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Indústrias de lingerie do RJ superam tragédia de 2011

No ano passado, as vendas das empresas do polo da cidade movimentaram R$ 53 milhões, acima da previsão inicial de R$ 50 milhões


	Recuperação: no ano passado, as vendas das empresas do polo da cidade movimentaram R$ 53 milhões, acima da previsão inicial de R$ 50 milhões
 (Marianna Massey/Getty Images)

Recuperação: no ano passado, as vendas das empresas do polo da cidade movimentaram R$ 53 milhões, acima da previsão inicial de R$ 50 milhões (Marianna Massey/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 12 de janeiro de 2016 às 07h29.

Cinco anos após a tragédia na região serrana do Rio de Janeiro, o setor de moda íntima da cidade de Nova Friburgo, uma das mais afetadas, dá sinais de que conseguiu se recuperar.

Empresários relatam que tiveram de mudar o modelo de negócio e buscar clientes fora do município para se reerguer depois da enchente e dos deslizamentos de terra que destruíram prédios, casas, fábricas e deixaram mais de 900 mortos na região.

A Feira de Moda Íntima, Praia, Fitness e Matéria-Prima (Fevest), considerada a mais importante de lingerie do Brasil, mostra a superação das confecções de Nova Friburgo.

No ano passado, as vendas das empresas do polo da cidade movimentaram R$ 53 milhões, acima da previsão inicial de R$ 50 milhões.

A edição de 2015 do evento recebeu mais de 9,7 mil visitantes e compradores de 21 estados e de países como os Estados Unidos, a Itália, Portugal, a Suíça, o Chile, a Colômbia e as Bahamas. A próxima edição está programada para julho deste ano.

“Não posso dizer que o polo se restabeleceu completamente, porque teve empresas que perderam tudo e não conseguiram se reerguer. Outras empresas perderam tudo, começaram do zero e hoje são um sucesso como antes”, disse a secretária executiva do Sindicato das Indústrias de Vestuário de Nova Friburgo e Região (Sindvest), Isabela Sancho. A entidade representa cerca de 1.480 empresas, a maioria de micro e pequeno porte.

Alternativas

O empresário e ex-presidente do Conselho de Moda do polo Paulo Chelles diz que algumas alternativas foram encontradas para superar os impactos da tragédia.

A saída para sua empresa, a De Chelles, foi abrir lojas em outras cidades turísticas do estado, como Cabo Frio, na Região dos Lagos, e ampliar as exportações destinadas aos mercados dos Estados Unidos, de alguns países da Europa, África e para quase toda a América do Sul.

“O sonho é exportar para o Japão”, disse Paulo Chelles. Ele lembra, no entanto, que as pequenas indústrias perderam equipamentos, o prédio onde funcionavam e funcionários. “Essas pessoas não se mantiveram no mercado em consequência do desastre que sofreram”.

Em relação à recuperação da cidade, Chelles diz que “tem muita coisa por fazer”. Para ele, houve uma “maquiagem” no centro do município, enquanto outras áreas em que prédios inteiros desabaram continuam da mesma forma, trazendo uma lembrança triste para quem perdeu um ente na tragédia. “A lembrança é muito ruim”, disse.

A Lucitex Lingerie, de médio porte, colocou o foco nos grandes compradores (as redes de magazines). Com isso, pôde manter os 300 funcionários. 

“Acho que a gente tem que correr atrás do nosso mercado. Quem, depois da tragédia, continuou esperando que os compradores viessem até Nova Friburgo, está com mais dificuldade de conseguir se manter”, avaliou a diretora da empresa, Nelci Layola.

A diretora conta que a maior parte das vendas é para fora do município. “O que fizemos foi isso. A gente não se prostrou diante do que tinha ocorrido, nem das perdas que tivemos. A gente começou a procurar mais mercados e expansão, e conseguiu ter uma história diferente”.

Crise

Depois da tragédia, o setor enfrenta agora a atual crise econômica. A sócia-gerente da Tardene Lingerie, Rita Tardin, diz que a queixa geral é a queda das vendas.

Ela destaca que lingerie não é um gênero de primeira necessidade e embora o polo tenha venha experimentando expansão, sofreu com a concorrência dos produtos da China.

“Com a alta do dólar, a gente percebe que o olhar se voltou para o produto interno. Mas aí, veio a crise. A grande queixa é a falta de vendas”.

“Não estão deixando totalmente de comprar, mas reduziram entre 50% e 60% as compras. A queda foi muito grande”, conta a empresária.

Para Rita Tardin, as grandes e médias empresas que vendem para os magazines sentem menos os efeitos da crise, ao contrário de pequenas indústrias, como a dela.

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