíveis ao arrefecimento da economia, cujo índice foi de 6,6%.
Parte do aumento da inadimplência, porém, pode ser explicada pela diminuição da carteira de crédito expandida, segundo o Bradesco.
Ela totalizou 463,2 bilhões em março, uma redução de 2,3% em relação a dezembro. Nessa comparação, os empréstimos às pequenas e médias empresas baixaram 6,5% e às grandes empresas, 1,7%. Já a carteira de pessoas físicas ficou estável.
Parte desse enxugamento foi creditado à valorização do real no trimestre, já que uma parcela dos créditos é concedida em dólar.
"Se considerarmos o mesmo patamar de dezembro, a inadimplência fica estável", disse Angelotti.
Diversificação
O executivo reforçou que, para contornar a retração da demanda por financiamentos, o Bradesco aposta na diversificação do negócio.
Ele mencionou o braço de seguros, que foi responsável por 34% do lucro do banco no trimestre, com um resultado de 1,28 bilhão de reais; e o de consórcios, que atingiu uma receita de 278 milhões de reais.
Também destacou a estratégia de segmentação com a migração de clientes para as novas categorias Classic e Exclusive, que oferecem linhas de crédito especiais e relacionamento mais próximo com gerentes.
Angelotti citou ainda as receitas com cartões, que somaram 2,42 milhões de reais de janeiro a março, uma queda de 6,3% frente os três meses anteriores, mas um crescimento de 9,6% na comparação anual.
São Paulo - O número de pedidos de
recuperação judicial subiram de 116 para 251 nos dois primeiros meses deste ano comparado ao mesmo período de 2015, revela uma
pesquisa recente da Serasa Experian. O resultado é o maior para o acumulado do primeiro bimestre desde 2006, após a entrada em vigor da Nova Lei de Falências. Reunimos, a seguir, oito grandes empresas que estão entre as que pediram recuperação de janeiro até agora. Confira.
2. Grupo Schahin 2 /10(Divulgação/Schain)
Há poucos dias, o
plano de recuperação judicial de 13 empresas do grupo Schahin foi homologado, decisão que evita a falência da companhia. O grupo tem hoje uma dívida de R$ 6,5 bilhões, sendo que os bancos credores têm R$ 1,5 bilhão para receber cada um. A companhia enfrenta dificuldades desde que a Schahin Engenharia foi citada nas investigações da
Lava Jato , que investiga um cartel de corrupção formada a partir de relações com a Petrobras.
3. Camisaria Colombo 3 /10(Divulgação/Facebook oficial)
Na semana passada foi a vez do Grupo Colombo
anunciar que reestruturaria uma dívida de 1,3 bilhão de reais – sendo 800 milhões de reais devidos para grandes bancos como HSBC, Credit Suisse, Santander, Itaú e Banco do Brasil. A crise que abalou todo o varejo também derrubou as vendas da empresa. De 2014 para 2015, as receitas do grupo Colombo caíram 40%.
4. Grupo GEP 4 /10(Divulgação)
Queda de consumo e descontos excessivos aliados a desvalorização cambial e altas taxas de juros acabaram por levar o dono da marca Luigi Bertolli, o grupo GEP, a pedir recuperação judicial em fevereiro. A companhia, que cresceu cerca de 10% por ano entre 2008 e 2014, teve um 2015 complicado e não conseguiu vender o suficiente para compensar suas dívidas.
5. BMart 5 /10(Divulgação/Facebook oficial)
O grupo Bmart, formado por 28 empresas diferentes de distribuição de brinquedos, pediu recuperação judicial depois de acumular uma dívida de 118 milhões de reais. A companhia, criada em 1995, começou com uma pequena loja na capital paulista até atingir presença em 28 pontos comerciais em shoppings de São Paulo e Minas Gerais.
6. Barreds 6 /10(Divulgação/Facebook oficial)
No início de março, a varejista de moda Barred’s entrou com pedido, depois de acumular 104,2 milhões de reais em dívidas, a maioria para shoppings – isso sem contar o montante destinado a bancos, fornecedores e funcionários. A companhia tinha faturamento estimado de R$ 90 milhões e, além de vender, passou a fabricar as próprias roupas em 2008, quando iniciou um plano de expansão de lojas.
7. Leader Magazine 7 /10(Fabio Motta)
No início de março, o BTG Pactual confirmou a contratação da consultoria Alvarez & Marsal, especializada em gestão de empresas com graves problemas financeiros, para a varejista Leader, iniciativa relacionada ao processo de recuperação. O banco informou que "não há informações adicionais relevantes" a serem divulgadas sobre a Leader por enquanto.
8. Mabe 8 /10(Divulgação/Facebook oficial)
Dois anos depois de entrar com pedido de recuperação judicial, a Mabe Eletrodomésticos
decretou falência por não conseguir pagar credores e manter pagamento de funcionários. A empresa, que nasceu com a fusão entre as empresas GE e Dako em meados de 2004, havia entrado com pedido de recuperação judicial em maio de 2013. Um ano depois, fechou uma de suas fábricas em Itu, SP, demitindo 1.000 pessoas.
9. Abengoa 9 /10(Marcelo del Pozo / Reuters)
O grupo espanhol de engenharia e energia Abengoa entrou com pedido de recuperação judicial para três de suas subsidiárias no Brasil: Abengoa Concessões, Abengoa Construção e Abengoa Greenfield. Os pedidos foram feitos para "minimizar os impactos da suspensão de alguns dos projetos em construção e alcançar uma solução que seja adequada para todas as partes interessadas e afetadas pela situação atual".
10. Leia também: 10 /10(Kai Hendry/Wikimedia Commons)