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Kering e LVMH proíbem trabalhos com modelos muito magras

As proprietárias de marcas como Saint Laurent, Gucci, Dior e Vuitton também se comprometem a não trabalhar com menores de 16 anos

Gucci: as holdings são proprietárias de marcas como Saint Laurent, Gucci, Dior e Vuitton (Emma McIntyre/Getty Images/Getty Images)

Gucci: as holdings são proprietárias de marcas como Saint Laurent, Gucci, Dior e Vuitton (Emma McIntyre/Getty Images/Getty Images)

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AFP

Publicado em 6 de setembro de 2017 às 08h55.

Última atualização em 27 de fevereiro de 2019 às 18h44.

Depois de anos de polêmica, as gigantes do luxo LVMH e Kering, proprietárias de marcas como Saint Laurent, Gucci, Dior e Vuitton, lançaram nesta quarta-feira (6) um código de ética, comprometendo-se a não trabalhar com modelos extremamente magras e menores de 16 anos.

Esse compromisso sem precedentes foi adotado em conjunto pelos dois grandes grupos franceses do luxo às vésperas da Fashion Week de Nova York. Será aplicado no mundo inteiro, tanto nos desfiles, quanto nas campanhas publicitárias de suas marcas.

"Queríamos agir rapidamente e bater firme, para que as coisas avancem, e tentar estimular ao máximo o restante dos representantes da profissão a seguir nosso exemplo", disse à AFP o presidente da Kering, François-Henri Pinault.

Antoine Arnault, membro do conselho de administração do LVMH e filho de seu presidente, Bernard Arnault, garante que esse código ético destinado a garantir o "bem-estar" das modelos "muda as coisas de verdade".

Os compromissos vão além das disposições legais sobre as modelos que entraram em vigor na França em maio passado.

O novo regulamento prevê, por exemplo, que o atestado médico que as modelos devem apresentar para exercer a profissão - baseado, sobretudo, em seu índice de massa corporal (IMC) - tenha menos de seis meses. A lei em vigor permite uma validade de até dois anos.

LVMH e Kering se comprometem ainda a proibir tamanhos inferiores ao 34 para as mulheres (com base nas medidas francesas) e 44 para os homens.

Esses dois compromissos são "uma medida muito forte que nos permitirá ir adiante", considerou Pinault.

"Muita gente não sabe que o tamanho 32 existe", reconheceu Antoine Arnault.

"Mas alguns estilistas fazem seus próprios protótipos no 32. Isso acabou. Os tamanhos serão, desde já, a partir do 34, que já é bastante pequeno", completou.

"Abusos"

Ambos os grupos também vão deixar de contratar modelos menores de 16 anos.

"Houve abusos", admitiu Arnault.

"Para mim, é algo absolutamente intolerável: uma garota de 15 anos não tem a experiência necessária para enfrentar o difícil mundo da moda e o fato de ser modelo", refletiu o empresário, casado com a modelo Natalia Vodianova.

A juventude das modelos é, com frequência, alvo de polêmica. Um caso de muita repercussão foi o da israelense Sofia Mechetner, que desfilou para a Dior em 2015. Na época, ela tinha 14 anos.

Em março passado, Karl Lagerfeld considerou que, com 15 anos, já não se é tão jovem para desfilar. A "avaliação" surgiu depois da passagem da adolescente Cara Taylor pela passarela da Chanel. Cara também desfilou para outras marcas de luxo, como Valentino e Saint Laurent.

O código de ética define ainda as condições de trabalho das modelos, particularmente das mais jovens - entre 16 e 18 anos - e as "situações de nudez, ou de seminudez", para as quais se terá de contar com o total acordo da profissional.

Prevê também que tenham "acesso a uma comida e bebidas adaptadas às suas necessidades alimentares" e que disponham de um "lugar reservado" para se trocar - "sobretudo, quando estiverem no exterior".

Realizada em março, a Fashion Week parisiense foi marcada por uma polêmica envolvendo o diretor de casting James Scully. Ele denunciou as condições de um casting para a Balenciaga, feito por uma agência concorrente, a qual acusou de ter tratado algumas jovens de forma "sádica e cruel". Elas foram forçadas a esperar várias horas na escada de um edifício.

A aplicação dessas regras será monitorada por um comitê de acompanhamento instaurado por ambos os grupos.

"Os presidentes das marcas do meu grupo velarão para que as medidas sejam aplicadas em todos os setores. Uma marca que não se adequar ao código ético terá de me prestar contas", advertiu François-Henri Pinault.

Kering possui as marcas Gucci, Bottega Veneta, Saint Laurent, Balenciaga, Alexander McQueen, Christopher Kane e Stella McCartney, enquanto o LVMH conta com Dior, Vuitton, Givenchy, Céline, Kenzo, Fendi, Loewe, Berluti e Pucci.

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