(Eric Gaillard/Reuters)
Karin Salomão
Publicado em 22 de abril de 2020 às 12h00.
Última atualização em 22 de abril de 2020 às 12h54.
Sem festas e com bares e restaurantes fechados em todo o mundo, até empresas gigantes sentem os impactos das medidas de isolamento. A Heineken reportou lucro líquido de 94 milhões de euros no primeiro trimestre do ano, ante 299 milhões de euros no mesmo período do ano passado, queda de 68,5%.
Segundo a empresa, o resultado foi impactado pela queda no volume vendido em março por causa da pandemia do novo coronavírus e por causa do efeito limitado das ações de mitigação.
A fabricante de cervejas reportou hoje, 22, o volume de vendas do primeiro trimestre do ano de 2020. As ações da companhia abriram o dia em queda de quase 2,4%. Desde o início do ano, a queda foi de mais de 21%.
Em 2019, as vendas da empresa chegaram a 23,9 bilhões de euros, alta de 6,4%, com lucro de 2,2 bilhões de euros.
O volume total de cerveja vendido caiu 2,1% em relação ao ano anterior. A maior queda foi registrada na região da África, Oriente Médio e Europa Oriental, com queda de 6,9%. Nas Américas, o volume de cerveja vendido caiu 2,5% no trimestre e 13,8% apenas em março.
A marca Heineken, no entanto, apresentou alta nas vendas de 5% no trimestre - em março, houve queda de 2,4% no volume vendido. No trimestre, as vendas da marca Heineken cresceram dois dígitos no Brasil, além de países como China, México, Reino Unido, Polônia, Moçambique, Costa do Marfim e Coreia do Sul, entre outros.
No Brasil, o volume total de cerveja caiu um dígito no trimestre. A queda foi puxado por marcas que não são de cerveja, como refrigerantes, e de vendas das marcas econômicas de base. Em março, o volume vendido de cerveja caiu ao redor de 20% no país.
Apesar da queda geral, a marca mainstream da fabricante, a icônica Heineken, continua a crescer no país a ritmo forte. O país mais importante para a marca Heineken, carro-chefe da fabricante por aqui. As marcas premium cresceram dois dígitos e a marca Heineken viu o volume de vendas aumentar mais de 50%.
“Estimamos que o Brasil responde por aproximadamente 15% do volume global para a Heineken, mas apenas 4% a 5% dos lucros”, disse Trevor Sterling, analista de bebidas da Bernstein Securities, na ocasião da divulgação de resultados anuais de 2019.
"Durante o primeiro trimestre de 2020, o surto de covid-19 evoluiu para uma pandemia. Agora, a maior parte dos países em que operamos reagiu tomando medidas de contenção como restrições de movimento para a população, às vezes combinadas com o fechamento obrigatório de fábricas. Nossa performance no primeiro trimestre reflete o impacto inicial dessas medidas e os volumes de março obviamente foram grandemente afetados", escreveu o presidente Jean-François van Boxmeer em documento.
No documento, a fabricante menciona ainda medidas de assistência a comunidades, no valor de 5 milhões de euros, e doações de 15 milhões de euros para a Cruz Vermelha, além da doação de 10 milhões de euros para oito instituições feita pela família Carvalho-Heineken, principal acionista da empresa holandesa.