Galvão demite 700 em obra de ferrovia
Sem receber do governo nos últimos meses por causa do ajuste fiscal, alguns consórcios ameaçam desmobilizar os canteiros de obras do Fiol
Da Redação
Publicado em 20 de março de 2015 às 09h06.
São Paulo - Os atrasos de pagamento da estatal Valec , ligada ao Ministério dos Transportes , ameaçam o andamento da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), na Bahia.
Sem receber do governo nos últimos meses por causa do ajuste fiscal imposto pelo Ministério da Fazenda, alguns consórcios ameaçam desmobilizar os canteiros de obras e demitir os funcionários do projeto - que vai ligar Barreiras, no oeste da Bahia, até Ilhéus, no litoral, inaugurando uma nova rota de exportação.
A primeira a abrir caminho para a redução do ritmo das obras foi a Galvão Engenharia - empresa envolvida na Operação Lava Jato e que passa por sérias dificuldades de caixa.
Entre segunda, 16, e terça-feira, 17, a empreiteira demitiu 700 funcionários que trabalhavam nos 100 quilômetros entre as cidades de Manuel Vitorino, Jequié, Itagi e Aiquarara, na Bahia.
Até o fim do ano passado, a empresa mantinha no canteiro de obras da ferrovia 1.500 funcionários. Mas, segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada da Bahia (Sintepav/PA), na semana passada esse número já estava em 848 trabalhadores - ou seja, com as demissões desta semana, o número cai para 148.
Segundo o vice-presidente do sindicato, Irailson Warneaux, a decisão da Galvão pode se espalhar pelos demais canteiros de obras do empreendimento, que até semana passada contava com 5.868 funcionários.
"Alguns consórcios já disseram que, se a Valec não regularizar a situação, vão ter de demitir", afirma Warneaux. A construção da ferrovia está dividida em oito lotes, entre Barreiras e Ilhéus, na Bahia, num total de 1.022 quilômetros.
A Constran, responsável pelo lote 6, confirmou em nota que, por causa dos atrasos nos pagamentos, teve de reduzir o ritmo das obras, mas que ainda continua com o mesmo número de funcionários.
"Os trabalhadores estão realizando apenas atividades secundárias e de manutenção."
Warneaux afirma que, nesta fase do projeto, a ferrovia já deveria estar com 8 mil trabalhadores - e não os 5.868 registrados até semana passada.
"Já tivemos mais de 4 mil demissões no estaleiro (Enseada Paraguaçu). Se não resolverem a situação aqui, teremos mais 5 mil", afirma o sindicalista, alertando para graves problemas sociais na região por causa do desemprego.
Ontem houve paralisação nas obras da ferrovia como forma de protesto para que o governo - tanto o federal como o estadual - dê mais atenção ao empreendimento.
Em nota, a Valec reconheceu o problema, mas disse que ele está sendo solucionado dentro das condições impostas pelo governo federal. "Os pagamentos estão sendo regularizados dentro do limite disponibilizado pelo Tesouro Nacional. Aguarda-se a publicação da Lei Orçamentária Anual e do respectivo decreto de programação financeira/2015, onde serão definidos os limites para empenho e cronograma financeiro de desembolso para o corrente ano."
Os dois fatores juntos, atraso nos pagamentos pelo governo federal e impactos da Lava Jato no caixa das empresas, têm sido responsáveis por milhares de demissões Brasil afora.
Só a Galvão Engenharia já demitiu neste ano 9 mil funcionários. Nesta semana, a previsão é dispensar 2 mil funcionários nas obras que a empreiteira esta tocando.
Além da Fiol, a Galvão não está conseguindo dar andamento às obras da BR-153, concessão vencida pela empresa em 2013. A empresa alega que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não liberou o empréstimo-ponte previsto e não tem dinheiro para fazer a duplicação de 10% do trecho da rodovia exigida no contrato de concessão antes de iniciar a cobrança de pedágio.
No mercado, a informação é que a empresa está prestes a entrar com pedido de recuperação judicial. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
São Paulo - Os atrasos de pagamento da estatal Valec , ligada ao Ministério dos Transportes , ameaçam o andamento da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), na Bahia.
Sem receber do governo nos últimos meses por causa do ajuste fiscal imposto pelo Ministério da Fazenda, alguns consórcios ameaçam desmobilizar os canteiros de obras e demitir os funcionários do projeto - que vai ligar Barreiras, no oeste da Bahia, até Ilhéus, no litoral, inaugurando uma nova rota de exportação.
A primeira a abrir caminho para a redução do ritmo das obras foi a Galvão Engenharia - empresa envolvida na Operação Lava Jato e que passa por sérias dificuldades de caixa.
Entre segunda, 16, e terça-feira, 17, a empreiteira demitiu 700 funcionários que trabalhavam nos 100 quilômetros entre as cidades de Manuel Vitorino, Jequié, Itagi e Aiquarara, na Bahia.
Até o fim do ano passado, a empresa mantinha no canteiro de obras da ferrovia 1.500 funcionários. Mas, segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada da Bahia (Sintepav/PA), na semana passada esse número já estava em 848 trabalhadores - ou seja, com as demissões desta semana, o número cai para 148.
Segundo o vice-presidente do sindicato, Irailson Warneaux, a decisão da Galvão pode se espalhar pelos demais canteiros de obras do empreendimento, que até semana passada contava com 5.868 funcionários.
"Alguns consórcios já disseram que, se a Valec não regularizar a situação, vão ter de demitir", afirma Warneaux. A construção da ferrovia está dividida em oito lotes, entre Barreiras e Ilhéus, na Bahia, num total de 1.022 quilômetros.
A Constran, responsável pelo lote 6, confirmou em nota que, por causa dos atrasos nos pagamentos, teve de reduzir o ritmo das obras, mas que ainda continua com o mesmo número de funcionários.
"Os trabalhadores estão realizando apenas atividades secundárias e de manutenção."
Warneaux afirma que, nesta fase do projeto, a ferrovia já deveria estar com 8 mil trabalhadores - e não os 5.868 registrados até semana passada.
"Já tivemos mais de 4 mil demissões no estaleiro (Enseada Paraguaçu). Se não resolverem a situação aqui, teremos mais 5 mil", afirma o sindicalista, alertando para graves problemas sociais na região por causa do desemprego.
Ontem houve paralisação nas obras da ferrovia como forma de protesto para que o governo - tanto o federal como o estadual - dê mais atenção ao empreendimento.
Em nota, a Valec reconheceu o problema, mas disse que ele está sendo solucionado dentro das condições impostas pelo governo federal. "Os pagamentos estão sendo regularizados dentro do limite disponibilizado pelo Tesouro Nacional. Aguarda-se a publicação da Lei Orçamentária Anual e do respectivo decreto de programação financeira/2015, onde serão definidos os limites para empenho e cronograma financeiro de desembolso para o corrente ano."
Os dois fatores juntos, atraso nos pagamentos pelo governo federal e impactos da Lava Jato no caixa das empresas, têm sido responsáveis por milhares de demissões Brasil afora.
Só a Galvão Engenharia já demitiu neste ano 9 mil funcionários. Nesta semana, a previsão é dispensar 2 mil funcionários nas obras que a empreiteira esta tocando.
Além da Fiol, a Galvão não está conseguindo dar andamento às obras da BR-153, concessão vencida pela empresa em 2013. A empresa alega que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não liberou o empréstimo-ponte previsto e não tem dinheiro para fazer a duplicação de 10% do trecho da rodovia exigida no contrato de concessão antes de iniciar a cobrança de pedágio.
No mercado, a informação é que a empresa está prestes a entrar com pedido de recuperação judicial. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.