JAC Motors quer ser o Magazine Luiza dos carros
Com investimentos de 380 milhões de reais, montadora chinesa desembarca no país com 50 concessionárias e veículos mais baratos
Da Redação
Publicado em 11 de março de 2011 às 16h40.
Campinas - A montadora chinesa JAC Motors desembarca no país no próximo dia 18 de março, um ano e meio depois de fechar um contrato com o Grupo SHC, do empresário Sérgio Habib, também importador da marca de luxo Aston Martin.
Serão 380 milhões de reais para a rede de concessionários, marketing, adaptações nos carros e despesas operacionais. A empresa vai inaugurar, no mesmo dia, 50 concessionárias no país em 28 cidades – com maior concentração em São Paulo, Rio de Janeiro e no Nordeste -, com dois modelos: o J3 e o J3 Turin. Serão 35 concessionários próprios e 15 nomeados, com 1.500 funcionários.
A estratégia da JAC Motors é semelhante à da varejista Magazine Luiza: inaugurar, de uma só vez, 50 lojas no país, a exemplo que o magazine fez em 2008 na capital paulista. A projeção da montadora chinesa é chegar a 80 cidades no final do ano.
A agressiva e arriscada estratégia de inaugurar tantas concessionárias em um país que ainda desconhece as marcas chinesas é explicada por Habib. “O grande problema das chinesas no Brasil é ter rede. Com uma grande rede, teremos mais volume de vendas e maior possibilidade de fazer propaganda da marca”, disse ele a EXAME.com (aliás, o garoto-propaganda da empresa será o apresentador Faustão).
“Em média, o brasileiro troca de carro a cada dois anos e meio, então há um grande mercado a ser explorado.” Ele espera vender 35.000 unidades neste ano - o equivalente a 1% do mercado nacional.
Preços baixos - Outra semelhança com o Magazine Luiza é a faixa de preço em que a JAC pretende atuar: assim como a rede de lojas, a montadora chinesa mira em preços acessíveis. No caso de carros, trata-se da fatia entre 30.000 reais e 40.000 reais, com preços unificados em todo o país. “Nós vamos pagar o frete”, diz Habib.
Para atrair mais gente, os modelos da JAC trazem uma variedade de itens de série (sensor de estacionamento, freio ABS, rádio, vidros elétricos, ar condicionado) que os concorrentes não oferecem pela mesma média de preço. “Nós olhamos o mercado e decidimos estar nessa faixa de preço, que é onde mais se concentra o consumo brasileiro”, diz o empresário.Os modelos J3 e J3 Turin custam 37.900 reais e 39.900 reais, respectivamente, e têm seis anos de garantia.
Questionado sobre o porquê de os modelos chineses serem mais baratos, mesmo oferecendo itens de série – e apesar da taxa de 30% de importação de veículos -, Habib disse que os carros da JAC são feitos com aço brasileiro, que na China é vendido por um preço 45% mais barato. A rival Chery, que já anunciou uma fábrica em São Paulo, tem modelos mais baratos, na faixa de 32.000. Habib rebate: “Fazer carro barato é fácil; quero ver se a qualidade é boa”.
Cor local - Os modelos que chegam ao país sofreram 242 modificações de detalhes de acabamento para atender o gosto do consumidor brasileiro. O design é feito com a consultoria do tradicional estúdio Pininfarina – responsável pelo desenho da Ferrari.Com essa grife, o carro chinês quer vender a imagem de ser mais moderno que os concorrentes, mas o resultado é um modelo simples.
Para 2012, a empresa planeja introduzir a tecnologia flex e mais um modelo: o J2, com potência 1.4. Além da rede estruturada, do total de concessionárias, 46 apresentam oficinas próprias. Há também 104 pontos de venda - 54 nos principais shoppings do país.
A JAC tem ainda um centro nacional de peças, em Barueri, na Grande São Paulo, para abastecer em 24 horas as cidades num raio de até 500 quilômetros. Há 10.000 itens no estoque – todos importados da China. A instalação de uma fábrica está fora dos planos de Habib, pelo menos por enquanto. “Isso só se justificaria com uma vendagem anual de 100.000 carros. Vamos dar um passo de cada vez.”