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Magazine Luiza ganharia mais com Lojas Maia do que com Colombo

Compra da rede paraibana marcaria a entrada do Magazine no Nordeste, onde poderia lucrar também com serviços financeiros

Luiza Trajano, presidente do Magazine Luiza: Com 456 lojas em sete estados, a rede ainda não atua no Nordeste
DR

Da Redação

Publicado em 26 de setembro de 2011 às 09h09.

Última atualização em 12 de março de 2017 às 21h59.

São Paulo - Nesta semana, começaram a circular informações na imprensa de que o Magazine Luiza estaria negociando a aquisição de duas redes ao mesmo tempo - a paraibana Lojas Maia e a gaúcha Lojas Colombo. Se concretizados, os negócios transformariam a varejista paulista na segunda maior do setor de móveis e eletroeletrônicos, com um faturamento aproximado de 6,1 bilhões de reais. Mas, entre as duas opções, a Lojas Maia é a que mais traria vantagens para o Magazine.

O motivo é óbvio. Com 456 lojas em sete estados, o Magazine Luiza ainda não atua no Nordeste. A eventual aquisição da Lojas Maia colocaria nas mãos de Luiza Helena Trajano, a presidente do Magazine, cerca de 150 lojas em nove estados da região: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.

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"O Nordeste é a região brasileira que mais cresce com o PIB chinês, por isso, faria sentido a chegada do Magazine Luiza", diz Renato Meirelles, sócio diretor do Instituto Data Popular, especializado em consumo de baixa renda.

Consumidores ávidos

Para Meirelles, há uma demanda crescente por eletroeletrônicos no Nordeste, produtos que são o carro-chefe do Magazine Luiza. Na região, a posse de alguns eletrodomésticos e eletrônicos é inferior à média do país. Máquinas de lavar roupas, por exemplo, têm penetração de 78% nas classes A e B, enquanto no Brasil a média é de 94%. Na classe C, a posse de computador é de 50%, e no Brasil é de 60%. A massa de renda do Nordeste prevista para 2010 é de 179 bilhões de reais - 13% da massa de renda prevista para o Brasil, de 1,38 trilhões de reais, segundo o Instituto Data Popular.

Na última década, consolidou-se a parceria entre varejistas e bancos para oferecer crédito e outros serviços aos consumidores, como cartões, seguros e garantias estendidas. Criada em 2001, a LuizaCred é a financeira do Magazine Luiza em parceria com o Itaú Unibanco. Com mais de 1 milhão de clientes, a empresa encontraria um bom mercado no Nordeste.

De acordo com Meirelles, o dinheiro ainda é o meio de pagamento mais usado na região, seguido pelo carnê. "Mais gente paga em dinheiro porque recebe em dinheiro", diz. O uso de cartão vem crescendo, mas ainda é inferior à utilização desse meio de pagamento no sul e sudeste.

"Há demanda na região por serviços diferenciados de crédito, como o que o Magazine oferece", afirma. Resta saber como seriam as relações entre a varejista e o Banco do Brasil, parceiro da Lojas Maia. O BB é o responsável por financiar as compras dos clientes da rede paraibana, além de conceder cartões de crédito.


Colombo

Em paralelo, o Magazine Luiza estaria tentando, também, adquirir a gaúcha Lojas Colombo. Nesse caso, haveria sobreposição em boa parte dos mercados onde ambas atuam. Dos sete estados em que o Luiza já está, haveria coincidência em cinco: São Paulo, Minas, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina - onde estão todas as mais de 340 lojas e os três centros de distribuição da Colombo.

Nesse caso, o principal apelo da aquisição não seria a diversificação geográfica, mas acelerar o crescimento em alguns dos principais mercados consumidores do país. Com mais de 1 bilhão de reais de faturamento, o Colombo também reforçaria a presença do Magazine no Sul, uma região tradicionalmente conservadora em termos de varejo, com consumidores mais fiéis às redes locais.

Marcas

As três empresas têm públicos parecidos e carregam a cultura de empresas familiares, embora tenham se profissionalizado, segundo Cláudio Felisoni, presidente do conselho do Programa de Administração do Varejo (Provar/FIA). A Colombo e o Magazine Luiza são mais próximos em relação aos produtos do que a Lojas Mais - que é forte em móveis. "Mas isso não tem muita relevância", diz.

Apesar de a Lojas Maia ter em suas vendas um peso maior nos móveis que o Magazine Luiza e as Lojas Colombo, Eugênio Foganholo, diretor da consultoria Mixxer, não vê grandes alterações em um primeiro momento, respeitando a forma de operar da Lojas Maia. A bandeira inclusive deveria ser mantida, mesmo que com algo que remetesse ao Magazine Luiza. No caso de aquisição, nesse primeiro momento, seriam feitas alterações nos bastidores da loja, em sistemas e processos. Alterações para o consumidor seriam somente no futuro, segundo o consultor

Diante da forte consolidação de outros concorrentes, a reação do Magazine Luiza é hoje a mais aguardada pelo mercado. Desde meados do ano passado, quando o Pão de Açúcar iniciou um impressionante avanço no setor de varejo de móveis e eletroeletrônicos, comprando o Ponto Frio e, meses depois, se unindo a Casas Bahia, o Magazine vem perdendo posições. A última ultrapassagem foi a da Máquina de Vendas, empresa criada pela associação da Ricardo Eletro com a Insinuante - e que já conta com a City Lar. Até aqui, Luiza Trajano foi uma grande vendedora, capaz de entender em detalhes a demanda de seus clientes. Mas, para seguir crescendo, ela precisa agora mostrar se também consegue ser uma boa compradora.


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