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Gerdau compra parte de empresa especializada em construção modular

O aporte será aplicado na expansão da Brasil ao Cubo, construtech que entregou cinco hospitais em apenas 115 dias durante a pandemia

Construção modular off-site da Brasil ao Cubo: obras entregues numa velocidade quatro vezes maior do que a de um projeto convencional (Brasil ao Cubo/Divulgação)
GS

Gabriella Sandoval

Publicado em 13 de novembro de 2020 às 11h38.

Com o aporte de 60 milhões de reais, a Gerdau – maior produtora de aço entre as empresas brasileiras – passa a ter uma fatia de 33% de participação na Brasil ao Cubo (BR3), construtech sul-catarinense especializada na construção modular off-site. Nesse modelo construtivo, a obra é realizada em um parque fabril, com maior controle de processos e materiais, e depois levada ao terreno onde será implantada. Os outros dois terços permanecem, em sua maioria, com os sócios fundadores.

“Durante um longo período da minha vida, a Gerdau esteve presente em meus trabalhos. Estamos muito felizes e cientes de que cresceremos ainda mais com o time da Gerdau ao nosso lado”, afirma Ricardo Mateus, fundador e CEO da Brasil ao Cubo. No passado, Mateus desempenhou a função de soldador de estruturas metálicas na siderúrgica.

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A Brasil ao Cubo participou do programa de aceleração da Gerdau realizado em 2019, no qual a produtora de aço teve a oportunidade de contribuir para o desenvolvimento do modelo de negócios da construtech. Em meio ao processo de aceleração, a empresa registrou aumento expressivo de seu faturamento.

“Buscamos novos negócios para que, num futuro breve, alcancemos nosso objetivo principal: ter 20% das receitas da empresa provenientes de novos negócios relacionadas à cadeia do aço e adjacentes”, diz Gustavo Werneck, diretor-presidente da Gerdau.

Foi justamente durante o processo de aceleração que a Brasil ao Cubo alcançou 1.200% de crescimento com operações em 13 estados, muito além do registrado pelas outras empresas que passaram pelo programa. “Naquele ano, iniciamos um relacionamento muito bom e a Gerdau começou um processo de avaliação dos nossos números”, conta Mateus.

Hospitais em tempo recorde

No início deste ano, com a pandemia de covid-19, a Brasil ao Cubo participou da construção de hospitais permanentes em tempo recorde para suprir a demanda por leitos de internação para pacientes com a doença em São Paulo, no Rio Grande do Sul, no Distrito Federal e em Rondônia.

Ao todo, foram construídos cinco hospitais no parque fabril da empresa em Tubarão, no sul de Santa Catarina, em apenas 115 dias. Todos com o auxílio de parceiros, entre eles a própria Gerdau. “Essas construções permitiram à Gerdau avaliar e validar na prática nosso sistema construtivo”, aponta o CEO da Brasil ao Cubo.

Para Werneck, a ação reforçou o compromisso de aumentar a geração de valor para os clientes da empresa e de ter um papel ativo na oferta de soluções e produtos inovadores para as cadeias em que a Gerdau está presente. “Foram criados mais de 160 leitos que ficarão de legado à população. Além disso, a construção do hospital na capital gaúcha, em 30 dias, foi um recorde na história da construção hospitalar no Brasil.” Ao todo, a Brasil ao Cubo entregou cerca de 350 leitos, somando todos os hospitais construídos ao longo de 2020.

Centro de Tratamento de Combate ao Novo Coronavírus, anexo ao Hospital Independência, em Porto Alegre: a construção em 30 dias foi um recorde na história hospitalar no Brasil (Brasil ao Cubo/Divulgação)

Investimento em expansão

Desde sua fundação, em 2016, a Brasil ao Cubo fabricou mais de 500 módulos e realizou outras 150 obras. Agora, com o investimento da Gerdau, o processo de expansão ganhou ainda mais fôlego para um arrojado plano de expansão, que inclui a construção de um novo e estratégico parque fabril, aumentando sua capacidade produtiva e ampliando as operações para outros estados do país.

“A parceria também traz várias sinergias. Da gestão do negócio às novas instalações, tudo está alinhado aos conceitos de sustentabilidade e Indústria 4.0 da Gerdau, o que nos permitirá atender grande parte do mercado de construção modular no país, hoje estimado em 150 bilhões de reais”, analisa Ricardo Mateus. “Nossa perspectiva é dobrar o faturamento já em 2021.”

Com a participação na construtech, a Gerdau avança em sua tese de inovação do futuro da construção, na qual a companhia propõe contribuir para a redução de uma lacuna relevante de produtividade na indústria da construção, por meio da adoção de novos métodos e tecnologias, trazendo celeridade ao desenvolvimento do setor da construção metálica, que hoje ainda representa uma pequena parcela do mercado de construção civil no país. “Acreditamos muito no potencial da Brasil ao Cubo e na capacidade de inovação e realização de seus empreendedores, que constantemente propõem soluções mais eficientes e sustentáveis”, afirma Juliano Prado, vice-presidente da Gerdau.

Método inovador

A técnica de construção modular off-site da Brasil ao Cubo permite entregar obras em caráter definitivo e com velocidade quatro vezes maior do que um projeto comum, em média, reduzindo desperdícios e custos e aproveitando melhor os espaços.

Além disso, a construção é mais sustentável, pois o aço utilizado nas estruturas é reciclável, a obra não utiliza água, as paredes das estruturas possuem tratamento técnico padrão, o que economiza na climatização, os materiais remanescentes das obras são reutilizados em outras construções e é possível acoplar um sistema de captação de água da chuva e painéis solares e fotovoltaicos.

Tamanha agilidade na entrega só é possível graças ao modelo construtivo utilizado pela Brasil ao Cubo: a construção modular off-site, ou seja, fora do canteiro de obras. Quase 100% da edificação é feita no parque fabril da construtech e transportada em “fatias” ao local de destino, onde ocorre a acoplagem das partes (módulos) sobre a fundação.

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