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Gafisa consegue nova injeção de capital de acionistas

Com o dinheiro que será obtido com a capitalização e a emissão de dívida, a Gafisa quer se reerguer

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Gafisa (GFA): passando por reestruturação (Alexandre Battibugli/EXAME.com/Site Exame)

Gafisa (GFA): passando por reestruturação (Alexandre Battibugli/EXAME.com/Site Exame)

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Denyse Godoy

Publicado em 15 de abril de 2019 às, 13h25.

Última atualização em 16 de abril de 2019 às, 08h22.

Depois de ter perdido espaço para as concorrentes, de ter visto o seu valor na bolsa desabar e de ter as suas operações colocadas de cabeça para baixo durante a gestão de um sócio briguento, a construtora Gafisa conseguiu nesta segunda-feira um voto de confiança dos seus investidores para tentar se reerguer. Os acionistas que participaram de de sua assembleia geral extraordinária – representando cerca de 40% do total – toparam injetar mais capital na companhia e também autorizaram que a empresa pegue mais dinheiro emprestado no mercado para uma reestruturação das suas atividades.

“Os investidores mostraram que estão animados com os planos para a companhia. Seguimos realizando nossas obras e em processo de recuperação de credibilidade”, disse o presidente da Gafisa, Roberto Luz Portella, em entrevista a jornalistas após a assembleia. “Não podemos errar. Já houve erros demais na história da Gafisa.”  

O aporte vai ser feito por meio de um aumento de capital com a emissão de até 26 milhões de novas ações. No início da tarde desta segunda-feira, o papel da Gafisa era negociado em baixa de 1,8% na B3, vendido a 7,68 reais. Os atuais acionistas terão preferência para comprar mais papéis, na proporção da sua atual participação.

A partir de um laudo da consultoria de investimentos Eleven Financial Research, o conselho de administração da Gafisa vai decidir e anunciar até esta terça-feira o preço de venda dessas novas ações, e os investidores terão 30 dias para a subscrição.

O montante de 26 milhões de ações é o máximo possível de ser emitido agora de acordo com o estatuto da construtora, que permite que a Gafisa tenha até 71 milhões de ações em circulação – atualmente, já existem 45 milhões de papéis no mercado.

Na assembleia de hoje, seria votada também uma alteração no regulamento para permitir que o capital fosse ampliado para até 120 milhões de ações, mas o quórum mínimo exigido para essa modificação não atingido. Assim, foi convocada uma nova assembleia para o dia 23 de abril na qual uma capitalização adicional será votada com qualquer quórum.

Além dessa injeção de recursos dos acionistas, a Gafisa vai poder captar no mercado local ou no exterior até 150 milhões de dólares com debêntures conversíveis em ações.

A reorganização da Gafisa começa com uma profunda revisão da sua história recente. Segundo Portella, a construtora estuda medidas judiciais para reexaminar ações tomadas pela GWI entre outubro do ano passado e fevereiro de 2019, quando executivos ligados à gestora de investimentos comandaram a construtora.

A GWI é controlada pelo coreano Mu Hak You, um investidor conhecido pelo perfil ousado: ele pega dinheiro emprestado para comprar ações de empresas em dificuldades até se tornar um sócio relevante e conseguir influenciar nas decisões da empresa.

Em sua breve passagem pela Gafisa, a equipe de You ordenou a suspensão dos pagamentos a fornecedores e determinou a revisão de contratos no valor de quase 80 milhões de reais nas áreas de marketing e tecnologia da informação, quando, segundo pessoas próximas, descobriu que alguns prestadores de serviço e vendedores de material de construção pagavam uma “comissão” a executivos da Gafisa.

Demitiu aproximadamente 20 funcionários no início de 2019. A reviravolta causou muita desconfiança tanto no setor de construção como no mercado financeiro, e as ações da companhia acumulam perda de 31% de outubro para cá.

A separação da construtora voltada à baixa renda Tenda, no final do primeiro semestre de 2017, também será revista pelo novo comitê de auditoria da Gafisa. “Existem indícios de que essa transação foi uma fraude”, disse, na entrevista aos jornalistas, Aurélio Valporto, presidente da Associação dos Investidores Minoritários (Aidmin), que representa alguns acionistas da Gafisa. Valporto não deu detalhes das suspeitas.

A Tenda foi cindida nove anos depois de ter sido comprada pela Gafisa em meio aos esforços da construtora para melhorar sua situação financeira. Com uma dívida de 1,9 bilhão de reais em 2015, a Gafisa tomou a decisão de encolher drasticamente as atividades para voltar a parar de pé.

Desde então, diminuiu seus lançamentos de prédios em um terço. Portella admitiu hoje que a Gafisa pode voltar a atuar no segmento de baixa renda, que contempla o programa Minha casa, Minha Vida.

A Gafisa vai contratar consultorias de gestão de negócios para ajudar na reestruturação e no estabelecimento de um novo modelo de negócio. A americana Bain & Company e a brasileira Falconi são as favoritas para o trabalho. O novo conselho de administração, aprovado hoje pelos acionistas, quer participar mais de perto das decisões da diretoria.

Entre os novos conselheiros está o ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social Demian Fiocca e o investidor Nelson Tanure. De acordo com Portella, existe a expectativa de que Tanure aumente a sua participação na Gafisa, que atualmente é de apenas 500 ações.

A gestora de investimentos Planner Redwood pode reduzir a sua fatia, que é de atualmente 18,5%, cedendo parte dos seus direitos de subscrição para Tanure. A GWI não tem mais nenhuma ação na Gafisa, segundo Portella.

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