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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.
As empresas brasileiras do setor siderúrgico sentiram os efeitos da crise a partir de seu agravamento no último trimestre de 2008. Nenhuma das companhias do segmento escapou da diminuição da demanda e do consequente impacto em seus preços e margens. No entanto, nas últimas semanas as ações das empresas se recuperaram do tombo sofrido desde a crise, com altas representativas.
Segundo a corretora do Itaú, que trabalha de forma independente do banco, o aumento da procura por commodities aliado ao forte fluxo de capital estrangeiro no país tem sido fundamental para a valorização das siderúrgicas. No entanto, os atuais preços dos papéis já não dão margem para valorizações representativas mesmo que a economia mundial se recupere.
Por esse motivo, a corretora decidiu reduzir a avaliação das ações da CSN e da Gerdau para "abaixo da média do mercado" (underperform). O preço-alvo estabelecido para Gerdau foi de 25 reais por ação, correspondendo 12% de potencial de valorização. A corretora se manteve cautelosa devido ao preço elevado da companhia e por acreditar que efeito positivo da queda do dólar sobre sua dívida indexada à moeda americana já está precificada.
A CSN também não é recomendada pela corretora devido ao alto valor de mercado e pelos resultados decepcionantes nos últimos meses, além de altos riscos em alguns projetos. O preço estabelecido ficou em 58 reais por ação, representando também 12% acima do anterior.
Já a Usiminas é a siderúrgica favorita do Itaú, que acredita em uma valorização de suas ações "acima da média do mercado" (outperform). O preço-alvo das ações foi mantido em 53 reais, o equivalente a um potencial de valorização de 28%. Segundo o relatório, a empresa vem se recuperando no mercado doméstico e promete obter um sólido desempenho no setor automotivo a partir do segundo trimestre deste ano. Além disso, a fase de reestruturação da siderúrgica pode levar à redução de custos e ao aumento de eficiência.
Importação é ameaça
De acordo com o Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), as importações de aço cresceram 18% de janeiro a abril deste ano em relação ao ano passado, o equivalente 1,04 bilhão de dólares. E tem pressionado as empresas para que baixem os preços no mercado interno.
Para a corretora Link, os preços devem cair em torno de 15% no segundo trimestre de 2009, e mais uns 10% no terceiro trimestre, para uma possível estagnação no final do ano. "O custo da produção do aço no Brasil é baixo, e as siderúrgicas locais têm condição de defender sua posição no mercado interno, porém, terão que sacrificar um pouco as margens", afirmou a corretora em relatório.
No mesmo sentido, o estudo do Itaú avalia que há pouca margem para que os preços do aço aumentem no mundo e acredita que a necessidade de importações deve continuar com a queda do dólar. O setor pode ter algum alívio se o Mercosul voltar a adotar uma tarifa externa comum (TEC) de 12% para a importação de aço.
Às 16h15, os papéis ordinários (com direito a voto) das siderúrgicas despencavam. As ações da Usiminas (USIM3) estavam em queda de 5,38%, para 37,13 reais. Enquanto os da Gerdau (GGBR3) caiam 2,87%, para 16,60 reais e os da CSN (CSNA3) estavam em baixa de 5,43%, para 47,76 reais.