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Governo italiano aprova pacote para salvar Parmalat

Fundador;é investigado por fraude; empresa atrasa pagamentos no Brasil

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

O ministro das atividades produtivas da Itália, Antonio Marzano, anunciou nesta terça-feira (23/12) que o Conselho de Ministros aprovou um decreto-lei que permite auxiliar grandes empresas ém estado de insolvência, com mais de mil funcionários e dívidas superiores a 1 bilhão de euros. Embora ele não tenha feito referência explícita à Parmalat, trata-se de uma lei sob medida para a fabricante de laticínios, envolvida naquele que seria o maior escândalo contábil da Europa, com um rombo estimado pela imprensa internacional em até 7 bilhões de euros, .

O fundador e até há pouco tempo executivo-chefe da Parmalat, Calisto Tanzi, foi citado ao lado de 20 outros executivos da empresa na investigação que a Justiça italiana promove por fraude nas contas, entre eles os dois ex-diretores financeiros Alberto Ferraris e Luciano Del Soldato, segundo noticiou o jornal italiano Corriere Della Sera. "Além das falsificações originais, estão emergindo outras", declarou ao jornal o procurador-adjunto de Milão Angelo Curto. Há 42 anos Tanzi fundou a Parmalat, que faturou 7,5 bilhões de euros em 2002.

Nesta segunda-feira (22/12), o recém-empossado executivo-chefe da Parmalat, Enrico Bondi, prestou depoimento à Justiça italiana e submeteu uma extensa documentação para análise dos magistrados. Paralelamente, o Bank of America apresentou à Procuradoria de Milão uma denúncia da falsidade de um documento que atestava a existência de uma conta de 3,95 bilhões de euros em nome da Bonlat, uma subsidiária da Parmalat, e que havia sido usado no balanço da empresa, aprovado por auditores da Grant Thornton. Depois de Bondi, os magistrados interrogavam na terça (23/12) o ex-diretor financeiro Fausto Tonna, considerado o arquiteto do esquema de fraudes, por meio das complexas participações cruzadas que constituem o grupo Parmalat.

Ainda na segunda, a Parmalat deixou de pagar a segunda parcela de uma dívida de 400 milhões de dólares aos acionistas minoritários da controladora de sua subsidiária brasileira, que detêm 18,18% da empresa. O pagamento da primeira parcela dessa dívida havia sido adiado na última semana. Caso a empresa brasileira não tivesse lançado ações na Bolsa até o final de 2003, os minoritários tinham a opção de resgatar os bônus de 400 milhões de dólares para se desfazer de sua participação. A empresa informou em comunicado que está em negociação com os credores e que seu conselho de administração se reunirá nesta terça-feira (23/12) para deliberar sobre um acordo.

Também nesta terça-feira deve se reunir o conselho da matriz na itália para decidir se e como a empresa vai pedir concordata. A forma de concordata dependerá do tipo de auxílio que o governo italiano estiver disposto a conceder para proteger os cerca de 35 000 funcionários da empresa, espalhados por 30 países. No Brasil, a empresa não atrasou pagamento de salários nem de seus fornecedores diretos de leite, que respondem por 80% do volume captado. Fornecedores indiretos, como cooperativas, e de outros produtos, porém, já foram informados sobre o atraso nos pagamentos.

Eis como o articulista Vittorio Malagutti, do Corriere Della Sera, resumiu a situação: "O gigantesco crash da Parmalat pode ser resumido em duas palavras: papéis falsos. Montanhas de papéis falsos. São falsos os extratos bancários. São falsos os recibos de depósitos nas instituições de crédito. São falsos os contratos de licença e enfim os cambiais". Agora, chegou a hora da verdade para Tanzi e Tonna.

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