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Inter vai lançar "super app", com serviços que vão além da conta digital

Banco espera fazer sua carteira de crédito crescer à medida que atrair mais clientes por meio do seu super app

IPO do Banco Inter: SoftBank comprou uma participação de 14,9% no início deste ano (Cauê Diniz/B3/Divulgação)

IPO do Banco Inter: SoftBank comprou uma participação de 14,9% no início deste ano (Cauê Diniz/B3/Divulgação)

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Reuters

Publicado em 4 de novembro de 2019 às 10h17.

Última atualização em 4 de novembro de 2019 às 10h23.

São Paulo — O Banco Inter, que teve um rápido crescimento graças às suas contas correntes digitais gratuitas, se prepara para lançar na quinta-feira um aplicativo para smartphone que oferece entrega de alimentos e serviços de transporte compartilhado, disse o presidente-executivo da instituição à Reuters.

Recém-transformado em um banco digital, o Inter viu seus depósitos dispararem nos últimos anos, mas ainda continua sendo uma instituição financeira de pequeno porte na maior economia da América Latina.

Espera-se que o "super app" atraia mais clientes, levando-os a pegar mais empréstimos, disse João Vitor Menin, integrante de uma importante família do ramo imobiliário brasileiro e que reinventou um tradicional banco em uma fintech há cinco anos.

A iniciativa do banco fundado há 25 anos de lançar um aplicativo que permita aos clientes reservar ingressos de cinema e hotéis testará a crença de que os consumidores brasileiros estão ansiosos por um aplicativo único para seus smartphones, semelhante aos super apps que proliferaram na Ásia - incluindo alguns também financiados pelo SoftBank Group Corp.

"É incerto se os super apps prevalecerão no Brasil, mas isso pode acelerar a lucratividade do Inter", disse Tatiana Brandt, analista da empresa de pesquisas Eleven Financial, em entrevista, acrescentando que acha que muito do crescimento potencial do Banco Inter já está refletido no preço das ações.

O Banco Inter, no qual o SoftBank comprou uma participação de 14,9% no início deste ano por cerca de 1,5 bilhão de reais, representa a segunda maior aposta da América Latina do conglomerado japonês e seu único negócio de capital aberto na região após o aplicativo de entrega colombiano Rappi.

As units do banco, compradas a 39,99 reais pelo SoftBank, subiram 75% nas semanas após o investimento inicial do grupo japonês em julho, mas depois perderam parte desses ganhos. Os papeis fecharam na sexta-feira cotados a 51 reais.

Embora o Banco Inter possua apenas 6,8 bilhões de reais em ativos, suas contas correntes gratuitas - uma novidade em um país onde a maioria das contas bancárias tem tarifas altas - atraíram 3,3 milhões de clientes até o final de setembro.

Isso é aproximadamente três vezes o nível do ano anterior e faz do Inter o emprestador digital do Banco Inter Brasil.

Embora o Banco Inter seja uma das poucas startups financeiras já lucrativas, ele ainda ganha dinheiro à moda antiga, concedendo empréstimos a consumidores em vez de oferecer inovações financeiras distintas dos bancos tradicionais.

Dinheiro e volta

O banco espera fazer sua carteira de crédito crescer à medida que atrair mais clientes por meio do seu super app, disse Menin. O banco estima ter uma participação de mercado de 2% no número de clientes do país, enquanto sua participação de mercado em empréstimos foi de 0,2% em junho.

Uma parceria com uma empresa de processamento de cartões a ser criada em janeiro também deve trazer como clientes pequenas empresas, disse ele.

Depois que o novo aplicativo for lançado no final deste mês, o Banco Inter também espera ampliar um programa de cash back para atrair mais clientes ao oferecer a devolução parcial do valor das compras com varejistas que estão dentro do seu app.

No Brasil, os clientes bancários estão interessados principalmente em obter acesso ao crédito, disse Thiago Kapulskis, analista do Banco BTG Pactual, mas ele vê o super app como um potencial canal para novas receitas no futuro.

"O Brasil possui um grande número de telefones celulares, mas muitos dispositivos têm pouca memória", afirmou. "Portanto, um super aplicativo pode fazer sentido, pois as pessoas podem procurar apenas um aplicativo para fazer todas as coisas."

Outros argumentam que as ações do Banco Inter, avaliadas em 6,2 vezes o seu valor contábil, já estão ajustadas as novidades que o banco terá. Em comparação, o Itaú Unibanco, o maior banco privado do Brasil, com 1,69 trilhão de reais em ativos totais, negocia 2,7 vezes o seu valor contábil.

"Embora o crescimento de clientes tenha sido impressionante, a capacidade do banco de monetizar clientes não é evidente", disse Jorge Kuri, analista do Morgan Stanley, em nota, comentando os resultados do banco no segundo trimestre. "As despesas ainda estão crescendo mais rapidamente que as receitas de forma significativa."

A natureza multifuncional do aplicativo lembra a de várias startups asiáticas, incluindo a principal empresa de pagamentos digitais da Índia, Paytm, cujos executivos se sentaram pelo menos uma vez em uma reunião com o Banco Inter, intermediado pelo SoftBank, seu investidor comum.

Menin expressou otimismo em relação à aceitação do consumidor, dado o que ele descreveu como o gosto dos brasileiros por novas tecnologias. Mas ainda não está claro se os super apps serão tão amplos nas Américas quanto na Ásia, onde muitas pessoas gravitam em um único aplicativo para lidar com as tarefas diárias, de mensagens a mídias sociais e compras.

Muitas dessas plataformas, como o Wechat, da Tencent, e a Alipay, do Alibaba, surgiram como desafiantes aos bancos tradicionais, fornecendo serviços financeiros.

O lançamento do super app significa que - pelo menos no Brasil - o Banco Inter acabará de certa forma concorrendo com o aplicativo de entregas colombiano Rappi, o maior investimento do SoftBank na América Latina, que já oferece uma gama de serviços, incluindo serviços bancários básicos.

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