Investidores da Vale se preparam para mais sofrimento
O maior desastre da mineração na história do Brasil não poderia ter vindo em pior momento para os investidores em títulos da Vale
Da Redação
Publicado em 18 de novembro de 2015 às 14h17.
São Paulo - A maior produtora de minério de ferro do mundo já estava enfrentando problemas com a queda dos preços dos metais e com a mais profunda recessão econômica em seu país de origem nos últimos 25 anos.
A ruptura de duas barragens operadas pela Samarco Mineração no início deste mês está agora ameaçando elevar os custos pois a escala do acidente quase certamente significa uma supervisão mais rigorosa.
O derramamento da Samarco enterrou uma vila, matou pelo menos 11 pessoas e contaminou um rio de uma extensão de 853 quilômetros, deixando mais de 260 mil pessoas sem água potável.
A Vale tem minas de minério de ferro em todo o Brasil que são semelhantes às da Samarco – grandes reservatórios de rejeitos de lama com resíduos da atividade de mineração – e que agora sofrerão maiores controles dos órgãos ambientais.
Como resultado, os investidores em debêntures estão se preparando para mais sofrimento. Os US$ 2,25 bilhões de notas da Vale com vencimento em 2022 caíram 2,9 por cento desde 5 de novembro, três vezes a média dos mercados emergentes.
“O perfil do caso provavelmente vai causar algum tipo punitivo da recomendação por parte dos reguladores do governo e supervisores da indústria”, disse Michael Roche, estrategista do Seaport Global Holdings. “Isso só contribui para uma condenação negativa sobre a empresa e o setor, o que não vai contribuir para sua recuperação”.
A Samarco, uma joint venture entre a Vale e a BHP Billiton , com sede em Melbourne, disse em 6 de novembro que é muito cedo para determinar o que causou o acidente e que as barragens foram consideradas de acordo com as normas de segurança em uma inspeção em julho.
A Samarco está trabalhando para reforçar duas outras barragens para reduzir o risco para as estruturas, disse a empresa na quarta-feira. Em uma declaração conjunta em 11 de novembro, a BHP e a Vale disseram que estavam participando dos esforços de salvamento, fornecendo ajuda às vítimas e tornando a área segura novamente.
E enquanto as licenças de funcionamento foram suspensas indefinidamente, os dois proprietários disseram que estão comprometidos em restaurar o empreendimento. A Vale disse que poderia levar anos para limpar o Rio Doce.
A Samarco tem US$ 1,7 bilhão em seguros contra interrupções de negócios e suspensão de operações, enquanto a cobertura de responsabilidade civil é menor do que os 250 milhões de reais (US$ 66 milhões) já cobrados pelo órgão ambiental Ibama, disse Luciano Siani Pires, diretor financeiro da Vale, em 16 de novembro em uma teleconferência.
A Vale não espera que as multas e dívidas da Samarco sejam repassadas para os dois proprietários do projeto, ele afirmou.
Em uma entrevista na semana passada, o promotor estadual Guilherme de Sá Meneghin disse que vai procurar penas máximas contra a Samarco, o que pode incluir a exigência de uma indenização de R$ 1 bilhão (US$260 milhões) e o fechamento do lugar de forma permanente.
O acidente também danificou uma correia transportadora da mina da Vale em Mariana e fechou a mina de Fazendão que alimentava a produção da Samarco. A Vale espera que cerca de 18 milhões de toneladas de produção sejam perdidas como resultado, que equivale a 5 por cento da produção anual.
Isso levou o Bradesco a cortar sua estimativa para os lucros da Vale em 2016 em cerca de US$ 300 milhões, caindo para US$ 5 bilhões, enquanto o Deutsche Bank afirmou que os custos de limpeza poderiam ultrapassar US$ 1 bilhão.
Para piorar as coisas, a economia do Brasil vai encolher 2,5 por cento este ano e 0,5 por cento em 2016, de acordo com a Standard & Poor’s. Seria a recessão mais longa desde a Grande Depressão.
“Outras restrições para tornar a mineração mais segura vão acabar encarecendo a atividade”, Russ Dallen, o chefe de operações na Caracas Capital Markets, afirmou de Miami. “Eles estão sendo atingidos por golpe duplo – o boom das commodities terminou”.
São Paulo - A maior produtora de minério de ferro do mundo já estava enfrentando problemas com a queda dos preços dos metais e com a mais profunda recessão econômica em seu país de origem nos últimos 25 anos.
A ruptura de duas barragens operadas pela Samarco Mineração no início deste mês está agora ameaçando elevar os custos pois a escala do acidente quase certamente significa uma supervisão mais rigorosa.
O derramamento da Samarco enterrou uma vila, matou pelo menos 11 pessoas e contaminou um rio de uma extensão de 853 quilômetros, deixando mais de 260 mil pessoas sem água potável.
A Vale tem minas de minério de ferro em todo o Brasil que são semelhantes às da Samarco – grandes reservatórios de rejeitos de lama com resíduos da atividade de mineração – e que agora sofrerão maiores controles dos órgãos ambientais.
Como resultado, os investidores em debêntures estão se preparando para mais sofrimento. Os US$ 2,25 bilhões de notas da Vale com vencimento em 2022 caíram 2,9 por cento desde 5 de novembro, três vezes a média dos mercados emergentes.
“O perfil do caso provavelmente vai causar algum tipo punitivo da recomendação por parte dos reguladores do governo e supervisores da indústria”, disse Michael Roche, estrategista do Seaport Global Holdings. “Isso só contribui para uma condenação negativa sobre a empresa e o setor, o que não vai contribuir para sua recuperação”.
A Samarco, uma joint venture entre a Vale e a BHP Billiton , com sede em Melbourne, disse em 6 de novembro que é muito cedo para determinar o que causou o acidente e que as barragens foram consideradas de acordo com as normas de segurança em uma inspeção em julho.
A Samarco está trabalhando para reforçar duas outras barragens para reduzir o risco para as estruturas, disse a empresa na quarta-feira. Em uma declaração conjunta em 11 de novembro, a BHP e a Vale disseram que estavam participando dos esforços de salvamento, fornecendo ajuda às vítimas e tornando a área segura novamente.
E enquanto as licenças de funcionamento foram suspensas indefinidamente, os dois proprietários disseram que estão comprometidos em restaurar o empreendimento. A Vale disse que poderia levar anos para limpar o Rio Doce.
A Samarco tem US$ 1,7 bilhão em seguros contra interrupções de negócios e suspensão de operações, enquanto a cobertura de responsabilidade civil é menor do que os 250 milhões de reais (US$ 66 milhões) já cobrados pelo órgão ambiental Ibama, disse Luciano Siani Pires, diretor financeiro da Vale, em 16 de novembro em uma teleconferência.
A Vale não espera que as multas e dívidas da Samarco sejam repassadas para os dois proprietários do projeto, ele afirmou.
Em uma entrevista na semana passada, o promotor estadual Guilherme de Sá Meneghin disse que vai procurar penas máximas contra a Samarco, o que pode incluir a exigência de uma indenização de R$ 1 bilhão (US$260 milhões) e o fechamento do lugar de forma permanente.
O acidente também danificou uma correia transportadora da mina da Vale em Mariana e fechou a mina de Fazendão que alimentava a produção da Samarco. A Vale espera que cerca de 18 milhões de toneladas de produção sejam perdidas como resultado, que equivale a 5 por cento da produção anual.
Isso levou o Bradesco a cortar sua estimativa para os lucros da Vale em 2016 em cerca de US$ 300 milhões, caindo para US$ 5 bilhões, enquanto o Deutsche Bank afirmou que os custos de limpeza poderiam ultrapassar US$ 1 bilhão.
Para piorar as coisas, a economia do Brasil vai encolher 2,5 por cento este ano e 0,5 por cento em 2016, de acordo com a Standard & Poor’s. Seria a recessão mais longa desde a Grande Depressão.
“Outras restrições para tornar a mineração mais segura vão acabar encarecendo a atividade”, Russ Dallen, o chefe de operações na Caracas Capital Markets, afirmou de Miami. “Eles estão sendo atingidos por golpe duplo – o boom das commodities terminou”.