EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.
A transformação da Embraer em uma das maiores fabricantes de aviões do mundo é, sem dúvida, a passagem mais conhecida da carreira de Maurício Botelho, um carioca de 67 anos formado em Engenharia Mecânica. Mas, antes de presidi-la, entre 1995, e 2007, Botelho já havia acumulado passagens por cargos de direção na Cia. Bozano, Simonsen e na Odebrecht Automação e Telecomunicações, entre outros. É justamente essa experiência que o executivo quer pôr a serviço de sua nova empreitada - a Arsenal Finanças, uma butique de fusões e aquisições da qual se tornou sócio.
Botelho terá 40% da empresa, e dividirá as decisões com José Eduardo Lacerda, que possui uma fatia de 51%. Em um momento de efervescência do mercado de fusões e aquisições, com muitos prevendo cerca de 700 negócios neste ano, Botelho afirma que as melhores oportunidades estarão em setores ligados ao mercado interno. "Quando a economia cresce, tudo cresce", diz. Veja, a seguir, os principais trechos da entrevista ao Portal EXAME:
Portal EXAME - O que o senhor espera do mercado de fusões e aquisições neste ano?
Maurício Botelho - O volume de negócios é decorrente do ritmo da economia. E, neste sentido, o Brasil vive um momento especialíssimo, com uma taxa de crescimento prevista para este ano de 5% a 6%. O país tem bases para uma expansão continuada e sustentável. Por isso, haverá um grande número de fusões e aquisições. Estou entusiasmado com as oportunidades.
Portal EXAME - Que áreas devem gerar mais fusões e aquisições?
Botelho - O Brasil está crescendo, e isto permite negócios em muitos setores. A área de infraestrutura, por exemplo, receberá um volume considerável de investimentos. Ela será uma grande estimuladora de negócios. O setor de energia em geral, incluindo o etanol, também deve movimentar o mercado.
Portal EXAME - Muitas empresas brasileiras estão buscando ativos no exterior, e muitos estrangeiros procuram aquisições aqui. A internacionalização vai ser um mercado forte para vocês?
Botelho - Queremos assessorar negócios desse tipo, mas o nosso foco agora é o Brasil. São os negócios que vão ser gerados aqui. O setor de infraestrutura é o que vai movimentar os volumes mais expressivos de investimento, mas há outros. O varejo, por exemplo, também é um segmento com potencial para novos negócios.
Portal EXAME - O foco então será setores ligados ao mercado interno? Ao consumo doméstico?
Botelho - Por enquanto, sim. Quando a economia cresce, tudo cresce junto. E isso gera oportunidades.
Portal EXAME - Nos últimos cinco anos, a Arsenal participou de 30 operações de fusão e aquisição. Quantos negócios estão em andamento neste instante?
Botelho - Temos mandatos em andamento, mas não podemos citar nenhum.
Portal EXAME - De quantas operações a Arsenal pretende participar neste ano?
Botelho - Não dá para falar de metas. O que podemos dizer é que esperamos crescer nesse mercado.
Portal EXAME - O senhor é reconhecido como um grande executivo, responsável pela projeção da Embraer no mercado mundial da aviação. Como essa experiência vai ajudá-lo nesta nova empreitada?
Botelho - Eu sempre atuei no segmento industrial, mesmo quando estava na Bozano, Simonsen. Eu sei o que o banco pode oferecer na assessoria de um negócio, e o que lhe falta. O que queremos trazer para o cliente é uma visão de independência. Muitas vezes, um banco pode incorrer em conflitos de interesses. Queremos viabilizar a solução que trouxer o melhor resultado para nossos clientes. Para isso, estou trazendo a minha vivência empresarial e a minha relação com o ambiente corporativo brasileiro. Eu costumo dizer que eu não sei nada. Nos últimos 25 anos, tudo o que fiz foi ser presidente de empresas (risos).