Negócios

J&F acusa Paper Excellence de mentir e distorcer fatos no caso Eldorado

Segundo empresa da família Batista, sua sócia Paper Excellence demorou para cumprir decisão de arbitragem para depósito de garantias em meio a disputa

Plantação de eucalipto da Eldorado Brasil Celulose: J&F e Paper Excellence disputam o controle (João Quesado/Divulgação)

Plantação de eucalipto da Eldorado Brasil Celulose: J&F e Paper Excellence disputam o controle (João Quesado/Divulgação)

DG

Denyse Godoy

Publicado em 28 de novembro de 2019 às 18h38.

Última atualização em 28 de novembro de 2019 às 19h04.

A empresa de participações J&F Investimentos, controlada pela família de Joesley e Wesley Batista, divulgou hoje uma nota à imprensa acusando a sócia holandesa Paper Excellence, com quem briga pelo controle da Eldorado Brasil Celulose, de mentir e distorcer informações no processo de arbitragem da disputa.

Na quarta-feira, 27, a CA Investment, que representa a Paper Excellence no Brasil, informou ter cumprido uma determinação do tribunal arbitral, depositando 11,2 bilhões de reais como garantia de que tem condições de honrar a sua parte no acordo de compra da fatia de 50,6% da Eldorado que ainda está nas mãos da J&F. Na mesma data, a J&F entregou as ações referentes à sua participação de 50,6% na produtora de papel e celulose.

A ordem do tribunal arbitral da Internacional Chamber of Commerce (ICC) foi dada em 6 de junho, mas somente cumprida e tornada pública ontem. O processo corre em sigilo.

Segundo a nota da J&F, a Paper Excellence alegava ter 11,2 bilhões de reais em recursos próprios reservados em suas contas bancárias para a conclusão da compra do controle da Eldorado desde julho de 2018 e foi quem sugeriu ao tribunal arbitral o depósito das garantias. Mas, ao ter sua solicitação aceita, a Paper Excellence voltou atrás. Em vez de realizar o depósito imediatamente, a empresa holandesa, controlada pelo bilionário de origem indonésia Jackson Widjaja, passou a pedir para o tribunal arbitral reduzir o valor a ser depositado. Primeiro, para 6 bilhões de reais, e depois para 9,5 bilhões de reais. Ainda precisou vender debêntures no total de até 1,9 bilhão de reais para conseguir reunir o montante. Daí a demora de quase seis meses da Paper Excellence em fazer o depósito. Ontem, antes mesmo de colocar o dinheiro na conta, a holandesa já pediu que tenha início uma discussão para a liberação do dinheiro.

"O comportamento recente da Paper Excellence atesta a sua incapacidade de cumprir o contrato que assinou, a tempo e modo adequados, confirmando de forma contundente o que a J&F sempre sustentou", diz a nota da família dos Batista.

A Paper Excellence não deu entrevista. Fontes ligadas à empresa dizem que a demora se deu pela dificuldade de chegar a um acordo com a J&F sobre as características e condições das garantias. Para a holandesa, como parte do valor inicialmente prometido dizia respeito a dívidas da Eldorado que já foram quitadas pela produtora de papel e celulose nos últimos meses, o montante devido atualmente pela Paper Excellence é menor.

Em setembro de 2017, a J&F concordou em vender a Eldorado para a Paper Excellence em etapas. Mas, em 2018, depois que a holandesa finalizou a compra de uma fatia de 49,4%, a conclusão do acordo empacou. A Paper Excellence acusa a J&F de criar subterfúgios para dificultar a entrega do restante, enquanto a J&F alega que a Paper Excellence demorou além do combinado para fazer os pagamentos e cumprir outras condições previstas no acordo. Neste início do processo de arbitragem, ambas se acusam de continuar usando os mesmos estratagemas de antes.

A decisão final do tribunal de arbitragem será conhecida em setembro de 2020.

Acompanhe tudo sobre:Eldorado CeluloseJ&FJBSJBSS3Joesley BatistaWesley Batista

Mais de Negócios

De ex-condenado a bilionário: como ele construiu uma fortuna de US$ 8 bi vendendo carros usados

Como a mulher mais rica do mundo gasta sua fortuna de R$ 522 bilhões

Ele saiu do zero, superou o burnout e hoje faz R$ 500 milhões com tecnologia

"Bar da boiadeira" faz investimento coletivo para abrir novas unidades e faturar R$ 90 milhões