Negócios

Lucro do Itaú cai 40% no 2º trim. com salto nas provisões, e ações recuam

Provisões para perdas com calotes quase dobrou em meio à crise decorrente da pandemia de coronavírus

Itaú: banco registrou lucro de 4,2 bilhões de reais no segundo trimestre de 2020 (Lucas Agrela/Site Exame)

Itaú: banco registrou lucro de 4,2 bilhões de reais no segundo trimestre de 2020 (Lucas Agrela/Site Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de agosto de 2020 às 17h30.

Última atualização em 4 de agosto de 2020 às 19h09.

O Itaú Unibanco registrou lucro líquido recorrente de 4,20 bilhões de reais no segundo trimestre, 40,2% menor em relação ao mesmo período do ano passado, quando totalizou 7,03 bilhões de reais. O resultado, impactado pelo reforço no colchão para perdas por causa da pandemia, porém, cresceu 7,5% em relação aos três meses imediatamente anteriores. Os números não agradaram os investidores, e as ações puxaram o Ibovespa para baixo nesta terça-feira, 4, com queda de 5,83%.

"Vivemos no segundo trimestre o pior momento da economia do Brasil", afirma Milton Maluhy Filho, vice-presidente executivo de riscos e finanças do Itaú, durante teleconferência com jornalistas. "Trabalhamos com provisões [para devedores duvidosos] e fizemos antecipações [de possíveis calotes e atrasos no pagamento] de novo nesse trimestre, mas a tendência é positiva para os próximos trimestres", acrescenta. 

No primeiro trimestre, o provisionamento foi de 3,8 bilhões de reais, sendo que 3,4 bilhões de reais diretamente relacionados ao cenário da pandemia. Já no período de maio a junho, o provisionamento foi de algo de 2 bilhões de reais, dos quais 1,8 bilhão de reais estão ligados ao quadro de covid-19. "Sempre olhamos o ciclo de 12 meses para frente." O saldo de provisões aumentou de 33,1 bilhões de reais em junho de 2019 para 49,3 bilhões de reais em junho de 2020.

"Podemos continuar elevando [o provisionamento] se o cenário piorar. Mas a minha impressão é que será marginal", diz Candido Bracher, presidente do Itaú, na teleconferência.

A carteira de crédito total do banco alcançou 811,33 bilhões de reais no segundo trimestre, aumento de 2,9% em relação ao primeiro. Em um ano, foi identificada expansão de 20,3%. Já o custo do crédito do banco teve uma redução de 23% no segundo trimestre ante o primeiro, atingindo 7,8 bilhões de reais.

O crescimento dos empréstimos foi motivado pelo crédito corporativo. O Itaú emprestou 3,6% mais a grandes empresas no segundo ante o primeiro trimestre. No caso de micro, pequena e média, o crescimento foi de 2,8%. No outro extremo, as pessoas físicas tomaram 3,9% menos crédito, na mesma base de comparação. "A carteira vai seguir com expansão nas grandes empresas", afirma Maluhy. Ao que Bracher acrescenta que trata-se de um cenário passageiro, em algum momento as pessoas físicas vão retomar o apetite por crédito. "Mas não é que vai voltar no trimestre que vem." 

A rentabilidade sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) seguiu impactada pelo reforço nas provisões. Apresentou, contudo, melhora. Passou de 12,8% no primeiro para 13,5% no segundo. Em um ano, estava em 23,5%.

O patrimônio líquido do Itaú era de 126,357 bilhões de reais ao fim de junho, 0,5% maior em um ano. No trimestre, cresceu 2,2%.

No segundo trimestre, o maior banco da América Latina ultrapassou a marca recorde de 2 trilhões de reais em ativos totais, alta de 23,6% em um ano. No comparativo trimestral, foi visto incremento de 4,7%.

O Itaú manteve suspensas as projeções de desempenho para 2020 por causa da pandemia do novo coronavírus.

Acompanhe tudo sobre:ItaúLucroBalanços

Mais de Negócios

'Algumas situações podem ser potencializadas com IA, mas com limites', diz diretora do Dante

Construtora de residencial mais alto de BC projeta dobrar vendas em 2026

Banco da Amazônia anuncia nova unidade em São Paulo

De trailer usado a negócio de US$ 500 mil: a cafeteria móvel que virou caso de gestão lucrativa