Honda anuncia fechamento de sua fábrica no Reino Unido em 2021
A fábrica, a única da gigante japonesa na Europa, é a principal fonte de trabalho de um local com mais de 180 mil habitantes
AFP
Publicado em 19 de fevereiro de 2019 às 17h42.
Última atualização em 19 de fevereiro de 2019 às 17h43.
A montadora japonesa Honda anunciou nesta terça-feira o fechamento, em 2021, da fábrica de Swindon no Reino Unido, que emprega 3.500 pessoas, o que constitui um novo golpe para o país, em meio ao processo do Brexit .
Esta fábrica, a única da gigante japonesa na Europa, é a principal fonte de trabalho de um local com mais de 180 mil habitantes.
Imediatamente após o anúncio, o ministro britânico para as Empresas, Greg Clark, considerou a decisão "devastadora".
A Honda justificou a decisão com a necessidade de reestruturar a produção em um contexto de muitas mudanças no mercado mundial de automóveis.
A montadora destacou, no entanto, que a sede europeia da Honda permanecerá no Reino Unido.
"Levando em consideração as mudanças sem precedentes que afetam nosso setor, é essencial que aceleremos nossa estratégia de eletrificação de veículos e que reestruturemos nossas atividades mundiais. A decisão não foi tomada sem reflexão e lamentamos profundamente o quão inquietante será", afirmou Katsushi Inoue, diretor da Honda na Europa, em um comunicado.
A fábrica de Swindon (sudoeste da Inglaterra) é responsável pelo modelo Civic. O local produz a cada ano mais de 150.000 veículos, que são exportados para mais de 70 países.
Em 2021, a Honda também vai deixar de produzir carros Civic na Turquia, de acordo com Inoue.
O grupo japonês, que não tem outra fábrica na Europa, exportará a partir do Japão.
Peso do Brexit
'Embora o anúncio chegue em meio a questionamentos sobre a saída do país da União Europeia, "não foi o Brexit, mas a eleição do principal local de produção do próximo Civic o que motivou essa decisão", disse o CEO da Honda, Takahiro Hachigo, numa conferência de imprensa em Tóquio.
No entanto, os sindicatos e os moradores de Swindon não puderam deixar de enxergar a sombra de sua retirada do bloco europeu. Des Quinn, chefe do poderoso sindicato Unite, disse que "embora a empresa não tenha mencionado o Brexit como uma razão para o anúncio, acreditamos que a incerteza que o governo criou devido ao seu manejo inepto e rígido das negociações do Brexit está por trás" desta decisão.
"Eles nunca vão admitir, mas a razão para eles saírem é o Brexit", concordou Michael Barkley, de 32 anos, gerente de uma loja no centro de Swindon, onde a atmosfera nesta terça-feira era de desânimo.
"É o maior empregador da cidade, é terrível", disse Jason Foster, um funcionário de 46 anos.
A decisão de fechar a unidade de Swindon é um novo revés para o governo britânico, que luta para manter a atratividade do país apesar das dúvidas que cercam o Brexit e dos temores da indústria de uma saída da União Europeia sem acordo.
No início de fevereiro, outra montadora japonesa, a Nissan, também provocou um momento de consternação ao desistir de fabricar o modelo X-Trail na fábrica de Sunderland, com uma referência indireta ao Brexit.
Em janeiro, a Airbus advertiu para possíveis decisões "muito dolorosas" em caso de Brexit sem acordo, um aviso também feito pelo primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe.
De fato, várias empresas japonesas de diversos setores já deixaram o país em consequência da incerteza a respeito do Brexit.