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Jeffrey Immelt completa dez duros anos à frente da GE

Executivo que sucedeu Jack Welch enfrentou crises econômicas e queda no valor das ações – e o futuro também não será fácil

Jeffrey Immelt, executivo-chefe da General Electric: o preço da ação, quando ele assumiu, era de 40 dólares. Hoje, está em cerca de 15 dólares (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 7 de setembro de 2011 às 06h00.

São Paulo - Jeffrey Immelt completa, nesta quarta-feira, dez anos como presidente mundial da GE. Em 2001, quatro dias após assumir o cargo, Immelt assistiu ao ataque às torres gêmeas do World Trade Center – uma amostra da década agitada que enfrentaria. As crises econômicas que se seguiram mantiveram a temperatura elevada. Ok, é verdade que o cenário foi bem mais difícil que o vivido por seu antecessor – o lendário Jack Welch. Mas o mundo dos negócios é implacável: a avaliação é que Immelt poderia ter feito melhor.

“O resultado de Immelt é um pouco aquém do esperado”, disse Fábio Takaki, diretor para a América do Sul da consultoria Booz & Company. As mudanças empreendidas por Welch, durante seus 20 anos à frente da empresa, revolucionaram a GE e o transformaram em um dos executivos mais admirados dos anos 90. Welch fez o valor da companhia saltar de 50 bilhões de dólares para 194 bilhões, um crescimento de quatro vezes o valor inicial.

A era Immelt, por sua vez, viu a empresa regredir em vários aspectos. Um deles é bem sensível para os acionistas: o preço da ação, quando assumiu, era de 40 dólares. Hoje, está em cerca de 15 dólares. Já a nota de risco da GE, pela Standard & Poor’s, era o cobiçado AAA – grau máximo de investimento. Agora, é apenas um AA+. “A GE nunca voltou ao que era antes da crise de 2008“, disse Takaki.

Segundo a imprensa internacional, o executivo teria falhado também em pontos considerados essenciais por seu antecessor: a alocação de capital e a avaliação de pessoas. Ele também é muito criticado por sua insistência na GE Capital, o braço financeiro do grupo. Immelt acabou cedendo, e a GE reduziu fortemente sua participação na GE Capital – para os críticos, tarde demais.

Retrospecto

Analisar a gestão de Immelt não é fácil, tendo em vista que, apesar dessas baixas, a comparação entre a GE e as outras empresas mostra que ela está bem em outros quesitos. Entre eles, estaria a venda da GE Plastics para a Saudi Basic Industries por 11,6 bilhões de dólares em 2007, e a venda da NBCU Media Unit. A mudança de portfólio faz parte da estratégia da GE. Immelt investiu nos setores de energia verde, água e saúde. Alfredo Passos, professor de Inteligência Competitiva da ESPM, destaca os investimentos em saúde e infraestrutura. “São duas áreas onde há muita coisa para acontecer”, disse.

Para Passos, agora Immelt enfrenta o desafio da competição com a indústria chinesa e da estagnação na Europa. Além da lucratividade cobrada pelos analistas. “Está mais difícil conseguir a mesma lucratividade”, disse. Segundo Passos, um ponto a favor para a empresa é sua presença nos mercados emergentes. Quando assumiu, cerca de 35% das receitas vinham do exterior – agora, é cerca de 60%. A opinião pública americana parece discordar disso.

Opinião pública

Immelt dirige um ícone da indústria americana. Uma empresa centenária, fundada por Thomas Edison, que fabrica de lâmpadas a motores de avião, passando pelos setores de saúde e óleo e gás. A opinião pública cobra a geração de empregos– baixa no país e fervilhante nos países emergentes, para onde a GE tem se expandido.


Recentemente, Immelt aceitou o convite de Obama para ser líder do Conselho de empregos e competitividade. O cargo que gera ainda mais cobranças da opinião pública sobre a geração de empregos da GE nos Estados Unidos.

No caso de Immelt, equilibrar o desejo dos acionistas e da opinião pública não é fácil. A opinião pública cobra geração de empregos dentro dos Estados Unidos. “Ela é uma empresa americana ou global? Acho que isso não está muito bem resolvido”, disse Takaki. Já os acionistas querem resultados.

Em quase 130 anos de existência, a GE teve apenas nove presidentes - incluindo Immelt.  Antes de sentar-se na cadeira de CEO, o executivo passou por uma seleção que durou seis anos. Na presidência, Immelt foi eleito pelo Financial Times o "Homem do ano" em 2003 e pela revista americana Business Week um dos melhores executivos de 2004. Ele é mais avesso aos holofotes que seu antecessor, segundo Passos.

Welch também viveu dias difíceis, segundo Takaki. Quando ele assumiu a presidência, a economia americana não estava em seu melhor momento. Mas ele foi beneficiado pelo auge na década de 90 – e deixou a empresa quando a economia americana vivia um grande instante. Immelt, por sua vez, já enfrentou dez anos nebulosos – e os acionistas da GE não desejam uma nova década assim.

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“O resultado de Immelt é um pouco aquém do esperado”, disse Fábio Takaki, diretor para a América do Sul da consultoria Booz & Company. As mudanças empreendidas por Welch, durante seus 20 anos à frente da empresa, revolucionaram a GE e o transformaram em um dos executivos mais admirados dos anos 90. Welch fez o valor da companhia saltar de 50 bilhões de dólares para 194 bilhões, um crescimento de quatro vezes o valor inicial.

A era Immelt, por sua vez, viu a empresa regredir em vários aspectos. Um deles é bem sensível para os acionistas: o preço da ação, quando assumiu, era de 40 dólares. Hoje, está em cerca de 15 dólares. Já a nota de risco da GE, pela Standard & Poor’s, era o cobiçado AAA – grau máximo de investimento. Agora, é apenas um AA+. “A GE nunca voltou ao que era antes da crise de 2008“, disse Takaki.

Segundo a imprensa internacional, o executivo teria falhado também em pontos considerados essenciais por seu antecessor: a alocação de capital e a avaliação de pessoas. Ele também é muito criticado por sua insistência na GE Capital, o braço financeiro do grupo. Immelt acabou cedendo, e a GE reduziu fortemente sua participação na GE Capital – para os críticos, tarde demais.

Retrospecto

Analisar a gestão de Immelt não é fácil, tendo em vista que, apesar dessas baixas, a comparação entre a GE e as outras empresas mostra que ela está bem em outros quesitos. Entre eles, estaria a venda da GE Plastics para a Saudi Basic Industries por 11,6 bilhões de dólares em 2007, e a venda da NBCU Media Unit. A mudança de portfólio faz parte da estratégia da GE. Immelt investiu nos setores de energia verde, água e saúde. Alfredo Passos, professor de Inteligência Competitiva da ESPM, destaca os investimentos em saúde e infraestrutura. “São duas áreas onde há muita coisa para acontecer”, disse.

Para Passos, agora Immelt enfrenta o desafio da competição com a indústria chinesa e da estagnação na Europa. Além da lucratividade cobrada pelos analistas. “Está mais difícil conseguir a mesma lucratividade”, disse. Segundo Passos, um ponto a favor para a empresa é sua presença nos mercados emergentes. Quando assumiu, cerca de 35% das receitas vinham do exterior – agora, é cerca de 60%. A opinião pública americana parece discordar disso.

Opinião pública

Immelt dirige um ícone da indústria americana. Uma empresa centenária, fundada por Thomas Edison, que fabrica de lâmpadas a motores de avião, passando pelos setores de saúde e óleo e gás. A opinião pública cobra a geração de empregos– baixa no país e fervilhante nos países emergentes, para onde a GE tem se expandido.


Recentemente, Immelt aceitou o convite de Obama para ser líder do Conselho de empregos e competitividade. O cargo que gera ainda mais cobranças da opinião pública sobre a geração de empregos da GE nos Estados Unidos.

No caso de Immelt, equilibrar o desejo dos acionistas e da opinião pública não é fácil. A opinião pública cobra geração de empregos dentro dos Estados Unidos. “Ela é uma empresa americana ou global? Acho que isso não está muito bem resolvido”, disse Takaki. Já os acionistas querem resultados.

Em quase 130 anos de existência, a GE teve apenas nove presidentes - incluindo Immelt.  Antes de sentar-se na cadeira de CEO, o executivo passou por uma seleção que durou seis anos. Na presidência, Immelt foi eleito pelo Financial Times o "Homem do ano" em 2003 e pela revista americana Business Week um dos melhores executivos de 2004. Ele é mais avesso aos holofotes que seu antecessor, segundo Passos.

Welch também viveu dias difíceis, segundo Takaki. Quando ele assumiu a presidência, a economia americana não estava em seu melhor momento. Mas ele foi beneficiado pelo auge na década de 90 – e deixou a empresa quando a economia americana vivia um grande instante. Immelt, por sua vez, já enfrentou dez anos nebulosos – e os acionistas da GE não desejam uma nova década assim.

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