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Líder nos voos regionais, Azul estreia na ponte Rio-São Paulo

Companhia vai oferecer 32 voos entre as duas cidades por dia, com o objetivo de conectar as capitais aos seus destinos no interior

Azul: de terno, à esquerda, John Rodgerson, o presidente, e à direita, Jason Ward, diretor de RH, na estreia na ponte aérea em Congonhas (Azul/Divulgação)
DG

Denyse Godoy

Publicado em 29 de agosto de 2019 às 09h49.

Última atualização em 1 de setembro de 2019 às 20h38.

São Paulo — Durante 11 anos, a Azul se orgulhou de fazer das rotas aéreas pelo interior do Brasil um negócio forte e rentável como nenhuma outra companhia havia conseguido antes. Mas considera a entrada na ponte aérea Rio-São Paulo, ligando os aeroportos Santos Dumont e Congonhas, o ponto mais alto de sua história.

Decolou hoje às 7h30 do aeroporto paulistano o primeiro voo da Azul na linha mais lucrativa do país – e quarta do mundo. Com festa no saguão, músicos tocando MPB ao vivo (“Azul”, de Djavan) e funcionários pulando e dançando, o presidente da empresa, John Rodgerson, discursou.

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“Chegamos. Estamos muito felizes. O aumento da concorrência é ótimo para o consumidor e para os aeroviários. Os preços das passagens vão cair e o duopólio que atuava na ponte aérea vai ser obrigado a melhorar a qualidade do serviço”, disse Rodgerson.

Ele se referia à Gol e à Latam, as duas líderes do mercado doméstico, que dominavam essa rota, com respectivamente 236 e 234 slots (espaços para pouso e decolagem) em Congonhas.

 

A oportunidade para a Azul entrar na ponte aérea surgiu quando a Avianca Brasil, a quarta maior do país, que detinha 40 slots em Congonhas, pediu recuperação judicial, em dezembro. A Azul tentou comprar diretamente da Avianca os seus ativos, incluindo os slots, mas não chegou a um acordo com os credores.

Os slots chegaram a ser arrematados pela Gol e pela Latam no leilão de ativos que o processo de recuperação judicial exige, mas a venda foi desconsiderada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), porque os slots são licenças dadas pelo governo e não bens da empresa.

Na redistribuição dos slots que estavam vagos em Congonhas, em julho, a Azul ficou com 15. A Passaredo, que tem sede em Ribeirão Preto, conseguiu 14 e a MAP, Amazonas, obteve 20.

Nessa reorganização, a Azul ainda deu uma grande sorte. A pista principal do Santos Dumont está fechada para reforma de 24 de agosto até 21 de setembro. A Gol e a Azul eram as únicas a ter aviões do tamanho permitido para usar a pista auxiliar do aeroporto fluminense.

Como a Gol decidiu desviar todos os seus voos para o Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, a Azul vai ficar sozinha durante esse período voando entre Congonhas e o Santos Dumont.

A empresa aposta que, nesse período, vai conseguir conquistar clientes que nunca voaram pela Azul antes com a qualidade do seu serviço. A companhia tem os índices mais altos de pontualidade do país e foi escolhida pelo site de turismo TripAdvisor a melhor companhia aérea da América Latina neste ano.

 

A Azul vai operar 32 voos por dia na ponte aérea (16 partindo de cada cidade) usando os E-Jets da Embraer, que têm 118 lugares. No voo inaugural, hoje, Rodgerson pessoalmente serviu as bebidas aos passageiros. A Azul oferece, na ponte aérea, sacolinhas com lanchinhos à vontade – torradinhas, batatinhas chips, bolinhos, cookies –, bebidas frias e café. Também tem TVs individuais com 40 canais da Sky ao vivo.

Quando a pista principal do Santos Dumont voltar a operar, pretende colocar também seus Airbus nos horários de maior movimento, revezando com os Embraer, e aí terá internet.

“Gostei muito do voo”, disse José Roberto Pacheco, diretor de relações com investidores da operadora de planos odontológicos Odontoprev. O executivo não costuma voar muito pela Azul. “Se não tivesse essa opção do Santos Dumont, eu nem viria ao Rio hoje.”

A Azul diz que as rotas regionais continuarão sendo prioridade. "Na ponte aérea, teremos 32 voos por dia, contra 900 no restante do Brasil", diz Rodgerson. “Continuaremos inaugurando entre cinco e seis novos destinos por ano pelos próximos cinco anos. O passageiro das rotas regionais merecem ter acesso aos grandes aeroportos do Brasil.”

O grande objetivo da companhia é conseguir ampliar a sua malha pelo país oferecendo a conexão com São Paulo e o Rio de Janeiro. Para fazer frente ao aumento nos voos, a Azul já contratou mais de 1.000 funcionários neste ano – entre pessoal de solo, pilotos e comissários – e pretende chegar a até 2.000 no final de 2019. Muitos vieram da Avianca, que foi proibida de operar pela Anac em maio por razões de segurança.

A receita da Azul subiu 16% no primeiro trimestre deste ano contra igual período de 2018, para 2,54 bilhões de reais. Mas, como os gastos com pessoal cresceram 37% por causa dos esforços de expansão da empresa, os lucros capiram 20%, para 137,7 milhões.

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