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Groupon dobra usuários e vai abandonar métrica polêmica

Site cedeu à pressão de investidores e não mais utilizará uma métrica chamada Lucro Operacional de Segmento Consolidado Ajustado para o cálculo de suas finanças

O forte ritmo de crescimento do Groupon deve dar um impulso ao IPO da companhia (Scott Olson/Getty Images)

O forte ritmo de crescimento do Groupon deve dar um impulso ao IPO da companhia (Scott Olson/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 8 de agosto de 2011 às 14h19.

São Francisco - O site de compras coletivas Groupon, que mais que dobrou o número de usuários este ano para 115 milhões, planeja abandonar o uso de uma controversa metodologia financeira que já foi considerada pela empresa como um bom indicador de desempenho, informaram duas fontes próximas do assunto.

O maior site de compras coletivas dos Estados Unidos, que se afasta cada vez mais da concorrente LivingSocial em número de membros, cedeu à pressão de investidores e não mais utilizará uma métrica chamada Lucro Operacional de Segmento Consolidado Ajustado (ACSOI, na sigla em inglês), disse uma fonte à Reuters.

O Groupon, prestes a realizar umas das mais esperadas ofertas iniciais de ações (IPO) do ano, planeja enviar na próxima semana um documento anexo ao seu prospecto de abertura de capital para atualizar seu desempenho, disseram as duas fontes.

O forte ritmo de crescimento da empresa será revelado nesse anexo e deve dar um impulso ao IPO da companhia, apesar de temores sobre a necessidade do Groupon de investir pesado para atrair novos usuários e também da preocupação de outra bolha da Internet, a exemplo do que aconteceu no fim dos anos 1990.

"Há poucas oportunidades de crescimento na escala de companhias como o Groupon", disse Lou Kerner, vice-presidente de pesquisa na Wedbush Securities. "É isso que muitos investidores têm procurado hoje em dia."

Fundado em 2008, o Groupon fez um pedido de abertura de capital neste ano para levantar cerca de 750 milhões de dólares na oferta. Em abril, uma fonte disse que a empresa pode captar até 1 bilhão de dólares, sendo avaliada entre 15 bilhões e 20 bilhões de dólares.

Neste ano, empresas online, como o site de redes sociais para profissionais LinkedIn, tiveram espetaculares entradas no mercado acionário, o que aumentou o interesse por possíveis ofertas do segmento, como Facebook e Twitter.

Mas há crescentes dúvidas em Wall Street sobre se a animação que cerca o segmento online atualmente é justificada diante da lembrança do colapso das empresas "pontocom" em 2001.


Esse cuidado pode ter levado alguns investidores a questionar o uso do ACSOI pelo Groupon, um método financeiro que exclui não apenas despesas de marketing, mas também o pagamento de compensação por meio de ações ou itens relacionados a aquisições.

No primeiro trimestre, o Groupon sofreu um prejuízo operacional de 117 milhões de dólares, mas o ACSOI foi de quase 82 milhões de dólares. Isso porque cerca de 180 milhões de dólares em gastos com marketing online --mais 18 milhões de compensação a funcionários com ações-- foram riscados do balanço.

Um porta-voz da empresa evitou comentar o assunto.

No final de 2010, a companhia tinha 50,58 milhões de usuários. Esse número cresceu 64 por cento, para 83,1 milhões, no final do primeiro trimestre. Desde 31 de março, o número de usuários avançou outros 38 por cento, para 115 milhões.

A receita disparou para 713 milhões de dólares no ano passado ante 30 milhões em 2009. No primeiro trimestre deste ano apenas, o faturamento superou os 644 milhões de dólares.

A maior parte do crescimento recente veio via expansão orgânica e não por aquisições, afirmou uma segunda fonte, citando que o Groupou não comprou muitas empresas ultimamente.

Apesar do alto nível de crescimento, alguns críticos continuam cautelosos sobre a entrada no negócio, essencialmente um site de descontos, que pode ser facilmente replicado por empresas iniciantes e por grandes nomes da Internet. O Google já começou um serviço semelhante.

E apesar das companhia compartilhar do ambiente de redes sociais como a produtora de jogos Zynga, o Groupon precisa de recursos que outras empresas não previsam: uma grande equipe de vendas para atrair empresas interessadas e lidar com serviço a clientes.

O Groupon investiu muito para atrair usuários e gerar crescimento de faturamento. A empresa gastou 208 milhões de dólares apenas em marketing durante o primeiro trimestre deste ano, ante 4 milhões de dólares no mesmo período do ano passado.

"A chave é quanto dinheiro eles estão gastando por novo usuário e quanta receita eles estão gerando por usuário", disse David Sinsky, do Yipit, empresa que acompanha o setor.

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