Kirk Skaugen, vice-presidente de PC da Intel, transforma um Lenovo Yoga Ultrabook em um tablet na CES 2013 (Steve Marcus/Reuters)
Da Redação
Publicado em 17 de janeiro de 2013 às 12h44.
San Francisco - Os fabricantes de computadores pessoais, tentando combater a mania dos tablets que está reduzindo suas vendas, estão agora envolvidos naquele que pode ser seu último esforço para reconquistar os consumidores, e para isso estão tentando imitar os aparelhos rivais.
Muitos dos laptops que serão lançados no mundo nos próximos meses serão híbridos ou "conversíveis" - máquinas que alternam com facilidade as funções de tablet portátil e laptop pleno com teclado, dizem os analistas.
A onda dos híbridos chega no momento em que a Intel e a Microsoft, por muito tempo as duas líderes do setor de computadores, se preparam para anunciar resultados, nesta semana e na seguinte. Wall Street está prevendo pouco ou zero crescimento na receita das duas empresas, o que expõe os problemas de um setor que enfrenta dificuldades para inovar.
Em 2013, há quem esteja esperando que isso mude.
Com o lançamento Windows 8, sistema operacional da Microsoft que foi repaginado e agora opera também com telas de toque, em outubro, e de chips de menor consumo de energia pela Intel, os fabricantes de computadores estão tentando promover o crescimento ao concentrar sua atenção em laptops finos com telas de toque que podem ser convertidos em tablets, ou vice-versa.
A Microsoft, se expandindo para além de seu negócio tradicional de venda de software, deve lançar este mês o tablet "Surface Pro", compatível com o software para computadores que ela desenvolveu ao longo de décadas.
Esse é um importante argumento de vendas para clientes empresariais como a produtora alemã de software de gestão SAP, que planeja comprar o Surface Pro para os funcionários que assim desejem, disse Oliver Bussmann, vice-presidente de informação da companhia.
"O modelo híbrido é muito atraente para diversos usuários", disse Bussmann à Reuters na semana passada. "O iPad não vai substituir o laptop. É difícil criar conteúdo com ele. Esse é o nicho que a Microsoft quer ocupar. O Surface tem a capacidade de preencher essa lacuna".
O iPad da Apple começou a roubar demanda dos laptops em 2010, um ataque acelerado pelo lançamento do Amazon Kindle Fire e outros aparelhos equipados com o sistema operacional Google Android, como o Note, da Samsung Electronics.
Com as vendas de computadores caindo no ano passado pela primeira vez desde 2001, este ano pode ver um renascimento do design e da inovação, por parte de fabricantes que antes se concentravam em reduzir custos, em lugar de em adicionar novos recursos que atraiam os consumidores.
"As pessoas costumavam chegar à festa e se dar bem só porque o mercado não parava de crescer", disse Lisa Su, vice-presidente sênior da Advanced Micro Devices, concorrente da Intel. "Agora é mais difícil. Não basta ir à festa. É preciso inovar e oferecer algo especial".
Na feira Consumer Electronics Show, uma semana atrás em Las Vegas, os aparelhos exibidos pela Intel e outras empresas eram prova dos planos do setor de computadores de apostar nos laptops conversíveis.
Gerry Smith, presidente da Lenovo na América do Norte, disse à Reuters na semana que na temporada de festas sua companhia esgotou os estoques do "Yoga", um laptop com tela que pode ser inteiramente dobrada para trás do teclado, e do "ThinkPad Twist", outro laptop leve com uma tela flexionável.
A Intel mesma mostrou o protótipo de um laptop híbrido chamado "North Cape", uma tela fina de tablet afixada magneticamente a um discreto teclado. E a Asus mostrou um avantajado computador com tela de 18 polegadas e Windows 8 que também pode funcionar como um tablet acionado pelo Android.
Lenovo e Asus, que receberam críticas positivas aos seus lançamentos nos últimos meses, registraram crescimento de 14 e 17 por cento em seus embarques de PC no ano passado, respectivamente, de acordo com a Gartner.
"O número de sistemas únicos que nossos parceiros desenvolveram para o Windows quase dobrou desde o lançamento. Isso oferece uma indicação da inovação que vem acontecendo no mercado de computadores pessoais", disse Tami Reller, vice-presidente de finanças da divisão Windows da Microsoft, à Reuters.