Heineken investirá R$ 865 milhões em cervejaria no Paraná
A companhia, que busca expandir a produção, fez o anúncio nesta segunda-feira, mas não informou a capacidade nominal da fábrica
Reuters
Publicado em 9 de março de 2020 às 20h50.
Última atualização em 9 de março de 2020 às 20h53.
A Heineken vai fazer uma grande expansão na capacidade de produção de sua cervejaria em Ponta Grossa (PR), em um investimento de 865 milhões de reais a ser aplicado entre este ano e 2021 e que vai se concentrar nos rótulos Heineken e Amstel.
A companhia fez o anúncio nesta segunda-feira, mas não informou a capacidade nominal da fábrica, a terceira maior da Heineken no Brasil. A empresa também não deu detalhes sobre o volume pretendido com a expansão, comentando apenas que após os investimentos a capacidade será ampliada em 75%. A ampliação da fábrica será feita gradualmente, com os primeiros resultados esperados já para este ano.
"Estamos antecipando em um ano todos os investimentos de nosso plano estratégico. O Brasil é um mercado-chave para nós, representa um volume muito grande", disse o presidente-executivo da Heineken no Brasil, Mauricio Giamellaro, ao ser questionado sobre o momento para o realização do investimento, marcado por um ainda fraco crescimento da economia e fortes turbulências internacionais.
"Um investimento como este não se toma pensando no curto prazo....As duas marcas (Heineken e Amstel) estão crescendo muito aceleradamente no país...A categoria de cervejas no Brasil é extremamente grande. Tem um mercado enorme e consumidores novos entrando na categoria", disse o executivo. "Basicamente estamos fazendo uma nova cervejaria", acrescentou.
Em fevereiro, a Heineken, segunda maior cervejaria do mundo, afirmou em Bruxelas que os volumes de venda de cerveja do grupo subiram 4,1% no quarto trimestre, puxados por avanços mais fortes no Brasil, Camboja e Vietnã. A Heineken também afirmou na ocasião que o Brasil atualmente é o maior mercado da marca no mundo, na frente de Estados Unidos e da Europa.
O crescimento da Heineken no Brasil tem reduzido a distância para a líder de mercado Ambev, algo acelerado após ter acertado em 2017 a aquisição das operações da japonesa Kirin no país por 1,2 bilhão de dólares. Na época, o negócio dobrou a participação da empresa no mercado brasileiro, para quase 20%. A Heineken afirma atualmente ter 22% do mercado nacional.
O investimento em Ponta Grossa foi decidido depois que a companhia aprovou no ano passado aporte de 550 milhões de reais na modernização de três cervejarias e de uma microcervejaria no interior de São Paulo.
O anúncio também ocorreu um dia depois da Ambev divulgar que planeja investir 2 bilhões de reais na abertura de uma nova fábrica de cerveja no Norte do Brasil, uma nova maltaria no Sudeste, uma instalação de produção de latas e linhas adicionais de produção de cervejas puro malte no país.
Giamellaro evitou mencionar números da operação da Heineken no Brasil, mas afirmou que "o investimento em São Paulo mais do que já se pagou...A prova disso é que conseguimos aprovar (o investimento em) Ponta Grossa".
Segundo ele, um dos grandes objetivos na ampliação da cervejaria no Paraná é o lançamento de novos produtos, incluindo a versão sem álcool da Heineken, que começará a ser vendida no país no segundo trimestre. "Muito do investimento será destinado à Heineken 0,0", disse o executivo.
O produto já é vendido no México e em mais de 50 países. "Até hoje, cerveja sem álcool era um mercado de nicho. Vamos criar um mercado novo para a cerveja 0,0", disse Giamellaro, acrescentando que o produto será vendido na mesma faixa de preço da Heineken com álcool.
No fim do mês passado, o novo presidente da Ambev, Jean Jereissati Neto, afirmou a analistas que a companhia vai manter política de preços em linha com a inflação no Brasil, mas que precisa ser mais atenta às dinâmicas de mercado, uma resposta a questionamentos sobre as perspectivas da companhia em um momento em que rivais têm avançado sobre o mercado "mainstream", que no caso da Heineken é disputado pela Amstel.
Giamellaro afirmou que o impacto da "agressividade comercial" dos concorrentes no Brasil tem sido menor sobre a Heineken, uma vez que a empresa está "construindo uma estratégia de marcas premium e qualidade...O impacto que sofremos de concorrência é muito menor", disse o executivo sem dar detalhes.
No país, além da Heineken, posicionada no segmento premium, e da Amstel, no segmento "mainstream", a cervejaria holandesa tem rótulos econômicos como Glacial e Kaiser, também produzidas em Ponta Grossa.