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Magazine Luiza corta o que pode e engorda o caixa para 2016

Economias não foram suficientes para evitar a queda nas vendas e as perdas da varejista, mas fortaleceram o caixa para este ano


	Magazine Luiza: "em momentos de dificuldade, é preciso focar na geração de caixa", disse o CEO Frederico Trajano
 (Luísa Melo/Exame.com)

Magazine Luiza: "em momentos de dificuldade, é preciso focar na geração de caixa", disse o CEO Frederico Trajano (Luísa Melo/Exame.com)

Luísa Melo

Luísa Melo

Publicado em 3 de março de 2016 às 11h40.

São Paulo - Durante 2015, o Magazine Luiza enxugou o que pôde: cortou gastos com marketing, renegociou preços de aluguéis e serviços de parceiros, baixou o consumo de energia, diminuiu sua dívida e até encolheu a equipe.

As economias não foram suficientes para evitar as perdas, mas fortaleceram o caixa.

A companhia encerrou o ano com um prejuízo de 65,5 milhões de reais, revertendo o lucro recorde de 128,6 milhões registrado em 2014.

As vendas somaram 10,5 bilhões de reais, queda 8,7% na mesma comparação. A retração, porém, foi menor do que a do segmento de varejo de móveis e eletroeletrônicos, no geral, que encolheu 14% no período, segundo o IBGE.

O resultado financeiro líquido, que é a diferença entre tudo o que a empresa ganhou e gastou no ano, ficou negativo em 486,1 milhões de reais, ante 360,7 milhões de reais também negativos em 2014.

"O ano de 2015 teve condições macroeconômicas muito desafiadoras e nosso setor potencializa esses efeitos", justificou o presidente da rede, Frederico Trajano, em conferência com analistas nesta semana.

Reservas

A empresa se preocupou em engordar as reservas e melhorar o capital de giro para encarar 2016, outro ano que promete ser turbulento. O caixa atingiu 1,1 bilhão de reais em 2015, contra 863 milhões de reais no ano anterior.

A geração de caixa operacional aumentou e passou de 91,1 milhões de reais em 2014 para 428,2 milhões de reais no ano passado.

A renovação por 10 anos do acordo para venda de seguros entre o Maganize Luiza e a Cardif também contribuiu para esse fortalecimento. O tratado resultou em uma injeção de capital de 330 milhões de reais na companhia.

Tudo isso ajudou a melhorar a qualidade do endividamento da varejista. A dívida líquida ajustada passou de 651 milhões de reais em dezembro de 2014 para 489 milhões em dezembro de 2015.

Assim, a relação entre a dívida ajustada e o Ebitda da companhia caiu de 2,3 vezes para 1,1 vez.

"Em momentos de dificuldade, é preciso focar na geração de caixa, e foi exatamente isso que fizemos. Sentimos que estamos devidamente preparados para enfrentar as eventuais dificuldades de 2016", comentou Trajano.

Margens

No ano passado, o Magazine Luiza passou a cobrar por frete e montagem de móveis, investiu em um melhor mix de produtos e maior oferta de serviços. Essas medidas levaram a um amento da margem bruta em 1,2 pontos percentuais, chegando a 28,7%.

Apesar disso, a queda nas vendas atrapalhou a margem a Ebtida, que caiu 1 ponto percentual e fechou a 5,2%, totalizando 465 milhões de reais.

Para este ano, a empresa espera continuar ganhando participação de mercado sem abrir mão das margens. "Podemos ganhar share sem destruir valor ao acionista", disse Trajano.

O que foi cortado

Para otimizar os gastos e sobreviver à crise, o Magazine Luiza contratou ajuda da consultoria Galeazzi.

Com a orientação dela e um pesado planejamento junto a fornecedores e trabalhadores, a varejista conseguiu reduzir o custo de reforma de suas lojas de 1 milhão de reais para 200.000 reais, segundo Luiza Trajano, presidente do conselho de administração.

Atualmente, a rede está renegociando cerca de 300 contratos de aluguel e revisando acordos com mais de 900 transportadoras.

Ela ainda está reduzindo despesas fixas como transmissão de dados, telefonia, energia, segurança e limpeza.

Também conseguiu negociar uma redução do teto para o dissídio salarial dos funcionários do estado de São Paulo junto a sindicatos e reduziu os empréstimos concedido a clientes.

Frederico Trajano não abre os valores que a companhia já conseguiu economizar, mas diz que acredita que todas as metas serão atingidas.

"Vamos ser muito disciplinados na execução desses projetos", disse em entrevista a EXAME.com.

Paralelamente, o Magazine Luiza enxugou uma parte significativa de sua equipe. No fim de 2014, eram cerca de 22.000 funcionários. Em 2015, o número caiu para 20.000.

A maior parte da redução se deu nas lojas, com o fechamento de postos de trabalho que vagaram devido à rotatividade do setor. Mas houve também demissões no time administrativo.

"Nas lojas, fazemos ajustes fechando a porta de entrada, porque o turnover naturalmente é alto", explicou Frederico Trajano.

A empresa encerrou o ano com 30 novos pontos de venda. Foram investidos 158 milhões de reais em construções.

A consultoria McKinsey foi outra contratada, dessa vez para tentar melhorar a vendas. Ela está mapeando as lojas da rede para verificar discrepâncias e encontrar as melhores práticas.

Cada vez mais digital

O lema do Magazine Luiza é se transformar de "uma empresa tradicional com uma área digital em uma empresa digital com pontos físicos".

Para isso, a companhia investe forte em novas tecnologias e criou em 2014 o Luiza Labs, laboratório de desenvolvimento de soluções que tem hoje 50 engenheiros dedicados.

Só no ano passado, alocou 54 milhões de reais em digitalização de lojas. Seu aplicativo para compras via celular, lançado há quatro meses, já tem 1 milhão de usuários.

Como reflexo desses esforços, as vendas online corresponderam a 21,1% da receita total da companhia no último trimestre, um crescimento de 19,1%.

Essa fatia, de acordo com Frederico Trajano, só deve crescer. "É uma tendência. Se a gente acompanhar, vai ganhar mercado automaticamente".

Já no segundo semestre deste ano, o Magazine Luiza abrirá ao mercado o seu marketplace, vitrine em que outras empresas podem anunciar produtos em seu e-commerce.

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