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Agnelli ficou tempo mais do que suficiente na Vale, diz Mantega

Segundo ministro da Fazenda, não houve pressão para que os acionistas, como Bradesco, optassem pela substituição da presidência da Vale

Roger Agnelli: executivo fica na Vale até do dia 19 de maio (Agência Brasil)

Roger Agnelli: executivo fica na Vale até do dia 19 de maio (Agência Brasil)

Daniela Barbosa

Daniela Barbosa

Publicado em 3 de maio de 2011 às 15h00.

São Paulo – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, participou, nesta terça-feira (3/5), de uma audiência pública com senadores, na qual foi sabatinado sobre a interferência do governo no processo de sucessão da Vale.

Sob fortes críticas, Mantega afirmou que a saída de Roger Agnelli é um processo natural de sucessão, comum em qualquer empresa e de qualquer ramo de atuação.

Segundo o ministro, Agnelli permaneceu no comando da mineradora por tempo mais que suficiente e bem acima da média de outras companhias do mesmo segmento no mundo. “O processo aconteceu dentro do que rege o estatuto, preservando o profissionalismo”, disse o ministro.

O governo, por meio da Previ e do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), possui quase 60% de participação na Vale. “É mais do que normal que tenhamos interesse na companhia e no sucesso dela. Queremos que a Vale continue dando bons resultados. Somos os mais interessados. ”, afirmou Mantega.

Quando questionado sobre a pressão sob o Bradesco para que o banco apoiasse a decisão de troca de comando, Mantega disse que não houve nenhuma imposição e que a decisão foi consensual.  

Insatisfação

Desde 2008, o governo vinha manifestando o descontentamento com a Vale. Segundo o ministro, no entanto, a insatisfação não tem a ver com o fato da Vale não atender aos interesses políticos do governo.

“O desagrado tem relação com as promessas que Agnelli fez, como investimentos siderúrgicos no Pará e no Rio de Janeiro, e não cumpriu”, disse.  “Os compromissos constavam no plano de investimento da Vale e não foram levados a sério”.

A demissão de mais de 1.200 funcionários, em 2008, foi outro ponto que contribui para que o governo ficasse ainda mais contrariado com a postura de Agnelli. Segundo o ministro, a decisão do executivo foi precipitada e desnecessária. “A folha de pagamento da Vale não representa quase nada”, disse.

Sucessão

No final de março, a Vale informou que a Valepar, controladora da companhia, havia contratado agência de busca de executivos e profissionais especializados para auxiliar os acionistas na escolha de um substituto para Agnelli.

Dias depois, o executivo Murilo Ferreira foi indicado pelos acionistas para substituir Agnelli na presidência. A troca de comando está marcado para o dia 20 de maio.
 

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