Negócios

Magnatas do telhado estão entre os jovens bilionários russos

Sergey Kolesnikov e Igor Rybakov estão entre os mais bem sucedidos jovens do país com empresa que abriram quando apenas concertavam telhados


	Homem conserta telhado: Technonicol é a principal companhia de fornecimento de telhados da Rússia, com uma rede de 700 unidades de distribuição
 (Jonathan M/SXC)

Homem conserta telhado: Technonicol é a principal companhia de fornecimento de telhados da Rússia, com uma rede de 700 unidades de distribuição (Jonathan M/SXC)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de outubro de 2013 às 17h25.

Moscou - Sergey Kolesnikov e Igor Rybakov passaram seus verões no início dos anos 1990 consertando telhados ao redor de Moscou, um emprego que lhes rendeu em torno de US$ 500 por mês.

O trabalho deu aos aspirantes a cientistas, que eram companheiros de quarto no Instituto de Física e Tecnologia de Moscou –a melhor universidade de pesquisas da Rússia– uma chance de tornarem-se empresários após a queda da União Soviética.

“Nós ganhamos duas graduações: uma em Física e outra em telhados”, disse Kolesnikov em entrevista em seu escritório central de Moscou.

A graduação em telhados valeu a pena. A Technonicol, empresa de capital fechado que eles fundaram quando estavam na faculdade, é agora a principal companhia de fornecimento de telhados do país, com uma rede de 700 unidades de distribuição ao redor do país, 180 delas de propriedade integral. O negócio teve receita de 59,4 bilhões de rublos (US$ 1,9 bilhão) em 2012, uma alta de 25 por cento em relação ao ano anterior, segundo comunicados financeiros fornecidos por Kolesnikov.

A empresa está avaliada em US$ 2,8 bilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg, o que transforma os sócios igualitários em dois dos mais jovens bilionários da Rússia. Nenhum deles apareceu em um ranking internacional de riquezas.

“Eu sempre gostei de resolver quebra-cabeças e para mim os negócios são uma espécie de quebra-cabeças”, disse Kolesnikov. “Nenhum de nós jamais pensou em ganhar dinheiro nessa escala”.

Reconstruindo a Rússia

Os bilionários, ambos com 41 anos, entraram no momento certo no mercado e pegaram o começo de uma onda de construção de casas próprias privadas e melhoras do governo em relação à habitação da era soviética. O número de casas privadas recém-construídas na Rússia quase dobrou para 205 mil entre 2002 e 2012, segundo dados do Serviço Federal Estatal de Estatísticas, e novas unidades de apartamentos aumentaram mais de duas vezes durante a última década, para 838 mil.


Nos últimos cinco anos, o governo investiu mais de US$ 7 bilhões em melhorias no setor habitacional do país, segundo o Fundo Estatal para Assistência a Serviços Habitacionais e Comunitários, e planeja investir um adicional de US$ 3,3 bilhões em materiais para melhorar 1,6 milhão de blocos de apartamentos que ainda necessitam de consertos.

A Technonicol tem uma participação de 30 por cento no mercado de material de isolamento, segundo a Abarus Market Research, com sede em Moscou. A empresa obtém 70 por cento do seu faturamento com fornecimento de serviços de conserto e o resto, com vendas para novas construções.

Margem invejável

A companhia é avaliada usando o múltiplo médio do valor de uma empresa com relação ao Ebitda de três concorrentes de capital aberto: a Rockwool International A/S, com sede em Hedehusene, Dinamarca; a Cie. de Saint-Gobain SA, com sede em Courbevoie, França, e a Sika AG, com sede em Baar, Suíça. O valor da empresa é definido pela capitalização de mercado, mais dívida total, menos dinheiro em caixa.

“A Technonicol conseguiu gerar uma margem de Ebitda de 20 por cento, o que é impressionante”, disse Daniel Patterson, analista da Skandinaviska Enskilda Banken em Copenhagen, por e-mail. “A maioria das empresas de materiais de construção europeias invejariam isso”.

Em 1995, quatro anos após a queda da União Soviética, Kolesnikov e Rybakov usaram US$ 40 mil em poupanças e dívida para comprar sua primeira planta, um complexo fabril de telhados construído em 1918 em Vyborg, uma cidade 120 quilômetros a noroeste de São Petersburgo. Eles investiram US$ 15 milhões para modernizar as instalações e desde então construíram 36 novas plantas: 30 na Rússia, três na Ucrânia, uma na Bielorrússia, uma na Lituânia e uma na República Checa.

Calendário de maiô

A empresa mantém uma cultura corporativa informal. Ela publica um calendário anual de maiôs com funcionárias mulheres.

Para comemorar o 20º aniversário da empresa em dezembro passado, os bilionários contrataram uma banda de heavy-metal para gravar uma canção de rock e criaram um vídeo musical estrelado pelos empregados da Technonicol. A gravação os mostra cantando em estúdio após um dia atendendo telefones e encarando o relógio antes de pegarem seus casacos e saírem correndo do escritório.

“Se seu telhado for arrancado pelo vento e sua casa estiver rodeada de neve, fique tranquilo porque isso não é um problema”, eles cantaram. “Nós sabemos a fórmula da vitória”.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaBilionáriosEuropaJovensRússiaSucesso

Mais de Negócios

"Tinder do aço": conheça a startup que deve faturar R$ 7 milhões com digitalização do setor

Sears: o que aconteceu com a gigante rede de lojas americana famosa no Brasil nos anos 1980

A voz está prestes a virar o novo ‘reconhecimento facial’. Conheça a startup brasileira por trás

Após perder 52 quilos, ele criou uma empresa de alimento saudável que hoje fatura R$ 500 milhões