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Lucro das empresas de maquininha deve cair 36% em 2020 e 26% em 2021

O pagamento por link da Cielo teve aumento de 620% desde o início da pandemia, mas a modalidade não foi suficiente para compensar a queda das vendas físicas

Cielo: até mesmo grandes grupos estão usando o pagamento por link da companhia, como O Boticário, Santa Lolla e Ri Happy (Cielo/Divulgação)

Cielo: até mesmo grandes grupos estão usando o pagamento por link da companhia, como O Boticário, Santa Lolla e Ri Happy (Cielo/Divulgação)

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Natália Flach

Publicado em 17 de abril de 2020 às 05h55.

Última atualização em 17 de abril de 2020 às 08h09.

O distanciamento social não afetou apenas a receita das varejistas, mas também das credenciadoras de cartões. A estimativa é que o lucro da Cielo, PagSeguro e Stone caia em média 36% em 2020 e 26% em 2021, segundo relatório do banco UBS. Isso porque o volume total de pagamento deve recuar 3,2% neste ano (ante uma previsão anterior à pandemia do novo coronavírus de alta de 20,4%) e ter uma recuperação de 20,8% no ano que vem. "A projeção parte do pressuposto de que o isolamento durará até o fim de abril, com a volta do consumo no quarto trimestre", escrevem Mariana Taddeo e Kaio Prato, analistas do UBS.

Paulo Caffarelli, presidente da Cielo, diz que ainda é cedo para fazer tais estimativas, porém deixa claro que deve haver impacto, sim. Afinal, o faturamento das varejistas vem caindo desde o início da pandemia de novo coronavírus no Brasil. A receita nominal chegou a contrair 52,3% na quarta semana de março e 43,3% na primeira de abril. Agora, na terceira semana deste mês, houve um arrefecimento para 37,8%, de acordo com o Índice Cielo do Varejo Ampliado. Dessa forma, a queda acumulada do período da pandemia é de 27%. "Ainda assim é muito significativa", diz Caffarelli.

Como muitas maquininhas estão de escanteio no momento porque as lojas estão com as portas fechadas, os empreendedores que não possuem estrutura própria de e-commerce têm recorrido ao pagamento por link. Por essa modalidade, basta enviar um link para que a compra seja paga por cartão de crédito ou débito. "A adesão aumentou 620%", afirma Caffarelli, referindo-se ao período da pandemia. "Apesar do avanço, não é o suficiente para compensar a queda no volume de vendas no varejo físico."

Até mesmo grandes grupos estão usando o pagamento por link, como O Boticário, Santa Lolla e Ri Happy. "Acho que essa tendência veio para ficar", diz. Disponível desde outubro de 2019, o pagamento por link pode ser obtido no aplicativo Cielo Pay. Por meio dele, é possível gerar um QR Code no celular, emitir boletos e criar links de pagamentos — que podem ser compartilhados em redes sociais, como WhatsApp e Instagram.

A Cielo responde por cerca de 40% das transações no Brasil e tem 1,6 milhão de clientes - a maior parte do faturamento vem de grandes empresas, mas a companhia vinha fazendo um esforço para balancear esse mix com mais companhias de menor porte. "Hoje 65% do faturamento vêm de grandes contas e o restante de varejo [empresas menores]. A estratégia de inversão de pirâmide continua."

Sobre o futuro do mercado de adquirência no Brasil, Caffarelli acredita que haverá um processo de consolidação, em linha com o que aconteceu em países mais desenvolvidos. No entanto, não quis dar detalhes se pretende liderar esse movimento.

Segundo os analistas do UBS, a pressão competitiva deve diminuir durante o período de bloqueio, pois os comerciantes têm menos probabilidade de trocar de adquirente nessa situação.

Apesar dos volumes menores, as três adquirentes com capital aberto têm posições líquidas ajustadas de caixa sólidas. A Cielo encerrou 2019 com 1 bilhão de reais em caixa, a PagSeguro com 8 bilhões de reais e a Stone com 5 bilhões de reais.

Com o declínio do TPV, há um risco crescente de inadimplência nos negócios de crédito das adquirentes. "Acreditamos que a PagSeguro e a Stone se tornarão mais conservadoras quanto à oferta de crédito, reduzindo significativamente a originação nos próximos meses", escrevem os analistas.

A Stone, no entanto, anunciou que fornecerá 100 milhões de reais em micro-empréstimos para ajudar os comerciantes afetados pelo isolamento. Já a Cielo passou a ofertar a antecipação de recebíveis para os 900.000 clientes que nunca fizeram a antecipação. Mas mais importante ainda é que as adquirentes provavelmente atuarão como distribuidores de crédito dos bancos para pequenas e médias empresas e microempresários, a fim de ajudá-los a enfrentar a situação do coronavírus.

Estimativa de resultado líquido

EmpresaUBS / 2020Consenso mercado / 2020 UBS / 2021Consenso mercado / 2021 
Cielo8241.1721.1541.340
PagSeguro1.2631.7501.7932.275
Stone7079091.1091.519

Fonte: UBS estimativas, Thomson Reuters

 

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