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Irlanda e Reino Unido tentam acabar com Marlboro Man

A Irlanda, marco inicial da batalha contra o fumo, e o Reino Unido estão desferindo os primeiros golpes na mais recente guerra da Europa contra o tabaco

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Anúncio de cigarro com o Marlboro Man: cigarros serão vendidos em maços sem marca, cor verde-oliva (Matias Nieto/Cover/Getty Images)

Anúncio de cigarro com o Marlboro Man: cigarros serão vendidos em maços sem marca, cor verde-oliva (Matias Nieto/Cover/Getty Images)

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Dara Doyle e Donal Griffin

Publicado em 13 de março de 2015 às, 19h25.

Dublin - A Irlanda, marco inicial da batalha contra o fumo, e o Reino Unido estão desferindo os primeiros golpes na mais recente guerra da Europa contra o tabaco, que poderia terminar sendo disputada por advogados.

Os cigarros serão vendidos em maços sem marca, cor verde-oliva, dominados por imagens gráficas de pulmões danificados depois que a Irlanda se tornou, nesta semana, o primeiro país da Europa a determinar o uso de maços simples.

Isso significa o fim das cores associadas com marcas como Marlboro, da Philip Morris International Inc.

Como o Reino Unido está seguindo a liderança da Irlanda, quatro das maiores empresas de tabaco já estão se preparando para tomar medidas legais.

O resultado poderia decidir o destino dos maços na União Europeia, e ameaçar uma indústria de US$ 780 bilhões que já sofre com a diminuição dos níveis de fumantes na Europa e nos EUA.

“Tenho um recado para a indústria tabagista”, disse James Reilly, ministro do governo irlandês responsável pela legislação, em uma entrevista, na terça-feira, em Dublin. “Podem tentar nos atacar, mas devem entender que vamos vencer, e vamos lutar com todas nossas forças. Eles podem ter bilhões, mas nós temos a verdade e o povo do nosso lado”.

Dentro de dois anos, os maços de cigarro na Irlanda serão padronizados, e os avisos de saúde dobrarão de tamanho para ocupar 65 por cento da área de superfície. A Irlanda está seguindo o exemplo da Austrália, o primeiro país do mundo a tomar essa iniciativa.

Em 2012, a Austrália impediu que as empresas de tabaco usassem logotipos, cores ou textos promocionais nas embalagens. Embora a lei ainda esteja sob disputa na Organização Mundial de Comércio, as iniciativas em Dublin e Londres, as primeiras sob a nova diretiva da UE em relação ao tabaco, vão sentar um precedente na Europa.

Reino Unido segue os passos

Na segunda-feira, em Londres, a Câmara dos Lordes, a câmara alta não eleita do Reino Unido, vai votar uma legislação sobre maços padronizados de cigarros, depois que os deputados da Câmara dos Comuns apoiaram o plano. O MSCI World Tobacco Index caiu cerca de 3,3 por cento nesta semana.

As empresas do setor disseram que iriam desafiar a lei britânica, que deve entrar em vigência no próximo ano.

“Prevejo uma longa e dura batalha jurídica”, disse Foster Corwith, que ajuda a administrar cerca de US$ 36 bilhões na Causeway Capital LLC em Los Angeles, incluindo ações da British American Tobacco Plc.

Marlboro Man

“Exigir embalagens simples é uma medida desproporcional, injustificada e ilegal, e não existe nenhuma prova crível que indique que isso vai gerar benefícios para a saúde pública”, afirmou a Japan Tobacco Inc., em um comunicado enviado por e-mail.

As empresas de tabaco estão contra-atacando e, no ano passado, o ex-prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, proprietário da Bloomberg LP, empresa controladora da Bloomberg News, disse que iria continuar ajudando o Uruguai na luta contra as empresas que combatem as leis que reduzem o uso de marcas.

Cerca de 23 por cento dos adultos irlandeses fumam, menos do que a proporção de 25 por cento registrada em 2009, mas ainda acima da taxa internacional de 20 por cento, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

“A embalagem simples é a maior ameaça à indústria do cigarro, especialmente se isso acabar se espalhando para os mercados emergentes”, disse Kenneth Shea, analista da Bloomberg Intelligence em Nova York.

“Remover a diferenciação através de imagens de marca como o Marlboro Man, por exemplo, reduz muito o poder de preço do fabricante”.

Compensação pelos maços

Se os tribunais decidirem que os maços simples não estão justificados, o governo pode ser obrigado a compensar os fabricantes.

“Se o Estado perder, nossos filhos terão que pagar por isso”, disse John Mallon, 58, do grupo pró-fumo Forest Eireann, fumante há 46 anos.

“Não conheço nenhum produto que as pessoas queiram comprar apenas pelo pacote. Sempre se trata do que tem dentro. A embalagem é marca”.

Por enquanto, a possibilidade de perder uma batalha nos tribunais é um risco que o governo irlandês está disposto a correr, em uma decisão bem-recebida por todo o espectro político.

“Vi muitas pessoas sofrendo”, disse Reilly, ministro de Questões da Infância e da Juventude na Irlanda. Ele perdeu seu irmão para o câncer de pulmão. “Ele não conseguiu parar até morrer”.

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