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Líder petroleiro diz que "tudo é político nessa vida"

Coordenador da FUP, José Maria Rangel, culpou a orientação política de Parente de querer desmantelar a Petrobras

Greve: reivindicação dos petroleiros é por preços mais baixos para a gasolina, o diesel e o Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) (Ricardo Moraes/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de maio de 2018 às 20h10.

Rio - O coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel, principal líder da greve dos petroleiros, rebateu nesta quarta-feira, 30, em um programa no YouTube o argumento do presidente da Petrobras, Pedro Parente , de que a paralisação da categoria é política.

Em entrevista a blogueiros, Rangel afirmou que "tudo é política nessa vida", e culpou a orientação política de Parente de querer desmantelar a Petrobras . Parente foi ministro da Casa Civil durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Rangel defende que, como empresa pública, a Petrobras tem obrigações com a sociedade, e não pode aumentar o preço dos combustíveis da maneira que está fazendo.

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"A Petrobras ainda é uma empresa do Estado, então penso eu que é para o povo brasileiro que essa empresa tem que concentrar seus esforços", afirmou o coordenador da FUP.

Ele lembrou que, ao assumir o governo, um das primeiras decisões do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi manter o preço do gás de cozinha em patamares aceitáveis, o que não está acontecendo com a política adotada por Parente. Desde julho do ano passado, a Petrobras passou a ajustar os preços dos seus produtos de acordo com o mercado internacional, o que trouxe maior volatilidade aos preços.

"O presidente Lula teve a sensibilidade de ver que o gás de cozinha faz parte da cesta básica do brasileiro. A Petrobras passou a ter participação em todas as distribuidoras e assim conseguiu regular o mercado. No governo do PT, o gás de cozinha saiu de R$ 30 para R$ 40 e poucos, ajuste menor que a inflação, agora disparou", observou Rangel.

Os ajustes diários do gás de cozinha desde julho de 2017 passaram a ser trimestrais em janeiro de 2018. Na época, Parente argumentou que a medida visava suavizar os repasses da volatilidade dos preços ocorridos no mercado internacional para o preço doméstico.

Rangel acusa também Parente de ter "a opção política" de sucatear o parque de refino da empresa, reduzindo uma capacidade que já foi de 2 milhões de barris diários no governo Dilma Rousseff. Segundo ele, as refinarias da companhia hoje operam com cerca de 60% da sua capacidade, que chegava a quase 100% no governo anterior. Com menos refino interno, ressaltou, o País precisa importar mais derivados e o preço sobe.

"E é isso que estamos contestando na greve, não vamos falar amém para ele", afirmou. "As pessoas estão indignadas em pagar R$ 5 no litro da gasolina, mas não lutam contra isso e os petroleiros estão fazendo isso, ao mesmo tempo em que faz a defesa da nossa empresa", afirmou o sindicalista.

A reivindicação da greve dos petroleiros é por preços mais baixos para a gasolina, o diesel e o Gás Liquefeito de Petróleo (GLP); maior processamento de petróleo nas refinarias da empresa; e a demissão de Pedro Parente.

A Petrobras já foi procurada pela reportagem do Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, mas ainda não se posicionou.

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