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Julgamento antitruste de fusão AT&T e Time Warner começa nos EUA

O julgamento será o primeiro teste da fiscalização antitruste na era digital do governo Trump

A justiça americana bloqueou o acordo planejado de 85 bilhões de dólares entre as empresas (Time Warner/Divulgação)

A justiça americana bloqueou o acordo planejado de 85 bilhões de dólares entre as empresas (Time Warner/Divulgação)

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AFP

Publicado em 22 de março de 2018 às 15h41.

O governo dos Estados Unidos vai à Justiça nesta quinta-feira (22) contra a AT&T e a Time Warner. Esse é o maior julgamento antitruste em décadas, que vai avaliar a tentativa de fusão das duas empresas para criar uma nova gigante da televisão.

A discussão se dará em Washington, após uma tempestade de neve provocar um adiamento de um dia.

O Departamento de Justiça entrou com uma ação em novembro para bloquear o acordo planejado de 85 bilhões de dólares entre a AT&T, uma empresa dominante de telecomunicações e internet, com a poderosa companhia de entretenimento de mídia Time Warner.

Em análise desde o fim de 2016, o julgamento será um teste, acompanhado de perto, da fiscalização antitruste na era digital sob o governo Trump.

A AT&T argumenta que a fusão é necessária para a concorrência, em um cenário de mídia dominado por gigantes como Amazon e Netflix.

O que acrescenta uma dimensão política ao julgamento é a disputa entre o presidente Donald Trump e a CNN, canal da Time Warner - que a Casa Branca acusa regularmente de divulgar "notícias falsas", ou "fake news".

Relatórios não confirmados sugeriram que o governo queria a venda da CNN como condição para a aprovação da fusão.

Revolução no mercado

O Departamento de Justiça argumenta que a união prejudicaria a concorrência e aumentaria os preços.

"Os consumidores americanos vão acabar pagando centenas de milhões de dólares a mais do que pagam agora para assistir a seus programas favoritos na TV", disseram os advogados do governo.

Eles alegam que a AT&T poderia reter ou exigir preços mais altos por conteúdos de televisão de primeira linha, como "Game of Thrones", da HBO, ou a programação esportiva da Turner Broadcasting.

A AT&T alega que as preocupações com a concorrência são exageradas, porque as duas empresas operam em diferentes segmentos: uma é distribuidora, e a outra, produtora de conteúdo.

O acordo, segundo a AT&T, estimulará a concorrência em meio a "uma transformação revolucionária que está ocorrendo no mercado de programação em vídeo".

A empresa disse que a AT&T e a Time Warner criariam um concorrente mais forte para Amazon, Facebook, Google e Netflix.

A Time Warner, de acordo com a AT&T, não pode competir efetivamente, sem um parceiro digital, contra os gigantes da tecnologia, que conseguem coletar dados para anúncios e conteúdo personalizados.

Especialistas legais observam que o bloqueio do acordo iria contra um precedente de décadas de permissão para esses tipos de ligações verticais. Mas o resultado ainda é considerado imprevisível.

Em 2011, uma fusão semelhante entre a Comcast e a NBCUniversal obteve a aprovação do tribunal, com algumas condições.

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