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Latam vai demitir 2.700 tripulantes — no mínimo

Demissões começam após o dia 4 de agosto; justificativa dos desligamentos é a crise no setor aéreo causada pela pandemia do coronavírus

Latam: medida é após o resultado de assembleia conduzida pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA).  (Ivan Alvarado/Reuters)

Janaína Ribeiro

Publicado em 31 de julho de 2020 às 19h37.

Última atualização em 1 de agosto de 2020 às 10h07.

A Latam confirmou à EXAME o desligamento de, no mínimo, 2.700 tripulantes da companhia aérea no Brasil. Entre hoje, 31, até o dia 4 de agosto será aberto processo de plano de demissão voluntária (PDV), e, após essa data, serão iniciadas as demissões.

A medida é após o resultado de assembleia conduzida pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA).

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Em nota, a empresa justifica as demissões devido à crise no setor aéreo com a pandemia do novo coronavírus.

"A pandemia de covid-19 representa a maior crise de saúde pública da história e está afetando drasticamente toda a indústria mundial da aviação. A Latam é a maior e mais antiga das três empresas que atuam no Brasil e remunera mais os tripulantes tanto em voos domésticos quanto em internacionais, por isso, a empresa tem a necessidade de equiparar-se às práticas do setor. Diversas vezes essa pauta foi objeto de negociação com o sindicato, contudo a atual crise torna essa medida ainda mais imprescindível para a Latam.A empresa sempre esteve aberta ao diálogo com o objetivo de preservar o máximo de empregos possíveis e manter sua sustentabilidade no longo prazo."

No dia 9 de julho, a Latam afirmou via comunicado oficial que recebeu um aporte de 1,3 bilhão de dólares de um fundo de investimento liderado pela companhia americana Oaktree Capital Management L.P. O empréstimo, feito no modelo devedor em posse debtor-in-possession (ou DIP, na sigla em inglês), permite que os credores tenham prioridade na quitação de dívidas enquanto um grupo estiver em recuperação judicial.

No final de junho, a Latam já havia recebido um aporte de quase 5 bilhões de reais das famílias Cueto e Amaro e da Qatar Airlines, acionistas da empresa.

O setor aéreo é um dos mais afetados pela pandemia do novo coronavírus . A demanda por voos caiu mais de 90% em todo o mundo com a covid-19.

Com menos receitas, as empresas aéreas pressionam sindicatos para reduzir a folha com funcionários. Azul e Gol conseguiram aprovar novo acordo coletivo em junho, mas as discussões com a Latam se arrastaram até esta sexta-feira.

O principal ponto de discórdia estava na proposta feita pela companhia de reduzir permanentemente os salários dos tripulantes, o que não foi aceito pela categoria.

“A votação desta sexta foi realizada devido a uma condição imposta pela Latam, que para continuar negociando exige que a categoria esteja disposta a negociar uma alteração permanente, reduzindo salários”, afirmou o sindicato, em nota. “O SNA já requisitou uma audiência de mediação no Tribunal Superior do Trabalho”.

De acordo com a Latam, ela é “a maior e mais antiga das três empresas que atuam no Brasil e é a que mais remunera os tripulantes em voos domésticos e internacionais”.

Segundo uma comissária da Latam, que preferiu não se identificar por receio de demissão, foi oferecido voluntariamente pelos funcionários um redução de até 60% do salário com a redução proporcional das horas de voo durante a pandemia. Dessa forma, ajudaria a recuperar parte do caixa da empresa e preservaria os empregos. Porém, a companhia disse aceitar apenas se a redução salarial fosse permanente.

"Isso é nada mais do que um sucateamento da profissão. Esse é um trabalho em que abrimos mão de muitas coisas, família, datas especiais, temos que sempre estar estudando, se reciclando na área. Além disso, tem os custos durante as viagens; a alimentação é cara em muitos dos lugares que pernoitamos, e tudo isso querem nos tirar", disse a comissária, que retornou para a casa dos pais e atualmente vende tortas e salgados para poder pagar as contas.

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