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Marfrig tem recorde de abate de bovinos em julho

Companhia atingiu marcas históricas por uma forte demanda e limitações de oferta em países concorrentes do Brasil

Operário manipula carne em um frigorífico da Marfrig em Promissão, São Paulo (Paulo Whitaker/Reuters/Reuters)

Operário manipula carne em um frigorífico da Marfrig em Promissão, São Paulo (Paulo Whitaker/Reuters/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 20 de agosto de 2014 às 17h40.

São Paulo - A Marfrig, segunda maior processadora de carne bovina do país, atingiu marcas históricas de abate de gado e de exportações de cortes em julho, por uma forte demanda e limitações de oferta em países concorrentes do Brasil, disse nesta quarta-feira o presidente-executivo da companhia.

"Batemos recordes no mês de julho. Foi o maior mês, tanto em exportação como abate (de bovinos) da história da empresa", disse o presidente-executivo da Marfrig, Sérgio Rial, em entrevista à Reuters.

A Marfrig abateu mais de 250 mil cabeças de gado em julho, um crescimento de dois dígitos em relação à média mensal do último semestre, disse Rial.

Com a forte demanda no exterior, que ajuda a compensar um ritmo vacilante no consumo no Brasil, a empresa tem elevado a participação de vendas ao mercado externo sobre o total comercializado a partir do Brasil.

A fatia do mercado externo nas vendas da Marfrig, que ficou em torno de 40 por cento no último trimestre, subiu para 45 por cento em julho, incluindo carne industrializada.

Considerando apenas cortes in natura resfriados e congelados, esse percentual é ainda maior, já superando 50 por cento.

O executivo explicou que o Brasil é beneficiado pelo atual cenário de crescente demanda global, por conta do aumento da renda em países emergentes, incluindo o Oriente Médio, enquanto tradicionais fornecedores como Estados Unidos e Argentina enfrentam restrições no tamanho de seus rebanhos.

As robustas exportações levaram a empresa a aumentar o uso de sua capacidade instalada rumo aos 80 por cento, contra pouco mais de 70 por cento anteriormente, revelou Rial.

A operação de carne bovina da empresa, concentrada principalmente no Brasil, respondeu por quase metade da receita da Marfrig no segundo trimestre, que somou ao todo 5,1 bilhões de reais.

A companhia também tem operações no exterior --Moy Park e Keystone.

A Marfrig já vinha se preparando para um semestre mais forte na exportação, ao elevar os investimentos no último trimestre, o que acabou se refletindo em um fluxo de caixa negativo.

Do capex realizado no último trimestre, de 177 milhões de reais, cerca de 40 por cento foram destinados às unidades no Brasil, com investimentos na melhoria de câmaras refrigeradas, aumento de confinamento, além de ajustes na estrutura de logística.

"O dinheiro foi alocado para preparação da empresa para um segundo semestre mais ativo, principalmente nas exportações", acrescentou Rial.

Perspectivas

As exportações, grande fator para os negócios da companhia já neste ano, podem ganhar ainda mais importância, considerando que a Rússia habilitou novas unidades da Marfrig; que a China está prestes a comprar carne diretamente do Brasil --sem passar por Hong Kong; e também com a possibilidade, ainda que mais incerta, de os Estados Unidos abrirem seu mercado para a carne in natura brasileira.

A Marfrig teve recentemente oito unidades habilitadas a exportar para a Rússia, elevando o total para 11, num momento em que os russos buscam reforçar o fornecimento de outras origens depois do embargo imposto aos EUA em retaliação às sanções econômicas por causa da crise na Ucrânia.

Rial vê como positiva a ampliação do mercado russo, mas acha que ainda é difícil dimensionar qual é o impacto da medida em volume ou receita.

"Como o mundo está demandando carne, a Rússia é importante, mas já não é tão crítica como foi historicamente num momento em que o Brasil tinha uma série de mercados fechados", ponderou Rial.

O executivo lembrou ainda que existe uma possibilidade de os EUA abrirem seu mercado à importação de carne bovina in natura do Brasil.

Se isso acontecesse, acrescentou o executivo, México e Canadá teriam de seguir os EUA, o que teria impacto mais significativo para o setor brasileiro do que a ampliação da Rússia.

Desde o final do ano passado, os EUA vêm discutindo a possível abertura à carne in natura de Estados livres de febre aftosa no Brasil. O executivo ressaltou que esta discussão avançou bastante e espera resultados favoráveis ainda este ano.

Já a China anunciou a reabertura de seu mercado à carne bovina do Brasil em meados de julho, e faltam apenas alguns detalhes para as exportações diretas do país se efetivarem.

Questionado se os embarques para a China já podem ocorrer neste semestre, Rial afirmou que "sem dúvida" isso já pode acontecer, acrescentando que serão vistos contratos sendo fechados no mês de setembro para entrega no quarto trimestre.

Ele disse ainda que a empresa já conta com uma equipe de vendas em Xangai e tem o benefício de ter a Keystone na região.

"Temos duas plantas e temos vendas na China... Temos alguma infraestrutura e conhecimento local que outras empresas brasileiras não têm. Então a gente tem a obrigação de fazer melhor", afirmou.

JV Na Indonésia

Ao mesmo tempo, a Marfrig vem avaliando a formação de joint ventures em mercados promissores como forma de reforçar seu crescimento orgânico, e não vê espaço para fazer aquisições no momento.

"Esta é uma forma inteligente de crescer sem alterar a estrutura de capital de forma negativa. Estamos fazendo uma (joint venture), um novo investimento na Indonésia", afirmou ele, sem dar muitos detalhes.

A empresa já conta com uma operação na Malásia, via Keystone, e está transferindo pessoal especializado para a Indonésia, onde busca atuar em carne de frango e bovina.

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