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Harvey pressiona política de preços de combustíveis da Petrobras

Os efeitos devastadores sofridos por refinarias e portos dos EUA levaram a uma disparada nos preços da gasolina no mercado norte-americano

Petrobras: os reajustes da gasolina e diesel estão impactando outros mercados, como açúcar e etanol (Paulo Whitaker/Reuters)

Petrobras: os reajustes da gasolina e diesel estão impactando outros mercados, como açúcar e etanol (Paulo Whitaker/Reuters)

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Reuters

Publicado em 1 de setembro de 2017 às 13h28.

Última atualização em 1 de setembro de 2017 às 15h50.

São Paulo - A nova sistemática de preços da Petrobras para a gasolina e o diesel começou setembro sob forte pressão dos efeitos da tempestade Harvey, que inundou refinarias e paralisou portos ao longo da costa do Golfo dos Estados Unidos, levando a uma disparada nos preços da gasolina no mercado norte-americano.

A Petrobras, que tem prometido não praticar preços abaixo da paridade internacional, já anunciou dois reajustes para a gasolina em setembro, um de 4,2 por cento e outro de 2,7 por cento. No diesel, as altas foram de 0,8 por cento e de 4,4 por cento.

Com isso, a estatal praticamente encostou no teto para reajustes diários da gasolina, estabelecido por uma sistemática de formação de preços iniciada pela companhia em julho.

Por essa política, se os reajustes acumulados em um mês forem superiores a 7 por cento, é preciso convocar uma reunião do Grupo Executivo de Mercado e Preços (GEMP) da companhia para avaliar novas mudanças.

Esse grupo é composto pelo presidente da empresa, Pedro Parente, além do diretor-executivo de Refino e Gás Natural e do diretor executivo Financeiro e de Relacionamento com Investidores.

Ajustes de até 7 por cento, para cima ou para baixo, são realizados pela área técnica de marketing e comercialização da empresa, sem a necessidade do GEMP, permitindo maior agilidade da Petrobras que tenta recuperar mercado de combustíveis no Brasil perdido para empresas que elevaram importações.

Apesar dos aumentos mais acentuados neste início de mês, especialistas disseram à Reuters que os preços da Petrobras para a gasolina nas refinarias estão com defasagem ante o mercado internacional.

Os preços de referência do combustível fóssil nos EUA dispararam mais de 13 por cento só na quinta-feira, para uma máxima de mais de dois anos, antes de o contrato setembro expirar no mesmo dia. Nesta sexta-feira, o primeiro contrato outubro operava em baixa de quase 3 por cento.

"Pelos nossos cálculos, a defasagem (no Brasil) ainda é de 8 a 9 por cento. A Petrobras tem espaço para subir mais, mas, ao que tudo indica, está elevando aos poucos agora para reduzir também aos poucos depois", afirmou o analista de commodities do Banco Pine, Lucas Brunetti.

Na mesma linha, o diretor da comercializadora Bioagência, Tarcilo Rodrigues, que cita uma defasagem de até 10 por cento, afirmou que a petroleira pode estar atenta aos níveis de preço no médio prazo.

"A Petrobras está 'aplainando' o pico, não está repassando a alta integral para o mercado brasileiro, atenta à tela de outubro nos Estados Unidos, que mostra certa convergência nos preços. Não faz sentindo ela elevar muito agora, em meio a esse evento extremo, se o produto que vai chegar depois será mais barato", comentou.

Procurada pela Reuters, a Petrobras confirmou que é necessária uma reunião do GEMP para aprovar reajustes que ultrapassem uma alta acumulada de 7 por cento em um único mês, mas não quis comentar se está previsto um encontro para avaliar novamente os preços.

Segundo a Petrobras, a data das reuniões do grupo não é divulgada por questões estratégicas.

Os reajustes da gasolina e diesel estão impactando outros mercados, como açúcar e etanol, concorrente do combustível fóssil no Brasil.

Analistas disseram à Reuters na quinta-feira que o mercado de etanol só viria a ser afetado, levando a uma mudança mais forte no mix de cana, se as altas da Petrobras seguissem uma tendência mais prolongada.

De qualquer forma, operadores de açúcar cobriram suas posições vendidas na bolsa de Nova York nesta semana, de olho numa eventual menor disponibilidade de cana para a produção do adoçante no Brasil.

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