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Lojas Hermes Macedo: o que aconteceu com este império do varejo do século 20

Rede começou pequena, mas se transformou em um dos maiores nomes do varejo no país, chegando a operar 285 lojas

Hermes Macedo: loja em Curitiba era famosa pelas decorações de Natal (Reprodução/Facebook)

Hermes Macedo: loja em Curitiba era famosa pelas decorações de Natal (Reprodução/Facebook)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 7 de dezembro de 2024 às 14h55.

Última atualização em 7 de dezembro de 2024 às 15h38.

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"Do Rio Grande ao Grande Rio". Esse era o bordão que marcou as Lojas Hermes Macedo, ou simplesmente HM, durante décadas no Brasil.

Fundada em Curitiba, em 1932, por Hermes Farias de Macedo, a rede começou pequena, vendendo peças usadas de caminhões. Mas se transformou em um dos maiores nomes do varejo no país, chegando a operar 285 lojas em seis estados.

Conhecida por suas vitrines deslumbrantes, decorações de Natal que paravam cidades e campanhas publicitárias ousadas, a HM era sinônimo de modernidade. Mas como outras gigantes do comércio da época, como Mesbla e Mappin, não resistiu às mudanças do mercado.

Em 1997, o império desmoronou, deixando para trás memórias, ex-clientes nostálgicos e lições importantes sobre o varejo brasileiro.

Como tudo começou

Hermes Macedo tinha 18 anos quando abriu a Agência Macedo, em Curitiba.

O negócio era simples: ele e o irmão Astrogildo compravam caminhões usados, desmontavam os veículos e revendiam as peças, um mercado carente de opções na época.

Com o sucesso, em 1936 veio a segunda loja, com um portfólio mais variado, incluindo bicicletas francesas e eletrodomésticos importados. Em 1942, a primeira expansão fora de Curitiba: uma unidade em Ponta Grossa. Já nos anos 1950, a HM cruzava as fronteiras do Paraná, abrindo lojas em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo.

Curiosamente, Hermes era gaúcho, nascido em Rio Pardo, mas foi em Curitiba que encontrou sua vocação.

Em 1956, ele inaugurou a primeira unidade em Porto Alegre, oferecendo rádios, fogões, bicicletas e até motocicletas.

O auge do varejo

Nos anos 1970 e 1980, as Lojas Hermes Macedo estavam em todas as grandes cidades do Sul e Sudeste. Com 180 lojas em 1982 e alcançando 285 no auge, a HM oferecia de tudo:

  • Roupas
  • Eletrodomésticos
  • Artigos para casa
  • Materiais de pesca
  • Bicicletas da Caloi, das quais era a maior revendedora do país.

As vitrines e fachadas eram cuidadosamente renovadas, e as decorações de Natal transformavam as lojas em pontos turísticos.

No rádio, na TV e nos jornais, os anúncios da HM destacavam não só os produtos, mas também os sorteios que premiavam clientes com carros novos.

Em Curitiba, a HM era quase uma instituição. Em 1988, a empresa inaugurou a Loja Garcez, direcionada ao público de classes A e B, no centro da cidade. O marketing da HM também era agressivo, com patrocínios e campanhas que consolidaram a marca como uma das mais reconhecidas do Brasil.

O grupo diversificou suas operações com concessionárias de veículos, centros automotivos, uma financeira que mais tarde virou banco e até empresas de publicidade. A EXAME chegou a posicionar a Hermes Macedo como uma das maiores empresas do Brasil na década de 1980.

O início do fim

Mas os anos 1990 chegaram, trazendo novos desafios. O Plano Collor devastou o consumo, e a morte da esposa de Hermes Macedo acirrou disputas familiares.

Enquanto isso, concorrentes como C&A e Casas Bahia avançavam com lojas menores e modelos de gestão mais eficientes.

Em 1995, a HM pediu concordata (o que hoje é a recuperação judicial) e tentou salvar a operação com um acordo com as Lojas Colombo.

A parceria não foi suficiente. Dois anos depois, a falência foi decretada.

Hermes Macedo, que também foi deputado federal, não viu o fim de sua rede: ele faleceu em 1993.

Legado e nostalgia

Apesar do fim, a história das Lojas Hermes Macedo segue viva na memória de clientes e funcionários. Para muitos brasileiros, a HM era mais que uma loja — era onde famílias inteiras descobriam novidades, celebravam o Natal e sonhavam com as modernidades da época.

Hoje, grupos nas redes sociais reunem "hermacianos", como eram chamados os funcionários, e antigos consumidores nostálgicos que lembram das campanhas, dos sorteios e dos produtos que marcaram uma época.

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