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Goldman Sachs amplia linha de crédito para brasileiro Nubank

Nubank agora pode pegar emprestado até R$ 455 milhões por cerca de dois anos para financiar sua carteira de crédito rotativo

Nubank é o sexto maior emissor de cartão de crédito do país entre as empresas financeiras (Nubank/Divulgação)

Nubank é o sexto maior emissor de cartão de crédito do país entre as empresas financeiras (Nubank/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 17 de agosto de 2017 às 10h15.

Última atualização em 17 de agosto de 2017 às 11h18.

O Goldman Sachs aumentou a linha de crédito que oferece ao Nubank, a empresa brasileira de cartões de crédito de quatro anos de idade que não cobra tarifa e está crescendo até 10% ao mês.

O Nubank agora pode pegar emprestado até R$ 455 milhões por cerca de dois anos para financiar sua carteira de crédito rotativo, ante um limite anterior de R$ 375 milhões, disse David Vélez, diretor executivo e co-fundador da empresa sediada em São Paulo, em entrevista.

O Fortress Investment Group LLC também está participando do financiamento, disse Vélez, acrescentando que os termos da linha de crédito foram renegociados, com custos mais baixos e uma estrutura mais simples.

"Ficamos mais confiantes em nosso potencial de crescimento e na parceria com o Goldman, então concordamos em expandir o financiamento", disse Gabriel Silva, diretor financeiro do Nubank.

Desde a sua fundação, o Nubank obteve cerca de US$ 178 milhões em capital de 10 investidores, incluindo Tiger Global Management, Sequoia Capital, Kaszek Ventures, QED Investors, DST Global e Fundadores Fund. Em abril de 2016, obteve a primeira linha de crédito do Goldman Sachs de R$ 200 milhões.

O financiamento foi feito pelo time de "special situations" do Goldman Sachs, que faz investimento proprietário e empréstimos para empresas de médio porte.

Os brasileiros gastaram cerca de R$ 1,1 trilhão em compras usando cartões de crédito e débito no ano passado, representando mais de 30% do consumo das famílias, de acordo com dados do Banco Central. A maioria é capturada pelos gigantes bancários da nação. Os cartões do Itaú foram responsáveis por cerca de R$ 350 bilhões desses gastos, de acordo com o relatório de resultados.

Impacto do smartphone

"Muitas pessoas nos disseram que o empreendedorismo era impossível no sistema financeiro brasileiro - que os bancos nos esmagariam, os reguladores nos esmagariam", disse Vélez, nascido na Colômbia, ex-sócio da empresa de private equity, General Atlantic LLC. Isso mudou à medida que mais brasileiros começaram a ter smartphones, "possibilitando que uma startup use canais digitais para enfrentar os grandes bancos sem precisar de R$ 2 milhões para abrir filiais bancárias", disse ele.

O Nubank é o sexto maior emissor de cartão de crédito do país entre as empresas financeiras, maior do que o Citibank ou o Banco Safra, de acordo com a Vélez.

A empresa não fornece números exatos de emissão de cartões, mas diz que 8 milhões de pessoas pediram um cartão Nubank. A receita e a base de clientes da empresa estão crescendo a uma taxa de cerca de 8% a 10% mensalmente, de acordo com a empresa.

O Nubank oferece cartões de crédito sem tarifa de anuidade, independentemente do histórico de compras do mutuário, uma estratégia incomum para o Brasil.

Ele também promete um relacionamento sem nenhum papel, com todas as interações via um aplicativo móvel. O cliente médio tem 31 anos com cerca de R$ 4.000 em renda mensal.

O Bradesco e o Banco do Brasil, dois dos maiores bancos do país, lançaram um cartão de crédito em setembro passado com uma abordagem semelhante, chamado Digio, que também não cobra taxas. Ao contrário de Nubank, o Digio não oferece linhas de crédito rotativo aos clientes.

Tarifas

"Parte do que nos diferencia do resto da indústria é a política de não cobrarmos tarifas, mas a outra parte é a maneira como tratamos nossos clientes, incluindo o aplicativo, a relação, tudo", disse Vélez.

Os juros cobrados pelo Nubank estão mais próximos dos de seus concorrentes hoje do que quando a empresa foi fundada. A empresa cobra taxas rotativas variando de 2,75% a 14% ao mês, dependendo do cliente.

Quando começou, a empresa cobrava até 7,75%. A média da indústria foi de 9,6% em junho, de acordo com a associação de indústria de cartões, Abecs.

As startups fintechs cresceram no Brasil, com os recém-chegados digitais ganhando espaço dos grandes bancos. Um relatório de maio da Goldman Sachs estimou que existem 210 dessas empresas no Brasil, o maior número da América Latina, ante 54 no início de 2015.

As empresas estão disputando com os bancos um pool de receitas que o Goldman Sachs estima em cerca de US$ 75 bilhões em 10 anos, considerando o mercado bancário e de seguros.

Funding de varejo

O Nubank está começando a expandir-se além dos cartões de crédito, iniciando um programa de milhagem na semana passada em que cobra tarifas. A empresa também solicitou aos reguladores permissão para abrir uma financeira, o que lhe permitiria captar recursos de varejo.

Vélez fundou o Nubank com dois parceiros: a brasileira Cristina Junqueira, veterana do cartão de crédito no Itaú, e o americano Edward Wible, que iniciou sua carreira no Boston Consulting Group.

A empresa tem cerca de 500 funcionários e planeja chegar a 550 no final do ano, todos alojados em um prédio moderno, com graffiti nas paredes, no bairro boêmio de Pinheiros, São Paulo.

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