GOL deve reduzir endividamento com recursos de IPO da Smiles
Empresa encerrou o primeiro trimestre com dívida líquida de 3,7 bilhões de reais e uma relação de dívida líquida em 17,8 vezes o Ebitdar
Da Redação
Publicado em 14 de maio de 2013 às 12h23.
São Paulo - Após ver sua dívida saltar em menos de um ano, a Gol Linhas Aéreas conta com os recursos da oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) de sua empresa de fidelidade, a Smiles, para reduzir sua alavancagem até o fim do ano.
A empresa encerrou o primeiro trimestre com dívida líquida de 3,7 bilhões de reais e uma relação de dívida líquida em 17,8 vezes o Ebitdar (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação, amortização e aluguel de aeronaves).
Mas a expectativa de entrada de recursos decorrentes do IPO da Smiles levam a empresa aérea a acreditar que encerrará o ano com uma relação de dívida líquida de 6 vezes o Ebitdar.
"Nossa alavancagem cairá a um número próximo de 6 vezes ao final do ano, que é de fato muito diferente dos 25 vezes do final de 2012", disse o diretor de finanças e relações com investidores da Gol, Edmar Lopes, em teleconferência com analistas.
"Assistiremos a uma redução a cada trimestre da alavancagem da companhia. A empresa está num nível elevado, mas sempre esteve nos nossos planos a redução em 2013".
Em abril, a Smiles, administradora de programas de fidelidade da Gol, movimentou 1,132 bilhão de reais em sua oferta pública inicial de ações, com a venda de 52,173 milhões de papéis, sendo que os recursos serão destinados ao pagamento adiantado de passagens da Gol compradas pela empresa de fidelidade.
Lopes afirmou que a entrada dos recursos dessa oferta no caixa da Gol devem levar a uma "dívida líquida zero" no segundo trimestre.
"Com os novos efeitos que impactam nosso caixa positivamente, como vendas antecipadas de milhas, da compra pela Smiles, a Gol alcançará um indicador importante de solidez do mercado, que é dívida líquida zero. Teremos em caixa o equivalente a nossa dívida financeira", disse ele, em teleconferência com jornalistas, acrescentando que a Gol não possui dívida com vencimento antes de 2015.
A Gol viu sua dívida crescer em meio ao aumento nos preços de combustíveis e em meio a compra da WebJet, cuja aquisição foi concluída no fim de 2011 com o pagamento de 70 milhões de reais e com a empresa assumindo dívidas de cerca de 200 milhões de reais.
Combustível e novos voos
Em meio a pressão das empresas aéreas por redução no ICMS sobre combustível de aviação sobre governos estaduais, o Distrito Federal anunciou a redução da alíquota de 25 para 12 por cento, mas segundo o presidente da Gol, Paulo Kakinoff, o impacto na empresa será de 8 milhões a 9 milhões de reais.
"A redução do ICMS em Brasília entra em vigor no final de junho. No caso da Gol, projetamos para o segundo semestre, entre 8 milhões e 9 milhões de reais advindos dessa medida", disse a jornalistas.
Segundo o diretor financeiro da empresa, Brasília representa 7 por cento da malha aérea da empresa, e acrescentou que pode reavaliar a quantidade de voos da Gol com origem e destino à capital brasileira após a mudança.
Em voos internacionais Kakinoff afirmou que a empresa deve lançar no segundo semestre novos voos para a América Central e América do Norte, após ter iniciado, no fim de 2012, voos para Miami e Orlando, nos Estados Unidos, e Santo Domingo, na República Dominicana.
"Temos a expectativa de ampliar os destinos no segundo semestre para a América Central e do Norte, mas no momento por questões estratégicas a gente não pode especificar quais seriam esses mercados".
Metas
Apesar das perspectivas positivas para o endividamento, a empresa encerrou o primeiro trimestre de 2013 com prejuízo de 75,3 milhões de reais 81,8 por cento acima do registrado no mesmo período de 2012.
A empresa evitou dar estimativas sobre quando voltará a dar lucros, mas manteve suas projeções para 2013, de crescimento igual ou acima de 10 por cento na receita por assento-quilômetro oferecido (RASK) e margem operacional entre 1 e 3 por cento. Porém, Lopes ressaltou que as perspectivas com a economia brasileira representam um risco.
"A curva de petróleo está mais baixa que 60 dias atrás e isso favorece companhias aéreas. Por outro lado, o PIB, se há 45 dias alguns ainda falavam em crescimento de 3 por cento, hoje ninguém fala disso, e esse é o nosso maior fator de risco para as metas".