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Máquina de Vendas está mais perto de achar comprador

Três fundos de investimento estão estudando com mais detalhes o negócio, que nunca havia atingido uma fase tão avançada

Luiz Carlos Batista da Máquina de Vendas e os novos sócios: o favorito a comprar uma fatia da Máquina de Vendas é o Kinea, fundo controlado pelo Itaú, que há dois meses estreou no varejo  (Divulgação)
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Da Redação

Publicado em 12 de maio de 2014 às 08h40.

São Paulo - Não foram poucos os fundos de investimento que nos últimos meses olharam os números e a operação da Máquina de Vendas , a sétima maior varejista do País, criada em 2010, com a fusão das redes Ricardo Eletro e Insinuante.

Seus sócios, Ricardo Nunes e Luiz Carlos Batista, colocaram uma fatia da companhia à venda no meio do ano passado, bateram à porta de mais de 30 empresas de investimento, mas foram ignorados pela maioria delas.

As margens baixas do setor, o complexo processo de integração do grupo, que já comprou outras três redes no País, e os perfis (quase conflitantes) dos donos afastaram os potenciais interessados e fizeram o negócio virar lenda no setor.

Nos últimos três meses, no entanto, Nunes e Batista viram a possibilidade da venda se aproximar novamente. A companhia está no meio de um processo que pode definir o futuro da rede.

A entrada de um novo sócio dará maior robustez para a empresa intensificar o processo de integração de suas operações, reduzir alavancagem e expandir sua divisão de e-commerce, considerada estratégica, para fazer frente a seus principais concorrentes.

O jornal O Estado de S. Paulo apurou que três fundos de investimento estão estudando com mais detalhes o negócio, que nunca havia atingido uma fase tão avançada.

Nunes e Batista confirmaram que as negociações ganharam novos contornos, mas nenhum deles dá detalhes.

O favorito a comprar uma fatia da Máquina de Vendas é o Kinea, fundo controlado pelo Itaú, que há dois meses estreou no varejo adquirindo uma participação na mato-grossense Lojas Avenida.

O gigante americano Texas Pacific Group (TPG) e o banco BTG também estão no páreo. Procurados, Kinea e BTG dizem que não comentam rumores de mercado. Os executivos do TPG não foram encontrados.

Nenhum deles fez uma proposta firme pela empresa até o momento. O que está acontecendo agora é uma análise mais detalhada da operação das cinco bandeiras que compõem o grupo: Insinuante, Ricardo Eletro, City Lar, Eletro Shopping e Salfer.

O trabalho daqui para frente não será fácil. "A companhia tem grandes desafios de integração que ainda precisam ser resolvidos", disse uma fonte.

A proposta que está na mesa é a entrada de um sócio, com a aquisição de 20% a 40% do negócio, o que poderá incluir a venda das ações do acionista Ricardo Nunes, que hoje tem 47,3% do negócio.

Essa, aliás, é apontada como uma das exigências para que a transação aconteça. A operação é avaliada entre R$ 400 milhões a R$ 800 milhões, a depender da fatia negociada.

O valor de mercado da empresa é de cerca de R$ 2 bilhões e pode chegar a R$ 3 bilhões, se negociado o controle, o que não é o caso. Só para comparar, o valor de mercado da Via Varejo é de cerca de R$ 10 bilhões.

Com uma tremenda lábia de vendedor, Nunes é conhecido no setor como um sujeito agressivo comercialmente.

Ao contrário do sócio, que é mais reservado, ele, desde o início, emprestou não apenas seu nome à rede Ricardo Eletro, mas fez questão de se vincular publicamente à marca, como garoto propaganda.

Em 2011, Nunes foi condenado à prisão pela Justiça Federal por corrupção ativa. Segundo o processo, que está sob sigilo, o empresário teria pago propina a um funcionário da Receita Federal.

Embora a acusação seja contra a pessoa física, o caso acabou respingando na marca. Três anos depois, o processo ainda é considerado um "passivo" alto pelos potenciais sócios, segundo fontes.

Nunes considera esse assunto página virada. "Estamos trabalhando enlouquecidamente para intensificar a integração", diz.

A rede Ricardo Eletro também aparece no centro das negociações em torno da Máquina de Vendas por outro motivo, desta vez financeiro. A empresa responde pela maior fatia da receita do grupo, cerca de 30%, mas é a pior em rentabilidade.

Em 2012, enquanto as quatro bandeiras encerraram o ano no azul, a Ricardo Eletro acumulou prejuízo superior a R$ 120 milhões, segundo apurou o jornal O Estado.

Por ser uma companhia de capital fechado, a empresa não abre seus dados financeiros. O presidente da Máquina de Vendas, Pedro Magalhães, garante, no entanto, que, em 2013, a companhia registrou seu primeiro lucro desde a fusão.

"Isso é resultado da maturidade da operação e do processo de integração, que está sendo feito de forma gradual", diz o executivo, ex-Carrefour, que está há um ano no comando.

Desafio

Integrar empresas completamente diferentes é uma tarefa dolorosa, em qualquer setor. Leva tempo e custa muito dinheiro. No caso da Máquina de Vendas, essa tarefa está em curso desde 2010 e até hoje não foi concluída, o que também preocupa os investidores.

"Além de a companhia ter uma posição frágil em relação à líder Via Varejo (dona das marcas Ponto Frio e Casas Bahia), avaliamos que a empresa teve problemas para integrar seus negócios", disse o gestor de um fundo americano que desistiu da compra, reforçando o discurso de executivos de outros cinco fundos ouvidos pela reportagem.

A empresa está começando agora, pela rede Insinuante, a integrar o que chama de "frente de loja", que são os sistemas instalados nos caixas das unidades.

Embora já faça compras em conjunto há algum tempo, apenas em janeiro deste ano o grupo uniu em um só lugar a área de compras de todas as empresas.

"Nosso quartel-general está na Avenida Berrini, em São Paulo, desde o início do ano", diz Luiz Carlos Batista, presidente do conselho da companhia.

"Todas as decisões são compartilhadas. Somos uma empresa de dono, mas temos gestão profissionalizada", afirma o empresário, que estima que a companhia encerre este ano com receita bruta em torno de R$ 10 bilhões.

A empresa optou por integrar apenas parte dos fornecedores e manter descentralizadas algumas categorias, como móveis, e clientes regionais.

"Prezamos a regionalidade das marcas", disse Magalhães. Nas próximas semanas, a companhia deverá ter um site institucional próprio da Máquina de Vendas, o que até hoje não existia.

No mercado, a demora em colocar todas as bandeiras sob um modelo único também é relacionada ao perfil diferente dos sócios. Os rumores são de que eles não se entendem - impressão que, a qualquer oportunidade, tentam afastar.

"Não existe rivalidade. Estamos sempre juntos", diz Batista. "Durmo na casa dele e viajamos juntos com a família", reforça Nunes.

Se eles brigam ou não, o fato é que na busca por um outro sócio Nunes e Batista concordam. Se acertada a operação e as condições do mercado estiverem favoráveis, a Máquina de Vendas poderá ir à Bolsa entre 2015 e 2016.

Abastecer o caixa da empresa com dinheiro novo é imprescindível para uma companhia que disputa mercado com rivais pesos pesados como a Via Varejo, do Grupo Pão de Açúcar, que faturou R$ 24,9 bilhões ano passado e lucrou R$ 1,1 bilhão.

Para isso, a Máquina de Vendas vai ter de provar ao mercado que consegue se vender. Colaborou Fernando Scheller. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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São Paulo - Não foram poucos os fundos de investimento que nos últimos meses olharam os números e a operação da Máquina de Vendas , a sétima maior varejista do País, criada em 2010, com a fusão das redes Ricardo Eletro e Insinuante.

Seus sócios, Ricardo Nunes e Luiz Carlos Batista, colocaram uma fatia da companhia à venda no meio do ano passado, bateram à porta de mais de 30 empresas de investimento, mas foram ignorados pela maioria delas.

As margens baixas do setor, o complexo processo de integração do grupo, que já comprou outras três redes no País, e os perfis (quase conflitantes) dos donos afastaram os potenciais interessados e fizeram o negócio virar lenda no setor.

Nos últimos três meses, no entanto, Nunes e Batista viram a possibilidade da venda se aproximar novamente. A companhia está no meio de um processo que pode definir o futuro da rede.

A entrada de um novo sócio dará maior robustez para a empresa intensificar o processo de integração de suas operações, reduzir alavancagem e expandir sua divisão de e-commerce, considerada estratégica, para fazer frente a seus principais concorrentes.

O jornal O Estado de S. Paulo apurou que três fundos de investimento estão estudando com mais detalhes o negócio, que nunca havia atingido uma fase tão avançada.

Nunes e Batista confirmaram que as negociações ganharam novos contornos, mas nenhum deles dá detalhes.

O favorito a comprar uma fatia da Máquina de Vendas é o Kinea, fundo controlado pelo Itaú, que há dois meses estreou no varejo adquirindo uma participação na mato-grossense Lojas Avenida.

O gigante americano Texas Pacific Group (TPG) e o banco BTG também estão no páreo. Procurados, Kinea e BTG dizem que não comentam rumores de mercado. Os executivos do TPG não foram encontrados.

Nenhum deles fez uma proposta firme pela empresa até o momento. O que está acontecendo agora é uma análise mais detalhada da operação das cinco bandeiras que compõem o grupo: Insinuante, Ricardo Eletro, City Lar, Eletro Shopping e Salfer.

O trabalho daqui para frente não será fácil. "A companhia tem grandes desafios de integração que ainda precisam ser resolvidos", disse uma fonte.

A proposta que está na mesa é a entrada de um sócio, com a aquisição de 20% a 40% do negócio, o que poderá incluir a venda das ações do acionista Ricardo Nunes, que hoje tem 47,3% do negócio.

Essa, aliás, é apontada como uma das exigências para que a transação aconteça. A operação é avaliada entre R$ 400 milhões a R$ 800 milhões, a depender da fatia negociada.

O valor de mercado da empresa é de cerca de R$ 2 bilhões e pode chegar a R$ 3 bilhões, se negociado o controle, o que não é o caso. Só para comparar, o valor de mercado da Via Varejo é de cerca de R$ 10 bilhões.

Com uma tremenda lábia de vendedor, Nunes é conhecido no setor como um sujeito agressivo comercialmente.

Ao contrário do sócio, que é mais reservado, ele, desde o início, emprestou não apenas seu nome à rede Ricardo Eletro, mas fez questão de se vincular publicamente à marca, como garoto propaganda.

Em 2011, Nunes foi condenado à prisão pela Justiça Federal por corrupção ativa. Segundo o processo, que está sob sigilo, o empresário teria pago propina a um funcionário da Receita Federal.

Embora a acusação seja contra a pessoa física, o caso acabou respingando na marca. Três anos depois, o processo ainda é considerado um "passivo" alto pelos potenciais sócios, segundo fontes.

Nunes considera esse assunto página virada. "Estamos trabalhando enlouquecidamente para intensificar a integração", diz.

A rede Ricardo Eletro também aparece no centro das negociações em torno da Máquina de Vendas por outro motivo, desta vez financeiro. A empresa responde pela maior fatia da receita do grupo, cerca de 30%, mas é a pior em rentabilidade.

Em 2012, enquanto as quatro bandeiras encerraram o ano no azul, a Ricardo Eletro acumulou prejuízo superior a R$ 120 milhões, segundo apurou o jornal O Estado.

Por ser uma companhia de capital fechado, a empresa não abre seus dados financeiros. O presidente da Máquina de Vendas, Pedro Magalhães, garante, no entanto, que, em 2013, a companhia registrou seu primeiro lucro desde a fusão.

"Isso é resultado da maturidade da operação e do processo de integração, que está sendo feito de forma gradual", diz o executivo, ex-Carrefour, que está há um ano no comando.

Desafio

Integrar empresas completamente diferentes é uma tarefa dolorosa, em qualquer setor. Leva tempo e custa muito dinheiro. No caso da Máquina de Vendas, essa tarefa está em curso desde 2010 e até hoje não foi concluída, o que também preocupa os investidores.

"Além de a companhia ter uma posição frágil em relação à líder Via Varejo (dona das marcas Ponto Frio e Casas Bahia), avaliamos que a empresa teve problemas para integrar seus negócios", disse o gestor de um fundo americano que desistiu da compra, reforçando o discurso de executivos de outros cinco fundos ouvidos pela reportagem.

A empresa está começando agora, pela rede Insinuante, a integrar o que chama de "frente de loja", que são os sistemas instalados nos caixas das unidades.

Embora já faça compras em conjunto há algum tempo, apenas em janeiro deste ano o grupo uniu em um só lugar a área de compras de todas as empresas.

"Nosso quartel-general está na Avenida Berrini, em São Paulo, desde o início do ano", diz Luiz Carlos Batista, presidente do conselho da companhia.

"Todas as decisões são compartilhadas. Somos uma empresa de dono, mas temos gestão profissionalizada", afirma o empresário, que estima que a companhia encerre este ano com receita bruta em torno de R$ 10 bilhões.

A empresa optou por integrar apenas parte dos fornecedores e manter descentralizadas algumas categorias, como móveis, e clientes regionais.

"Prezamos a regionalidade das marcas", disse Magalhães. Nas próximas semanas, a companhia deverá ter um site institucional próprio da Máquina de Vendas, o que até hoje não existia.

No mercado, a demora em colocar todas as bandeiras sob um modelo único também é relacionada ao perfil diferente dos sócios. Os rumores são de que eles não se entendem - impressão que, a qualquer oportunidade, tentam afastar.

"Não existe rivalidade. Estamos sempre juntos", diz Batista. "Durmo na casa dele e viajamos juntos com a família", reforça Nunes.

Se eles brigam ou não, o fato é que na busca por um outro sócio Nunes e Batista concordam. Se acertada a operação e as condições do mercado estiverem favoráveis, a Máquina de Vendas poderá ir à Bolsa entre 2015 e 2016.

Abastecer o caixa da empresa com dinheiro novo é imprescindível para uma companhia que disputa mercado com rivais pesos pesados como a Via Varejo, do Grupo Pão de Açúcar, que faturou R$ 24,9 bilhões ano passado e lucrou R$ 1,1 bilhão.

Para isso, a Máquina de Vendas vai ter de provar ao mercado que consegue se vender. Colaborou Fernando Scheller. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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