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Lucro de bancos privados encolhe 6% no 2º trimestre

Lucro dos bancos privados caiu 6% no 2º trimestre, refletindo as provisões para perdas com calotes


	Lucro: ganhos dos bancos se sustentaram sobre prestação de serviços, mas foram afetados por provisões contra calotes
 (Beatriz Albuquerque /Cláudia)

Lucro: ganhos dos bancos se sustentaram sobre prestação de serviços, mas foram afetados por provisões contra calotes (Beatriz Albuquerque /Cláudia)

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Da Redação

Publicado em 3 de agosto de 2016 às 09h53.

São Paulo - Os grandes bancos privados sentiram os reflexos da continuidade da piora dos calotes no segundo trimestre. A inadimplência foi pressionada por problemas específicos com grandes empresas, como a Sete Brasil e a operadora Oi, ambas em processo de recuperação judicial, e ainda devido ao aumento do desemprego, que afeta diretamente a pessoa física.

Com a economia caminhando para mais um ano de recessão e em meio ao baixo apetite por crédito, os bancos foram obrigados a revisar para baixo suas projeções para 2016. Ainda assim, continuaram reforçando o ganho com receitas e serviços.

Juntos, Itaú, Bradesco e Santander Brasil reportaram lucro líquido de R$ 11,515 bilhões, cifra 6,24% inferior em relação aos R$ 12,282 bilhões vistos um ano antes.

Considerando ajustes não recorrentes, o resultado combinado foi de R$ 11,026 bilhões, recuo de 5,77% na mesma base de comparação. Trata-se da segunda queda trimestral consecutiva no lucro líquido dos grandes bancos privados.

O período de abril a junho ainda teve o impacto da Sete Brasil. Sem fazer menção à empresa, Itaú e Bradesco informaram que completaram o provisionamento de 100% de um crédito específico no segmento de atacado.

No próximo trimestre, o caso ainda deve pesar na inadimplência acima de 90 dias, que cresceu ao final de junho, com exceção do Santander. Mas a expectativa dos bancos é baixar esse crédito específico a prejuízo até o final deste ano.

Diante disso, os bancos privados seguiram reforçando o saldo de provisões para devedores duvidosos, as chamadas PDDs. A cifra saltou 62% no segundo trimestre em relação a um ano antes, para quase R$ 87 bilhões.

Em relação a março, a alta foi de pouco mais de 2%, uma desaceleração ante o avanço de 3% visto no primeiro trimestre em relação aos últimos três meses de 2015, refletindo os reforços feitos anteriormente.

Como consequência, as despesas com PDDs encolheram no comparativo trimestral, mas aumentaram mais de 19% em relação ao segundo trimestre do ano passado, para perto dos R$ 14,7 bilhões.

Projeções mais cautelosas

Do ponto de vista de crédito, a demanda continua decepcionando, mas a expectativa dos bancos é de que o apetite de indivíduos e empresas melhore até o final do ano, na esteira da retomada da confiança no País.

Enquanto esse sentimento de melhora não se materializa, as instituições privadas preferiram reduzir seus "guidances" (metas), uma vez que as carteiras encolheram novamente.

O Itaú prevê agora queda de até 10,5% da sua carteira total de financiamentos neste ano em relação a 2015. Já o Bradesco projeta redução de até 4%. O Santander não divulga guidance.

Além da baixa demanda, os bancos seguem seletivos para emprestar, como reflexo do aumento da inadimplência. A expectativa é de que o pico dos calotes ocorra entre o final deste ano e o início de 2017, exigindo que essas instituições sigam vigilantes em relação à qualidade creditícia dos seus clientes.

Na visão do presidente do Santander, Sérgio Rial, o primeiro semestre foi muito "duro" em termos de condições macroeconômicas, mas o segundo semestre deve ser mais positivo, com a queda do risco de refinanciamento das empresas, o que tende a contribuir para a qualidade dos ativos.

Além disso, novos grandes casos de calotes foram descartados. "Não há nenhum grande caso no radar", acrescentou o diretor executivo do Bradesco, Luiz Carlos Angelotti.

Serviços

Com o crédito encolhendo, o reforço no resultado continuou vindo das receitas com prestação de serviços. O espanhol Santander entregou a maior expansão, de 14,36%, enquanto o Itaú elevou esses ganhos em 10,00% e o Bradesco em mais de 8%.

Outro indicador que seguiu em expansão foi o índice de Basileia. Com o crédito em queda, o indicador, que mede quanto o banco pode emprestar sem comprometer seu capital, subiu nos três bancos. O retorno, porém, diminuiu como consequência do aumento dos calotes.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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